Stellantis lança plataforma para desenvolver carro híbrido nacional a etanol
A Stellantis lançou uma plataforma para desenvolver um carro híbrido nacional que combine motor a etanol e eletrificação.
A Stellantis trabalha a opção estratégica de desenvolver no Brasil soluções, tecnologias e componentes para um carro híbrido nacional que combine motor a etanol e eletrificação. Para organizar esse plano, a montadora lançou a plataforma Bio-Electro como o seu novo caminho para a mobilidade sustentável no País.
Saiba mais sobre a plataforma do carro híbrido nacional a etanol da Stellantis
A Stellantis afirma que busca “a múltipla matriz energética, a fim de aproveitar as vantagens competitivas regionais para tornar a propulsão mais limpa e eficiente”. A análise regionalizada mostra que a necessidade de descarbonização do Brasil se dá em uma realidade específica e distinta de outras regiões do planeta.
Na Europa, a descarbonização da indústria automotiva é baseada em uma rota tecnológica de eletrificação em função das próprias condições europeias. A matriz energética local tem grande participação dos combustíveis fósseis, o que impõe limitações às opções de descarbonização, levando à opção imediata pela mobilidade eletrificada. “O custo financeiro deste caminho é elevado”, afirma a empresa, que emenda:
“A realidade brasileira é diferente. Nossa matriz energética é mais sustentável, devido ao uso de biocombustíveis e da geração de energia elétrica por meios renováveis. “Essa característica abre para o País um leque de opções de soluções de mobilidade, em condições privilegiadas. O etanol é um forte aliado na redução das emissões de CO2 no Brasil. Sua combinação com a eletrificação pode ser uma alternativa competitiva de transição para a difusão da eletrificação a preços acessíveis, além da capacidade de a empresa atingir as metas de emissões.”
Quando considerado no conceito well-to-wheel (do poço à roda ou, no caso, do campo à roda), o etanol é altamente eficiente quanto às emissões, porque a cana-de-açúcar, em seu ciclo de desenvolvimento vegetal, absorve de 70% a 80% do CO2 liberado na produção e na queima do etanol combustível.
O Brasil tem quatro décadas de acúmulo de tecnologia nessa área e intensificar o uso do etanol é “uma decisão inteligente”, segundo a Stellantis. A combinação do etanol com a eletrificação em motores híbridos é uma alternativa adequada para o País como transição para uma mobilidade sustentável de baixo carbono, pois permitirá o acesso de faixas maiores do mercado consumidor a tecnologias de baixa emissão.
“Os elétricos, embora sejam eficientes no processo de descarbonização, têm um custo muito elevado, que impede sua aquisição por amplas faixas de consumidores. A solução 100% elétrica ainda não tem a escala necessária e precisa ser desenvolvida e aprimorada, para que possa entrar como alternativa de massa em uma estratégia efetiva de descarbonização em um país em desenvolvimento com características de renda como as do Brasil”, defende a Stellantis em nota à imprensa.
No Brasil, a empresa já oferece uma ampla gama de modelos elétricos e eletrificados, abrangendo carros de passeio e veículos comerciais leves: Fiat 500e, Peugeot e-208GT, Peugeot e-2008, os furgões Citroën Ë-Jumpy, Peugeot e-Expert e Fiat e-Scudo, e o Jeep Compass 4xe híbrido plug-in.
A montadora diz que não se trata de contrapor descarbonização e eletrificação. A descarbonização é o resultado desejado e necessário, enquanto a eletrificação é um dos caminhos para se alcançar a descarbonização da mobilidade. “O emprego do etanol combinado com eletrificação é o caminho mais rápido e viável do ponto de vista social, econômico e ambiental para uma crescente eletrificação da frota brasileira”, pontua a Stellantis.
A plataforma Bio-Electro será apoiada em três pilares:
- Academy – abrange informação, formação e recrutamento;
- Lab – incubação de ideias e desenvolvimento de ecossistema;
- Tech – a materialização de soluções, da inovação e da localização da produção.
A Bio-Electro articula em torno da Stellantis um grande conjunto de parcerias estratégicas, visando acelerar o desenvolvimento e implementação de novas soluções de motopropulsão e de descarbonização da mobilidade. “Seu grande objetivo estratégico é nacionalizar soluções, tecnologia e produção, impulsionando uma onda setorial de reindustrialização”, afirma a montadora.
Testes comparativos justificam a opção
A Stellantis simulou em teste dinâmico um veículo quando alimentado com quatro fontes distintas de energia, a fim de mensurar a emissão total de CO2 em cada situação. O automóvel foi abastecido com etanol e comparado em tempo real com a mesma situação de rodagem em três alternativas: com gasolina tipo C (E27); 100% elétrico (BEV), abastecido na matriz energética brasileira, e 100% elétrico (BEV) abastecido na matriz energética europeia.
Na comparação, foram utilizadas metodologia e tecnologia de conectividade desenvolvidas pela Bosch, que consideram não apenas a emissão de CO2 associada à propulsão, mas as emissões correspondentes a todo o ciclo de geração e consumo da energia utilizada. É o conceito well-to-wheel.
Durante o teste comparativo realizado no simulador, o veículo percorreu 240,49 km e foram obtidos os seguintes resultados de emissões de CO2 equivalente durante o trajeto:
- Gasolina (E27) – 60,64 kg
- 100% elétrico (BEV) com energia europeia – 30,41 kg
- Etanol (E100) – 25,79 kg
- 100% elétrico (BEV) com energia brasileira – 21,45 kg
“Os resultados comprovam as vantagens comparativas da matriz energética brasileira, principalmente a importância dos biocombustíveis para uma mobilidade mais sustentável”, analisa Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul.
Quando considerado o saldo total de emissões de todo o ciclo energético, o veículo movido a etanol apresenta vantagens inclusive em comparação com um veículo elétrico a bateria abastecido com energia gerada na Europa, consideradas as características da matriz energética europeia.
Quando comparado à gasolina, o etanol se destaca ainda mais. O saldo final mostra que, na comparação entre os dois combustíveis, o uso do etanol evitou a emissão de 34,85 kg de CO2eq no trajeto. Dessa forma, o etanol reduz mais de 60% a pegada de carbono.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.