Testamos: Nissan Frontier Attack tem visual descolado, mas peca nos equipamentos

Seja qual for a versão, a Nissan Frontier transmite uma certa robustez ao ser observada. Testada por uma semana pela equipe do Garagem360, a configuração Attack tenta parecer mais agressiva ainda que as outras configurações, já que ostenta faixas e apliques em preto, além do nome da versão em letras garrafais na lataria. Lançada no começo de 2019 por R$ 153.590, ela acompanhou a tendência assustadora de aumento de preços que atinge todos os veículos e agora não sai por menos de R$ 199.000 – um aumento de R$ 45.410, cerca de 30%, em dois anos.

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Porém, esta ainda é uma das versões mais em conta da picape da Nissan, já que abaixo dela está apenas a S, e acima as mais completas XE e LE. Por estar no fiel da balança, dá para dizer que a Frontier Attack herda muitas características do modelo mais em conta, mas há também equipamentos e detalhes que são utilizados pelas irmãs mais caras.

Nissan Frontier Attack: visual chamativo

Com 5,26 m de comprimento, a picape é chamativa mesmo se for pintada em cores neutras. Dessa forma, o vermelho utilizado nesta versão Attack faz com que a Frontier seja ainda menos discreta no trânsito. Dá para vê-la de longe. Ela também não faz questão de abafar o som do motor diesel 2,3l biturbo de 190 cv. O ronco é alto ao ligar o veículo e também ao acelerar mais forte, mas é relativamente suave ao rodar pelas ruas das cidades.

E por falar no conjunto mecânico, ele agradou durante os testes. O torque do motor aparece cedo, dando agilidade mesmo com a picape pesando mais de duas toneladas. O câmbio automático de sete marchas combina bem com o conjunto, e o sistema de tração pode ser facilmente acionado no painel da Frontier, basta girar o botão eletrônico – que até lembra o do ar-condicionado. Por ter rodado sempre na cidade, a opção 4×4 e 4×4 com reduzida não chegou a ser necessário. Entretanto, caso o proprietário precise, é fácil utilizá-lo.

Além da opção de tração nas quatro rodas, a Frontier Attack entrega um bom vão livre (23 cm), e bons ângulos de entrada (30,3º) e de saída (27,4º), o que permite o uso em pistas de terra e em terrenos bastante acidentados. E, na realidade, foi para esse tipo de situação que o veículo foi construído. Tanto que chega a ser desconfortável rodar na cidade por muito tempo com a picape. Por mais que esses veículos tenham evoluído bastante nos últimos 15 anos, a suspensão e a combinação de chassis escada mais carroceria fazem com que haja pulos e sacolejos ao andar nas ruas.

É bem verdade que a Nissan tentou amenizar o problema com um conjunto de suspensão diferente na traseira. Vendido como multilink pela marca, na realidade ele é um eixo rígido tradicional, mas com diversos braços ligando ele ao chassis. Para ser um autêntico multilink, a suspensão tem que ser totalmente independente, o que não é o caso da Frontier. Entretanto, é nítido que o conjunto é um pouco mais amigável que o de outras picapes, mas ainda assim faz os ocupantes se mexeram no habitáculo.

Vida a bordo

Graças ao tamanho generoso da picape, é possível levar até cinco adultos. Quem viaja atrás não tem nenhuma porta USB, mas ao menos viaja com duas saídas de ar. E por falar no sistema de ventilação, a versão Attack é equipada com ar-condicionado tradicional – nada de acionamento digital e automático, muito menos duas zonas de temperatura. No geral, toda a cabine da picape é simples, com bastante uso de plástico. Ao menos as peças são bem encaixadas e de qualidade.

O motorista tem um banco confortável, mas precisa lidar com o volante com regulagem apenas de altura. Acredito que eu me sentiria melhor na picape se conseguisse regular a profundidade da coluna, já que poderia colocar o banco mais para trás. O tamanho e o peso da picape é sentido pelo condutor, já que a direção hidráulica é um pouco pesada na hora de manobrar a Frontier. Ao realizar uma baliza, também é preciso se atentar à distância do que está atrás do veículo, já que há câmera de ré, mas sem sensor de estacionamento.

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Mesmo sem ser a versão mais completa, a picape entrega um conjunto satisfatório aos ocupantes. No painel, há uma central multimídia de oito polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, e uma curiosa solução para manter a temperatura de garrafas. É possível levá-las em um suporte localizado em frente as saídas de ar das pontas. Essa solução é semelhante a do Honda Fit, por exemplo, e permite que o ar-condicionado mantenha a temperatura das bebidas – seja água, suco, refrigerante ou qualquer semelhante sem álcool.

Hora da compra

Por R$ 200 mil, a versão Attack da Frontier tenta cativar quem busca uma picape para o trabalho, mas quer um visual menos simplório. Entretanto, ela poderia oferecer uma lista de equipamentos mais generosa. Em termos de segurança, ela apenas cumpre a lei com o airbag duplo e os freios ABS. Até há controles de tração e estabilidade, mas o consumidor poderia ter mais bolsas infláveis na cabine. A picape agrada ao volante, sendo estável em rodovias e relativamente confortável na cidade e em ruas de terra. Apenas o tamanho da carroceria torna a convivência mais complicada, já que nem sempre é fácil achar vagas. Passar em ruas mais apertadas também é um desafio.

Eu recomendaria a Frontier Attack a quem de fato precisa da capacidade de carga e valentia de uma picape média tradicional. Caso contrário, uma picape monobloco e menor é capaz de suprir as necessidades.

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Nissan Frontier Attack

Motorização: 2,3l 16 válvulas biturbo diesel 190 cv a 3.750 RPM

Torque máximo líquido: 45,9 kgfm entre 1.500 e 2.500 RPM

Transmissão: automática de sete marchas

Dimensões: 5,26 m x 1,85 m x 1,85 m (comprimento x largura x altura)

Distância entre eixos: 3,15 m

Peso em ordem de marcha: 2.090 kg

Tanque de combustível: 80 L

Consumo diesel (Conpet/Inmetro): 9,2 km/l (cidade) / 10,5 km/l (estrada)

Capacidade da caçamba: 1.054 L (1.040 kg)

Preço: R$ 199.000

Pontos positivos: potência do motor, espaço interno e capacidade off-road

Pontos negativos: poderia ter mais airbags, peso da direção e falta de ajuste de profundidade do volante

Nota: 5,55

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Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
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