Seu carro elétrico sozinho não vai salvar o mundo
Carro elétrico é eficiente, mas precisa de muito para ser relevante na redução das emissões de gases poluentes. Entenda!
Atualmente, o carro elétrico está ganhando cada vez mais popularidade no mundo como uma alternativa mais sustentável aos veículos movidos a combustíveis fósseis.
O carro elétrico pode “salvar o mundo”?
Com sua tecnologia avançada para reduzir as emissões de carbono, muitos acreditam que os eletrificados sejam a solução definitiva para reduzir a poluição do ar.
No entanto, é importante entender que os carros elétricos não são a única resposta e que há ainda uma série de fatores a serem alinhados para torná-los ainda mais eficientes do ponto de vista sustentável.
Embora os carros elétricos sejam uma opção mais ecológico quando comparados aos movidos a gasolina, por exemplo, eles não são isentos de impactos ambientais.
Um recente estudo da Stellantis mostrou que o etanol brasileiro emite menos carbono que o eletrificado europeu. Na ocasião, um veículo percorreu 240,49 km e foram obtidos os seguintes resultados de emissões de CO2:
- Gasolina (E27): 60,64 kg CO2eq
- 100% elétrico (BEV) com energia europeia: 30,41 kg CO2eq
- Etanol (E100): 25,79 kg CO2eq
- 100% elétrico (BEV) com energia brasileira: 21,45 kg CO2eq
Já o carro elétrico brasileiro polui ainda menos. O motivo é de onde a energia vem. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, mais de 85% da nossa matriz elétrica vem de fontes renováveis, como hidrelétricas. Enquanto na Europa, a maior parte dessa energia vem de termelétricas.
Em outras palavras, os europeus queimam carvão para mover seus veículos elétricos. Não faz muito sentido se a ideia é reduzir a potencial emissão de carbono.
Além disso, temos a questão da produção em larga escala de bateria de íons de lítio que são usadas em carros elétricos, que requer a extração de recursos naturais como lítio e cobalto que nem sempre podem ser provenientes da reciclagem.
Processo de fabricação também precisa de adaptações
O professor de engenharia elétrica da FEI, Fabio Delatore, ressalta que o processo de produção é quase o mesmo de um carro a combustão, de modo a emitir a mesma quantidade de poluentes nas indústrias durante esse processo.
Para a emissão de poluentes de um veículo elétrico ter um saldo menor ao de um equivalente a combustão, considerando o processo de fabricação mais o uso nas ruas, é necessário um ciclo de 100 mil quilômetros rodados.
Nesse sentido, é importante desenvolver métodos de produção menos poluentes, que utilizam componentes feitos de materiais reciclados. Trata-se de um setor muito promissor, mas que ainda precisa se adequar para efetivamente usar o apelo da sustentabilidade.
Além disso, é necessário adotar uma abordagem abrangente que inclua mudanças nos setores de transporte, energia e estilo de vida, além de investir em tecnologias mais limpas e sustentáveis.
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.