Vida de dublê: como são feitas as cenas de ação com veículos

No Brasil, o mercado de dublês profissionais não é tão amplo como nos grandes pólos cinematográficos, por exemplo, Estados Unidos e Canadá. Entretanto, alguns profissionais dedicam seu tempo para participar de cenas radicais e, em um “dia normal de trabalho”, viver a adrenalina de capotar um carro, participar de uma perseguição ou sofrer um acidente.

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Por atuarem em uma área que ainda não tem muitos investimentos para grandes produções, o trabalho dos dublês brasileiros se torna um pouco mais complicado. “Normalmente, os projetos têm uma verba limitada, e isso significa que não podemos errar, pois só temos um automóvel à disposição. Diferentemente de Hollywood (EUA), se a cena der errado, e o carro ficar destruído, não tem como refazer, então tudo precisa de muito planejamento para acertarmos sempre de primeira”, explicou José Ricardo Matos, dublê profissional da Dublê Car, de Brasília, no Distrito Federal.

Apesar de ainda pouco difundidas por aqui, as filmagens de ação envolvendo carros e motos até que estão aparecendo com um pouco mais de frequência na programação brasileira, inclusive em novelas. “Fazemos muitas cenas com precisão em filmes publicitários de marcas automotivas. Também aparecem solicitações de acidentes envolvendo veículos como colisões, atropelamentos e capotagens”, afirma Agnaldo Bueno, coordenador de ação e dublê profissional.

Segurança

Por ser um trabalho arriscado, os veículos usados pelos dublês precisam de alguns cuidados especiais. “Os mais modernos contam com sistemas antiderrapagens, o que atrapalha na hora da cena, então, são modificados freios e suspensão para que seja possível uma performance cinematográfica”, conta Bueno

Em casos de capotagens, os carros são equipados com gaiolas de ferro e banco em estilo concha. Dependendo do foco da filmagem, o dublê também usa acessórios de segurança e capacete. Além disso, utilizá-se a menor quantidade de combustível possível, e ainda modificá-se o tanque, para evitar incêndios pós-capotagem.

Durante as cenas, os dublês ficam presos com cintos de segurança de cinco pontos. O sistema é muito importante para garantir a integridade dos pilotos em cenas mais radicais. “Uma vez fiz uma cena bem complexa para o filme ‘Ratão’. Saltei de um viaduto a bordo do Chevrolet Opala, só que como eu não estava com a cabeça bem presa, tive uma lesão na coluna e fiquei muito debilitado por alguns meses”, relembra Matos.

Treinamento

“Cada piloto (dublê) tem o seu próprio estilo e treinamento. Não tem uma regra, tem que dominar a máquina e ter nascido com o dom. Também é preciso estar ciente de que os treinos são constantes e podem ocorrer muitos acidentes e prejuízos”, entrega Bueno.

No caso de Matos, ele revela que entrou para esse mundo porque curtia a adrenalina. “Quando comecei a dirigir, eu adorava correr, fazer manobras e tirar uns pegas. Como isso tudo é proibido, decidi ser dublê para legalizar o que eu gostava de fazer. Comecei a treinar e hoje sou recordista no quesito salto de carro em movimento. Pulei de um que estava a 260 km/h”, complementa.

Para quem deseja ingressar nessa carreira, existem empresas especializadas em cursos. A Dublê Car é uma delas. Em São Paulo, é possível optar pela Águias de Fogo ou pela No Limits Dublês, que se programa para abrir uma nova turma em março. Informações sobre preço e conteúdo são informados sob consulta.

A reportagem acima foi publicada originalmente em 2016.

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Maria Beatriz Vaccari
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Maria Beatriz Vaccari

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