Inflação para os motoristas chega a 17,03% em um ano com pandemia
Com o desarranjo das cadeias globais de produção em meio à pandemia, a inflação para os motoristas acumulou alta de 17,03% nos 12 meses. Veja
Com o desarranjo das cadeias globais de produção em meio à pandemia, a inflação para os motoristas acumulou alta de 17,03% nos 12 meses encerrados em março, segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com dados do Índice de Preços ao Consumidor-10 (IPC-10). Confira os detalhes de tudo o que vem pesando no bolso dos motoristas.
Inflação inclui todos os itens que afetam o motorista; veja em detalhes
Essa inflação inclui todos os itens que afetam o motorista – preços de veículos, combustíveis, peças, serviços correlatos e tarifas públicas como multas e licenciamento. O índice apurado pela FGV é significativamente superior à inflação oficial apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 10,79% no período.
Guerra da Rússia com a Ucrânia acrescenta uma pressão adicional nas cotações do petróleo
A guerra da Rússia com a Ucrânia acrescenta uma pressão adicional nas cotações do petróleo: caso nada mais aumente em abril, apenas o reajuste de combustíveis feito em março pela Petrobras elevará a inflação ao motorista para 22,08%.
“Combustível é o foco (da inflação em abril), mas, com a retomada das atividades pós-pandemia, a gente pode ver novos reajustes em serviços que estavam meio congelados, como oficina, por exemplo”, previu Matheus Peçanha, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre), em entrevista à rede CNN.
Os dados mais recentes do IPCA, referentes a fevereiro, mostram que os automóveis 0km já acumulam alta de 22,94% em 18 meses de aumentos consecutivos. Os veículos usado acumulam alta de 22,66% em 20 meses. Já as motocicletas sobem há 15 meses seguidos, ficando 17,72% mais caras no período.
Serviços automotivos e veiculares também tiveram aumento
Serviços relacionados à propriedade de veículos – como seguro voluntário, emplacamento e reparos em oficinas mecânicas – também tiveram aumento.
Nos 12 meses terminados em janeiro de 2022, os preços de produtos da indústria automotiva ficaram 17% mais altos na porta de fábrica. No varejo, a alta de preços ao consumidor de partes e peças foi de 16,5% nas lojas de carros e motos.
A indústria automobilística foi afetada pelo desarranjo das cadeias produtivas e pela falta de insumos, mas também pelo aumento de custos de matérias-primas e de energia, conforme aponta André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV/Ibre.
“Se a indústria automobilística não conseguia atender o mercado, isso ajudou a aquecer o mercado de usados. Os automóveis novos subiram tanto quando os usados. Se não tinha peça, o carro fica mais escasso, isso provoca um choque de oferta”, disse Braz à CNN.
Tendências
A previsão dos especialistas é de que as preços mais elevados e a alta das taxas de juros no financiamento esfriarão a demanda nos próximos meses.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.