Após patinar em 2022, indústria automotiva prevê crescer 3% neste ano
Os fabricantes de veículos projetam um 2023 melhor para a indústria automotiva brasileira na comparação com 2022, quando as vendas patinaram
Os fabricantes de veículos projetam um 2023 melhor para a indústria automotiva brasileira na comparação com os resultados obtidos no ano passado, quando as vendas no mercado interno patinaram, ficando 0,7% abaixo do volume registrado em 2021. Para este ano, a expectativa é de uma recuperação moderada, com crescimento de 3% no número de veículos vendidos.
As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (6) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Os resultados de 2022 e a previsão da indústria automotiva para 2023
As vendas de veículos (considerando os segmentos de carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus) totalizaram 2,1 milhões de unidades em 2022. Automóveis e ônibus tiveram melhor desempenho na comparação com o ano anterior, mas, segundo a Anfavea, a queda de caminhões e comerciais leves puxou para baixo o resultado geral.
Para 2023, a associação projeta atingir a marca de 2,17 milhões em vendas. “Mais uma vez, os leves deverão puxar o número, com elevação estimada em 4,1%, com os veículos pesados tendo queda de 11,1%”, prevê o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
No segundo semestre de 2022, foi notada uma diminuição nas restrições da cadeia de suprimentos da indústria e o resultado foi que o nível de produção da indústria ficou acima do esperado pela Anfavea no ano. Foram produzidas 2,37 milhões de unidades, o que significou um avanço de 5,4% nos 12 meses – melhor do que os 4% previstos pela associação.
“Depois de um primeiro quadrimestre muito difícil em função da falta de semicondutores, o setor acelerou o ritmo e conseguiu atender parte da demanda reprimida”, explica Leite.
Para este ano, a expectativa é de um aumento global de 2,2% na produção, atingindo a marca de 2,42 milhões de unidades. A Anfavea espera alta de 4,2% para automóveis e comerciais leves e queda de 20,4% para caminhões e ônibus.
“O segmento de pesados será impactado pela mudança da regra de emissões para o Proconve P8”, ressalta Leite. Isso, segundo ele, deve provocar um inevitável reajuste de preços e, em consequência, diminuição da demanda por caminhões e ônibus.
Crescimento das exportações chega perto dos 30%
As vendas para o mercado externo foram o fato mais positivo de 2022 para a indústria automotiva nacional. Os 480,9 mil veículos exportados no ano representaram um crescimento de 27,8% sobre 2021. Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de 37,6%, por conta do envio de veículos com maior valor agregado, como SUVs, caminhões e ônibus.
Os resultados surpreenderam, visto que a Argentina – que tradicionalmente é o principal destino dos veículos produzidos no Brasil – viveu um ano de intensa crise econômica. Em compensação, mercados como México, Colômbia e Chile contribuíram para o bom desempenho das exportações.
Para 2022, a expectativa da Anfavea é que o panorama irá se alterar, com as vendas externas chegando a 467 mil unidades – o que representaria uma queda de 2,9%.
Competitividade do Brasil
Márcio de Lima Leite destaca que o mercado automotivo global passa por um momento de muitas mudanças, relativas a novas tecnologias – principalmente no que tange à descarbonização das frotas – e à escolha dos locais de produção.
“A competitividade do País passa a ser fator chave para a atração de investimentos. Esta é a grande batalha da Anfavea: contribuir para que o País tenha, realmente, um cenário ideal para receber investimentos”, afirma.
Segundo o presidente da Anfavea, o Brasil tem uma série de lições de casa a serem feitas para que o mercado deixe de andar de lado como nos últimos anos.
“A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada. Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades”, afirma, ressaltando que irá manter diálogo com os novos governantes em nível federal e estadual para buscar o fortalecimento da indústria.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.