Compra de automóveis em leilão requer muito cuidado

Ofertas tentadoras podem esconder problemas e causar transtornos futuros ao comprador

Com valores sedutores, os leilões automotivos podem ser uma boa escolha para quem quer comprar um carro, inclusive os mais sofisticados, sem gastar tanto por ele – normalmente, os preços são cerca de 30% menores do que os praticados por particulares e revendas. O negócio, no entanto, é feito às cegas, já que não é possível testar o automóvel antes de sua aquisição.

Os veículos são vendidos no estado em que se encontram, e não há garantias quanto à estrutura, funcionamento, características, reparos, regularizações e divergências de motor, chassi e câmbio, por exemplo. O possível futuro dono só tem acesso às suas principais características como ano, quilometragem, propulsor, tipo de combustível, cor, acessórios inclusos e origem.

Leilões trazem muitas ofertas de veículos por preços mais em conta | Foto: Freitas Leilões

Leilões trazem muitas ofertas de veículos por preços mais em conta | Foto: Freitas Leilões

Atualmente, as vendas por leilão acontecem presencialmente, online ou de forma simultânea, sendo que os dados das duas modalidades são contabilizados em tempo real e informados ao público presente. Qualquer pessoa pode participar deste tipo de compra, basta fazer um cadastro (se for por meio do site) ou apresentar os documentos (presencial).

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Apesar de serem adquiridos em grande parte por falta de pagamento aos bancos e financeiras, os carros que vão a leilão podem ter diversas precedências. “A maioria é mesmo retomada por conta dos débitos, mas também temos clientes que trocam suas frotas e precisam se desfazer dos modelos antigos. E ainda trabalhamos com seguradoras”, afirma Wilson Junior, gerente da Freitas Leilões.

Inspeção

Antes do início do leilão, os compradores têm a oportunidade de fazer uma vistoria no veículo. Normalmente eles ficam no pátio com as portas abertas e, às vezes, podem ter seus capôs levantados. Apesar disso, o que é possível checar é o estado da lataria – se encontra-se amassada, arranhada ou enferrujada -, e as condições do interior. Como não há a opção de ligar o carro para testar motor, freios, embreagem e demais componentes e sistemas, só dá para fazer uma análise superficial da parte mecânica.

Dalton Neman, 27, apostou nos leilões para adquirir um automóvel com preço abaixo da tabela e afirma que não poder rodar com o veículo é um pouco preocupante. “Na teoria você compra às cegas”. Apesar disso, o corretor de imóveis do Guarujá, no litoral de São Paulo, resolveu arriscar, pois o Volkswagen Polo em que estava interessado tinha menos de dois anos de uso, estava com a lataria em boas condições e o preço era 30% menor do que o usual.

Mas se a parte mecânica é um tiro no escuro, o mesmo não se pode dizer da documentação e este, aliás, é um ponto que merece muita atenção. Para saber se o modelo possui débitos (multas ou impostos atrasados, por exemplo), é preciso ler com muito cuidado o descritivo da venda no edital do leilão. Também é possível fazer uma pesquisa no site do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e no serviço Nada Consta, da Polícia Federal. Para evitar problemas, vale também pesquisar sobre o leiloeiro, que deve ser cadastrado em uma junta comercial.

Pagamento

A hora da compra é quando o leilão realmente começa. O leiloeiro recebe os lances de acordo com o valor mínimo estipulado – cada lance tem o mesmo valor e vence a disputa quem fizer a melhor oferta final. O pagamento pelo veículo é feito apenas à vista por transferência eletrônica. De acordo com Junior, 5% do valor final é passado ao leiloeiro. No caso de desistência, uma punição poderá ser aplicada. “O arrematante sofrerá multa de 20% do valor ofertado”, explica o especialista. Nestes casos, o carro, então, volta para leilão.

É importante salientar que, se a negociação for oficializada, os custos inerentes à transferência da documentação, bem como os débitos com impostos e multas e ainda qualquer outro possível gasto como com guincho, caberão ao novo proprietário.

 

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Rodrigo Loureiro
Escrito por

Rodrigo Loureiro

Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.

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