Empresa suspende todo o transporte de veículos elétricos devido a riscos de incêndio
Matson suspende embarques de veículos elétricos por risco de incêndio, impactando o transporte marítimo. Entenda por que os incêndios em VEs são perigosos e o que essa decisão significa para a indústria automotiva e de logística.
A Matson, uma das maiores transportadoras marítimas dos Estados Unidos, anunciou a paralisação imediata e por tempo indeterminado de todos os embarques de veículos elétricos (VEs) e híbridos plug-in (PHEVs) em sua rede marítima. A decisão drástica, que afeta as rotas entre o continente americano, Havaí, Guam e Alasca, é motivada por preocupações crescentes com os riscos de incêndio relacionados às baterias de íons de lítio.
A medida da Matson, sem precedentes na indústria, surge após uma série de incidentes de grande repercussão. O caso mais recente foi o naufrágio do navio Morning Midas em junho de 2025, que afundou após um suposto incêndio em sua carga de veículos. Em comunicados internos a clientes, a Matson confirmou que a decisão reflete o perigo de fuga térmica e a extrema dificuldade em suprimir incêndios de baterias de VEs em alto mar.
Por que os incêndios em carros elétricos são diferentes?
Embora estudos indiquem que veículos elétricos não são estatisticamente mais propensos a incêndios do que os movidos a gasolina, quando pegam fogo, as consequências são muito mais graves.
Baterias de íons de lítio são suscetíveis à fuga térmica, uma reação em cadeia que gera calor extremo, pode reacender após a extinção inicial e libera gases tóxicos. Essa foi a causa do incêndio do navio Fremantle Highway em 2023, que resultou na perda de mais de 3.000 carros, incluindo 500 VEs.
Com veículos densamente compactados e muitas vezes sem supervisão durante o transporte marítimo, uma única falha na bateria pode desencadear uma catástrofe. Para empresas de transporte como a Matson, a margem de erro é inexistente.
Lei aqui: Navio carregado de carros elétricos afunda após incêndio
A crescente adoção de carros elétricos e a realidade marítima
A paralisação da Matson ocorre em um momento de expansão da adoção de veículos elétricos nos EUA. No primeiro semestre de 2025, mais de 607.000 novos VEs foram vendidos, um aumento de 1,5% em relação ao ano anterior, mesmo com a queda geral do mercado automobilístico.
No entanto, apesar do crescimento nas vendas, persistem as hesitações dos consumidores, que citam a infraestrutura de carregamento, a ansiedade de autonomia e a durabilidade como preocupações, conforme pesquisa da AAA.
Paradoxalmente, VEs são geralmente mais baratos para manter do que carros a combustão, mas tendem a passar mais tempo na oficina devido à escassez de peças e à necessidade de técnicos especializados.
O futuro da tecnologia de baterias e do transporte marítimo
A tecnologia de baterias avança globalmente, com o surgimento de inovações como a bateria de estado semissólido na China, que oferece 533 quilômetros de autonomia. Contudo, essa tecnologia ainda é cara e o risco de incêndios não foi totalmente eliminado.
A Matson deixou claro que só retomará o transporte de VEs e PHEVs quando forem desenvolvidos “protocolos adequados de transporte e armazenamento para toda a indústria”. Com órgãos reguladores como a Organização Marítima Internacional (OMI) sob pressão para agir, a decisão da Matson pode ser o início de uma reavaliação global sobre como a cadeia de suprimentos lida com a crescente eletrificação do setor automotivo.
Qual a sua opinião sobre a decisão da Matson e o futuro do transporte de veículos elétricos?
Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.