Testamos: novo Peugeot 208 agrada pela dinâmica e surpreende pelo motor

A segunda geração do Peugeot 208 foi o principal lançamento da marca em 2020. Produzido na Argentina, o hatch chegou ao Brasil com visual alinhado com a Europa e com a promessa de uma versão elétrica – que ainda não teve a venda iniciada. Porém, a decisão da marca em manter o motor 1.6 aspirado de 118 cv deu o que falar. Até hoje há quem critique a opção da empresa francesa, pois havia a expectativa do uso de um propulsor turbinado e mais moderno.

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Para conhecer melhor o carro, o Garagem360 testou por uma semana a versão Griffe do 208. Ocupando o posto de mais cara da gama, ela oferece todos os equipamentos disponíveis para a versão flex do hatch por R$ 96.990.

Novo Peugeot 208: surpreendente ao volante

O conjunto mecânico do carro já era um velho conhecido meu. Ele estava presente no Citroën C3 e no 208 da geração passada, que foram avaliados há cerca de três anos. Como não houve nenhuma mudança significativa no propulsor, não esperava por grandes surpresas. Acontece que o hatch da Peugeot acabou surpreendendo, sim. É verdade que o arranque do novo 208 não é tão ágil quando comparado aos concorrentes turbinados, como o VW Polo, o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20. Mas ele está longe de ser lerdo. O desempenho sobe conforme o giro do motor cresce e embala o carro.

Evidentemente que, caso fosse um propulsor mais moderno, é possível que o 208 tivesse uma performance ainda melhor. Entretanto, para o que se propõe, ele vai bem. Como estava abastecido com gasolina, o hatch entregava 115 cv (ante 118 cv com etanol). De qualquer forma, esses três cavalos não fizeram tanta falta.

Se o desempenho pode ser considerado agradável – ou dentro da expectativa –, o acerto da direção e do conjunto de suspensão é digno de elogios. Ao volante, o carro demonstra reações precisas e confortáveis. Até remete a carros esportivos, por mais que essa não seja a pretensão. É agradável dirigir o novo 208, pois o carro transmite segurança. A suspensão não é nem dura e nem macia demais. Dessa forma, quem está a bordo tem uma junção de conforto e estabilidade, o que coloca o hatch como um dos melhores do segmento nesse sentido.

Espaço para quem não precisa de muito

Com 4,05 m de comprimento e 2,53 de distância entre-eixos, o 208 tem uma carroceria compacta e que impacta em seu espaço interno. Na frente, os ocupante vão bem, mas atrás um adulto com mais de 1,75 m acaba tendo pouco espaço para as pernas. Se a pessoa tiver mais de 1,80, o teto baixo também se torna um problema para a cabeça. O porta-malas é outro ponto que deixa a desejar, já que a capacidade é de apenas 265 litros.

Se espaço não é o ponto forte do interior, o acabamento e os equipamentos do Peugeot compensam. São seis airbags, chave presencial e partida por botão, câmera de ré com visão 180º, sensores de chuva e crepuscular, alerta de colisão, frenagem de emergência automática, alerta e correção de mudança de faixa e sistema de reconhecimento de placas de velocidade.

Há também direção elétrica e ar-condicionado digital automático. E por falar no sistema de ar, o acionamento dele é um dos pontos que considerei mais críticos do 208. A escolha da temperatura e velocidade é feita na tela da central multimídia. Dessa forma, o motorista precisa desviar o olhar para configurar o ar. Nesse caso, ainda considero o acionamento por um botões no painel melhor, pois não é preciso tirar os olhos da direção, basta apenas usar o tato para realizar a regulagem.

Talvez a Peugeot tenha feito essa escolha tecnológica para abrir espaço na seção central do painel. Nesse sentido, deu certo, já que há um porta-objetos na parte inferior e um compartimento fechado acima que até carrega o celular de modo wireless. Se a central multimídia oferecesse conexão sem fio com Android Auto ou Apple CarPlay, o smartphone poderia ficar guardado enquanto o espelhamento era feito. Porém, como essa é a mesma central que era oferecida na geração anterior, a conexão precisa ser realizada via cabo.

Veredito

Assim como qualquer carro novo, é difícil achar que o preço pedido pelo modelo está justo, já que todo o mercado tem sofrido com altas nos valores. Entretanto, o novo 208 oferece um conjunto moderno e agradável ao volante, embora seja puxado por um motor 1.6 que já tem quase 20 anos de estrada. Por mais que não seja um conjunto mecânico ruim, e tenha encerrado o teste com média de 9 km/l na gasolina (rodando a maior parte do tempo na cidade), o hatch merecia uma solução mais atual, principalmente na versão mais cara.

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Isso pode mudar em breve, já que a fusão da FCA com a PSA pode fazer com que os carros da Peugeot utilizem os novos motores turbo que estão sendo desenvolvidos por Fiat e Jeep. Talvez seja essa a justificativa para a não tropicalização do motor 1.2 turbo utilizado pelo 208 na Europa. Afinal, não faz sentido investir em um novo propulsor se já há uma família de motores sendo desenvolvida pelas marcas que agora compõem a Stellantis.

Porém, como essas mudanças nos motores são apenas suposições, o que resta é trabalhar com o cenário atual. E ele mostra que o 208 é sim um bom carro, principalmente ao volante. O design é bonito, há bons equipamentos – inclusive o painel de instrumentos digital em 3D, que entrega um visual moderno e boa leitura. Poderia ter um conjunto mecânico mais atual na versão flex, mas não faz feio em desempenho e nem deixa a desejar em consumo.

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Peugeot 208 Griffe 1.6 AT6

Motorização: 1,6l 16 válvulas 118 cv/115 cv a 5.750 RPM (etanol/gasolina)

Torque máximo líquido: 15,5 kgfm/15,4 kgfm a 4 mil RPM (etanol/gasolina)

Transmissão: automática de seis marchas

Dimensões: 4,05 m x 1,73 m x 1,45 m (comprimento x largura x altura)

Distância entre eixos: 2,53 m

Peso em ordem de marcha: 1.252 kg

Tanque de combustível: 47 L

Consumo etanol (Conpet/Inmetro): 7,5 km/l (cidade) / 9 km/l (estrada)

Consumo gasolina (Conpet/Inmetro): 10,9 km/l  (cidade) / 13,1 km/l (estrada)

Porta-malas: 265 L

Preço: R$ 96.990

Pontos positivos: design moderno, equipamentos e dirigibilidade

Pontos negativos: espaço traseiro, acionamento do sistema do ar-condicionado e conjunto mecânico que poderia ser mais atual

Nota: 6,2

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Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
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