Volkswagen fecha fábrica na Alemanha e demite 35 mil empregados
Pela 1ª vez em 88 anos, a Volkswagen fecha uma fábrica na Alemanha (Dresden). Saiba como a crise global, o corte de € 20 bilhões em investimentos e a pressão sobre a eletrificação forçaram a decisão histórica da montadora.
A Volkswagen confirmou uma decisão inédita em seus 88 anos de história: o encerramento da produção de veículos em uma de suas unidades fabris localizadas na Alemanha. Nesta terça-feira, a linha de montagem da fábrica de Dresden foi desligada permanentemente.
Volkswagen fecha fábrica na Alemanha e demite 35 mil empregados
O fechamento da unidade, que vinha sendo utilizada como uma vitrine da transição elétrica da montadora, acontece em um momento de intensa pressão financeira para a Volkswagen, que enfrenta desafios globais, incluindo:
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Queda acentuada nas vendas na China.
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Baixa demanda por veículos na Europa.
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Incertezas regulatórias e tarifas nos Estados Unidos.

Para contornar o cenário desafiador, a Volkswagen está implementando uma rigorosa reorganização orçamentária. O valor de investimento previsto para o ciclo dos próximos cinco anos foi ajustado para cerca de € 160 bilhões.
Este montante representa um corte significativo, considerando que a previsão inicial para o ciclo anterior (2023 a 2027) era de € 180 bilhões.
O comando interno da empresa é claro: cortar gastos, otimizar projetos e buscar margens de lucro mais robustas.
Dilema da Eletrificação
A montadora enfrenta o dilema de manter o investimento paralelo em tecnologias de motor a combustão, visto que a demanda por veículos a gasolina deve persistir por mais tempo do que o originalmente esperado. Analistas apontam que a Volkswagen precisa rever seu portfólio e investir em novas gerações de tecnologias de combustão, já que o abandono total desses motores será mais lento.
Apesar da crise, o CFO Arno Antlitz sinalizou um otimismo cauteloso, prevendo que o caixa líquido da empresa para 2025 pode ter um leve resultado positivo, fugindo da previsão anterior de quase zero.

O Fim da “Fábrica de Vidro”
A unidade de Dresden, que encerrou as atividades, tem uma história particular. Inaugurada em 2002, a chamada “Fábrica de Vidro” foi inicialmente construída para a montagem do sedã de luxo Phaeton.
Após a descontinuação do modelo em 2016, a fábrica foi adaptada para ser um símbolo da eletrificação da marca, produzindo o veículo elétrico ID.3.
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Baixa Produtividade: Desde sua inauguração, a fábrica de Dresden produziu menos de 200 mil veículos, um número muito inferior à produção anual da planta principal em Wolfsburg.
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Acordo Sindical: O fechamento faz parte de um acordo mais amplo firmado em 2022, que visa cortar 35 mil postos de trabalho ligados à marca VW na Alemanha.
Embora o chefe da marca Volkswagen, Thomas Schäfer, tenha classificado a decisão como “difícil”, ele a considerou economicamente necessária.
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O Futuro da Unidade: Pesquisa e Tecnologia
Mesmo com o fim da produção, o complexo de Dresden não ficará ocioso. O espaço será transformado em um polo de inovação graças a uma parceria com a Universidade Técnica de Dresden.
A universidade instalará um campus de pesquisa focado em áreas de alta tecnologia, como inteligência artificial, robótica e semicondutores. A Volkswagen e a universidade firmaram um investimento conjunto de € 50 milhões ao longo de sete anos para este novo projeto.
O local também continuará sendo utilizado pela VW para a entrega de veículos e como uma atração turística.
Comente: Este fechamento indica que a VW está exagerando nos cortes ou é uma medida necessária diante da lenta transição elétrica?
Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.