Inovação: Toyota aposta em veículo movido a hidrogênio renovável

A Toyota do Brasil anuncia um importante passo em prol da redução de emissão de carbono no Brasil. Trata-se do desenvolvimento de um veículo movido a hidrogênio renovável; veja como funciona.

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Etanol faz parte de um futuro mais sustentável (Foto: Reprodução/UFMG)

Toyota aposta em veículo movido a hidrogênio e mostra que futuro não é somente elétrico

A Toyota é uma das marcas que aposta em um futuro mais sustentável. Para isso, a montadora japonesa investe em inúmeras pesquisas de desenvolvimento de outras fontes de propulsão para os automóveis do grupo.

E uma coisa é fato: a marca já deixou claro que defende um futuro no qual a sustentabilidade não depende exclusivamente de carros movidos por motores elétricos. E claro que o Brasil faz parte disso, afinal, temos a vantagem de sermos produtores de combustíveis como o etanol, por exemplo.

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Aqui, a montadora produz automóveis com a tecnologia híbrida-flex, iniciada com o Prius. Agora, a maca investe em um outro modelo que promete ser promissor: o Mirai abastecido com hidrogênio produzido de uma fonte 100% renovável, como o etanol.

Com um investimento de cerca de R$ 50 milhões da Shell Brasil, o projeto de P&D também pretende calcular a pegada de carbono do ciclo ‘campo à roda’, ou seja, mensurar as emissões de CO2 na atmosfera, desde o cultivo da cana até o consumo do hidrogênio pela célula combustível do veículo.

“O objetivo desse projeto de P&D inovador é demonstrar que o etanol pode ser vetor para produzir hidrogênio renovável, aproveitando a logística já existente da indústria de etanol”, destaca Alexandre Breda, gerente de Tecnologia de Baixo Carbono da Shell Brasil.

“A produção local de hidrogênio renovável por meio da reforma do etanol é uma solução eficiente, sustentável e facilmente replicável globalmente, devido ao baixo custo de transporte do biocombustível.”, afirma Mateus Lopes, diretor de Transição Energética e Investimentos da Raízen.

O veículo será entregue, ainda neste primeiro semestre, ao Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI) da USP, criado em 2015, com financiamento da FAPESP e da Shell, que desenvolve a pesquisa.

Além do Toyota Mirai, o hidrogênio renovável vai abastecer três ônibus que circularão na Cidade Universitária da USP.

Toyota dá mais um passo no uso do hidrogênio como combustível
Toyota Mirai é o primeiro carro a hidrogênio do mundo (Foto: Divulgação/Toyota)

Uma parceria para converter etanol em hidrogênio renovável 

A Shell Brasil, Raízen, Hytron, Universidade de São Paulo (USP) e o SENAI CETIQT assinaram um acordo de cooperação, em setembro de 2022, para desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio renovável (H2) a partir do etanol.

A parceria tem como foco a validação da tecnologia através da construção de uma planta dimensionada para produzir 4,5 kg/h de hidrogênio e início de operação no primeiro semestre de 2024. A estrutura será instalada no campus da USP, na cidade de São Paulo.

O objetivo do projeto de P&D é demonstrar que o etanol pode ser um vetor para a produção de hidrogênio, contribuindo para a descarbonização de setores da indústria. 

O hidrogênio renovável será produzido de forma inovadora com o etanol fornecido pela Raízen e a tecnologia desenvolvida e fabricada pela Hytron, que atualmente pertence ao grupo alemão Neuman & Esser Group (NEA Group), com suporte do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT, com financiamento da Shell Brasil.

As metas ambientais da Toyota

A contribuição da Toyota ao projeto faz parte de um conjunto de esforços da companhia no cumprimento de metas ambientais, previstas no seu Desafio Ambiental 2050.

Adicionalmente, contribui com a ambição da marca em produzir carros cada vez melhores, a fim de colaborar com a redução de impactos ambientais causados pelos automóveis o mais próximo possível ao nível zero de emissão.

O Mirai faz parte desse objetivo. Ele é um carro elétrico em sua essência, mas que não utiliza recarga elétrica externa, pois é movido por meio de uma reação química entre hidrogênio e oxigênio. Assim funciona um FCEV (Fuel Cell Eletric Vehicle).

O hidrogênio é armazenado em tanques enquanto o oxigênio vem de fora do carro. A mistura causa uma reação química, liberando energia, que é transformada em eletricidade, que carrega uma bateria que, por fim, alimenta o motor elétrico.

Como resultado, um veículo 100% livre de CO2, com autonomia estimada em 600 km e que emite apenas vapor d’água pelo escapamento.

O hidrogênio é uma das grandes promessas para a descarbonização do planeta. Além de ser potencialmente inesgotável por ser o elemento mais abundante no universo, quando extraído de fontes renováveis pode, de fato, ser zero emissões.

Toyota dá mais um passo no uso do hidrogênio como combustível
Ônibus movido a hidrogênio que roda em caráter experimental em Fukushima (Foro: Getty Images)

 

Nicole Santana
Nicole SantanaJornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.
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