Transmissões automáticas são bem diferentes das automatizadas

Mais baratas, elas não proporcionam o mesmo conforto na hora de trocar a marcha

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Carros com câmbio automatizado custam menos que os automáticos | Foto: Divulgação

Easytronic (Chevrolet), I-Motion (Volkswagen), Dualogic (Fiat)… independentemente da nomenclatura utilizada pelas montadoras, o fato é que os câmbios automatizados são elementos já presentes em uma extensa gama de automóveis à venda no País. Só que nem sempre eles agradam os motoristas. O que acontece é que este tipo de equipamento não proporciona a mesma suavidade na troca de marchas que as transmissões automáticas, e muitos ainda dão um desagradável “tranco” no momento da mudança.

Isso se deve ao fato de o sistema ser parecido com o de um automóvel manual, mas sem a necessidade do motorista efetivamente trocar a marcha. “Se desmontarmos dois automóveis, um manual e um automatizado, iremos encontrar embreagem com platô, disco e outras peças em ambos”, afirma Leandro Perestrelo, engenheiro mecânico e membro da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).

Agora você deve estar se perguntando: “Então quer dizer que automatizada não é automática?” A resposta é sim e não. Do ponto de vista da condução, o sistema realiza a função de troca de velocidades sem qualquer esforço do motorista, mas na análise do hardware, ele realmente é mais parecidos com os manuais do que com os automáticos.

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Como funcionam

No câmbio automatizado há um atuador na embreagem e na alavanca, fazendo com que, como explica Perestrelo, “a unidade de controle receba uma série de sinais e, então, decida o que fazer (mudar da primeira para a segunda marcha ou reduzir, por exemplo”. Por conta da central eletrônica utilizada neste sistema, que monitora a aceleração e a frenagem do carro, quando é detectada a necessidade da troca de marchas, ela aciona sozinha a embreagem automática. Com isso, o motorista acaba sentindo os mesmos efeitos de dirigir um automóvel manual, mas com algumas regalias.

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Câmbio automático proporciona mais conforto na condução | Foto: Divulgação

As transmissões automáticas, por sua vez, são compostas por conjuntos de peças mais extensos e que desempenham uma função mais complexa. Não há embreagem propriamente dita, mas sim um conversor de torque que o transmite para o motor de forma ininterrupta.

Para entender melhor como isso funciona, o engenheiro da SAE Brasil explica o seguinte: “Em um veículo manual, ao pisar no pedal da embreagem, o motorista interrompe o envio de torque para o motor, ação necessária para o uso do câmbio. Já no automático, a troca de marchas é feita por vários conjuntos de embreagem de freios que permitem que o torque entre na transmissão sempre”. Dessa forma, a força chega na roda o tempo todo. Por isso não há ‘tranco’ na hora de mudança e, consequentemente, a condução fica suavizada.

Automáticos e automatizados usados são mau negócio: verdade ou mito?

A reportagem do Garagem 360 entrou em contato com algumas concessionárias no estado de São Paulo e escutou delas que não há evidência de que a compra de veículos com câmbios automáticos ou mesmo automatizados pode gerar dores de cabeça ao consumidor. “Todos os carros dão problema se forem mau utilizados”, foi o que a maioria dos funcionários das empresas disse.

Segundo Perestrelo, que também é membro da comissão técnica de transmissões da SAE Brasil, o que acontece é que o comprador não sabe todo o histórico do automóvel. “Não dá para ter conhecimento exato de tudo o que aconteceu com o carro. Se a troca de óleo foi regular, se ele recebeu manutenção adequada, se o seu uso foi coerente…”, diz o engenheiro.

Para o especialista, essa história de que os usados automáticos são mau negócio pode ser explicada no preço e na dificuldade de encontrar mão de obra especializada para realizar reparos neste tipo de câmbio. “As peças geralmente são importadas. E, se o consumidor mora em uma cidade pequena, dificilmente encontrará profissionais que saibam manejá-las. É diferente da transmissão manual que tem engenharia menos complexa”, finaliza.

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Rodrigo Loureiro
Escrito por

Rodrigo Loureiro

Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.

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