Piso salarial para motoristas de app: Luta por direitos ganha novo capítulo
Piso salarial para motoristas de app: STF suspende julgamento sobre regulamentação defendida pela AGU. Entenda a proposta de piso, os direitos envolvidos e o impasse entre previsibilidade financeira para motoristas e o modelo de negócio da Uber/Rappi.
A discussão sobre a regulamentação do trabalho por aplicativos esquenta no Brasil. Após a Advocacia-Geral da União (AGU) defender a criação de um piso salarial e um pacote de proteções para motoristas de plataformas como Uber e Rappi, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender o julgamento do tema por 30 dias para aprofundar a análise dos argumentos.
Piso salarial para motoristas de app
A proposta da AGU, que busca estabelecer mecanismos de proteção sem necessariamente criar um vínculo empregatício formal nos moldes tradicionais, segue o escopo do Projeto de Lei Complementar nº 12/2024. A defesa do governo vai além de um simples valor mínimo: ela engloba um conjunto amplo de direitos, incluindo:
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Limitação de horas de conexão diárias.
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Recolhimento de contribuições previdenciárias.
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Seguro de vida ou invalidez.
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Períodos de descanso e apoio ao trabalhador.
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Ações de formação e capacitação.

A Complexidade do Impasse: Direitos vs. Modelo de Negócio
A suspensão do julgamento pelo STF evidencia a complexidade de conciliar as demandas dos trabalhadores com a manutenção do modelo de negócio das plataformas.
O cerne da questão é definir: como garantir dignidade e previsibilidade financeira aos motoristas, que hoje arcam com altos custos fixos (combustível, manutenção, seguro), sem inviabilizar a flexibilidade e a autonomia que caracterizam o serviço?
Para os motoristas, um piso mínimo oferece a chance de maior previsibilidade financeira, essencial frente à sazonalidade das corridas. Já as plataformas, como a Uber, alertam para um cenário de impactos drásticos: a empresa estima que uma formalização completa sob o regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) poderia cortar até 52% das vagas e elevar em 34% o custo médio das viagens.
Qual o Valor Pretendido?
Embora o valor final ainda esteja em aberto, as discussões sobre o piso já têm números na mesa. Um dos projetos em análise no Brasil propõe um valor de R$ 32,09 por hora trabalhada, dos quais R$ 8,02 seriam destinados ao serviço e R$ 24,07 para cobrir os custos operacionais (combustível, veículo).
Outras propostas trabalham com valores mínimos baseados em métricas de corrida, quilômetro e minuto, variando por categoria de serviço. Esses valores se tornam cruciais quando comparados a estudos de rendimento real:
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Em São Paulo, motoristas de app faturavam, em média, R$ 6.428 brutos por mês, mas o lucro líquido, após as despesas, ficava em torno de R$ 2.502, trabalhando cerca de 60 horas por semana.
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Em Brasília, o lucro líquido após os custos para motoristas que trabalham cerca de 50 horas semanais era de aproximadamente R$ 1.320,64.
Enquanto motoristas, plataformas e governo aguardam a decisão final do STF, o futuro do trabalho por aplicativos está em jogo: um futuro que precisa equilibrar a inovação digital com a justiça social.
O que você pensa sobre a criação de um piso salarial para motoristas de aplicativo? Acha que a regulamentação é justa ou pode prejudicar o modelo? Deixe seu comentário abaixo e participe da discussão!
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.