Saiba como está a situação das montadoras chinesas no Brasil

JAC e Lifan minimizaram o resultado de um estudo feito pela MA8 Management Consulting Group, empresa de consultoria especializada no setor automotivo, que diz que elas são as que mais sofrem no Brasil

Um estudo divulgado pela MA8 Management Consulting Group, empresa de consultoria especializada no setor automotivo,  concluiu que as fabricantes chinesas de automóveis são as que mais encontram dificuldades de adaptação no Brasil. Procuradas, a JAC Motors e a Lifan, duas das maiores montadoras da China que atuam no mercado brasileiro, minimizaram a análise – a Chery não se manifestou a tempo do fechamento desta reportagem.

De acordo com a consultoria, os principais problemas que estas maracas enfrentam no país são ligados à rejeição do consumidor ao produto e ao desconhecimento dos próprios chineses quanto à forma de se relacionar com parceiros comerciais e também de lidar com costumes ocidentais.

Segundo Eduardo Pincigher, diretor de assuntos corporativos da JAC Motors, não foram encontrados obstáculos na adaptação em solo tupiniquim, muito por conta dos estudos realizados durante 18 meses antes da venda do primeiro carro no Brasil. “A adaptação tem sido mais fácil do que se supõe. Não houve dificuldade do ponto de vista técnico e tivemos ótima aceitação do consumidor”, relata.

O bacharel em direito Guilherme von Borowski, de 23 anos, foi um dos que apostou na compra de um carro chinês. Adquirido em 2009 por R$ 22.900, o Chery QQ foi pilotado pelo então estudante até 2012. “Era um carro completo que nunca me deu dor de cabeça e ainda tive um bom preço na revenda (cerca de R$ 18 mil)”. Ele admite, no entanto, que estava desconfiado do potencial de um automóvel da marca antes da compra. “Desconfiança sempre existe, mas o preço compensava o risco”, conta.

Questionado sobre essa falta de certeza do brasileiro, Pincigher foi direto: “Isso não se confirma na prática. O brasileiro é bastante afável às novidades e simpatiza rapidamente com marcas novas”. Mesmo assim, ele confirma a complexidade de adaptação nos costumes ocidentais e admite que as vendas caíram desde que a marca chegou ao Brasil.

JAC Motors chegou ao país em março de 2011

JAC Motors chegou ao país em março de 2011

Hoje a companhia vende de 600 a 800 unidades por mês. O número é baixo se comparado aos cerca de três mil veículos comercializados em abril de 2011, um mês após a chegada da marca por aqui. O J2 e o J3 são os modelos mais vendidos atualmente, a quantidade, no entanto, não foi informada pela marca.

Para Pincigher, a principal razão para a retração foi a alta na taxa de impostos praticada no Brasil. “Com o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) , em setembro de 2011, perdemos nossa força de marketing, uma vez que não repassamos esse aumento para o preço final e precisamos cortar o que era possível”, explica.

Dificuldades

A Lifan adotou uma postura mais cautelosa para comentar o relatório da consultoria. Apesar de exaltar os feitos da marca nos cerca de dois anos e meio de operação no mercado brasileiro, Luiz Augusto Zanini, diretor de marketing da montadora, admitiu que ocorreram alguns contratempos na chegada da fabricante.

A instabilidade cambial, a dificuldade de adequação dos executivos expatriados e as questões regulatórias de importação e exportação foram descritas pelo profissional como os principais estorvos. Ainda assim, Zanini contemporizou os problemas, lembrou que a marca estudou o comportamento dos consumidores brasileiros dois anos antes de se estabelecer por aqui, e fez questão de ressaltar a forma como as dificuldades foram enfrentadas.

De acordo com ele, nenhuma medida especial foi adotada durante as adversidades e a empresa acredita fortemente que o Brasil irá se recuperar da crise econômica que atravessa e, assim, os negócios da marca serão alavancados. “Sabemos que este momento é difícil para todos e que muitas empresas estão perdendo dinheiro aqui, mas esperamos que o governo brasileiro possa superar rapidamente este momento delicado e que o país volte a crescer”, afirmou.

Segundo dados do site oficial da montadora, a marca cresceu 136,5% em 2014 e vendeu 5.355 unidades no ano passado. Os bons resultados foram liderados pelo SUV X60, veículo chinês mais vendido no Brasil no ano e o 4º entre todos os importados.

Fabricação brasileira

A JAC está construindo uma fábrica em solo nacional – em Camaçari, na Bahia. Já a Lifan desconversou sobre o assunto. A montadora lembrou que a unidade no Uruguai abastece bem o mercado brasileiro e por enquanto uma nova planta não é necessária.

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Alexandre J A S
Alexandre J A S
16 de maio de 2017 17:00

brasileiro gosta de se relacionar bem com fiat q cobra 45 mil no uno, com Toyota que cobra 105 mil num corola q nem controle de estabilidade tem, e com honda q cobra 125 mil no hatch com visual estranho, e vw q cobra 55 mil num gol… fora tantos outros exemplos. país de compradores trouxxxxas.

Rodrigo Loureiro
Escrito por

Rodrigo Loureiro

Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.

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