Volante, bateria, gasolina: furtos inusitados fazem parte do dia a dia dos motoristas brasileiros

Em 2010, o economista Alex da Ros teve a tampa da caçamba de sua Chevrolet Montana furtada. A picape estava estacionada em São Bernardo do Campo (SP), a 100 metros de um posto da Polícia Militar Rodoviária.

“Comprei outra na concessionária. Infelizmente, saiu quatro vezes mais caro do que em um desmanche, mas eu não quis alimentar o comercio ilegal”, conta Alex. “Mesmo que o desmanche venda com nota, sempre fico desconfiado com esse tipo de comércio. Chegaram a oferecer uma já pintada, da cor do meu carro, por R$ 200. Corria o risco de ser a minha mesmo (risos)”, completa.

No total, o economista teve um prejuízo de R$ 2 mil. Além disso, ele decidiu tomar algumas precauções para evitar que o furto se repetisse. “Assim que instalei a nova tampa, mandei soldar a porta. No caso da Montana, ela é removível na configuração de fábrica”, explica.

Assim como Alex, muitos brasileiros sofrem com furtos de peças automotivas. Em 2018, o número de casos cresceu 15% em São Paulo, segundo um levantamento do SP2, feito via Lei de Acesso à Informação. Estepes, pneus, peças do motor, partes da lataria e até lanternas são alguns dos itens mais visados pelos bandidos.

Heros Macedo, desempregado, passou por uma situação semelhante após deixar seu Fiat Uno Mille estacionado em Santo André (SP) durante à noite. “Desci, apertei o botão para destravar o carro e ele não fez nenhum barulho, nem piscou. Entrei e tentei dar a partida e ligar o rádio, mas nada. Abri o capô e vi que a bateria havia sumido”, conta.

Ele explica que não sabe como os criminosos abriram as portas do carro, mas desconfia que eles usaram algum tipo de faca ou estilete para cortar a proteção e o cabo que ligava a bateria. No total, foi preciso desembolsar R$ 245 para resolver o problema.

Dependendo do método usado pelos bandidos, os proprietários dos veículos acabam levando vários prejuízos por causa de um furto. Eduardo Vieira da Costa, assessor de comunicação, teve uma despesa dupla em 2002. Durante uma viagem ao Rio de Janeiro, ele percebeu que o estepe de seu Volkswagen Gol havia sido roubado. Os bandidos também danificaram a lataria com um buraco, que provavelmente foi usado para destrancar o porta-malas.

“Recentemente, roubaram a anteninha que fica no teto do meu carro, algo que eu pensei que já estivesse fora de moda desde os anos 90. Sigo levando prejuízos”, ressalta Eduardo.

Quem tem seguro automotivo pode tentar acionar a empresa para resolver o problema. Em 2012, o jornalista Flávio Carneiro deixou seu Fiat Palio estacionado em uma rua de São Bernardo do Campo (SP). Quando voltou, percebeu que alguém havia levado seu volante.

Em vez de optar por comprar e instalar outra direção, ele preferiu pagar a taxa de franquia do seguro. “O guincho levou pra concessionária e o seguro cobriu”, explica. Ele acredita que o furto foi encomendado, já que os criminosos removeram o volante sem quebrar nada. Além disso, o carro, que era um dos lançamentos da época, ficou mais de um mês parado na concessionária por falta de peças.

Vale destacar que os furtos automotivos não se restringem só a peças. No começo dos anos 2000, o empresário Anderson Gabriel descobriu que um morador de seu prédio estava roubando a gasolina de seu Fiat Tempra. Ele conta que, há tempos, percebia que o carro estava gastando muito combustível. Na época, a garagem não tinha câmeras, por isso, a mutreta só foi descoberta quando ele pegou o criminoso no flagra.

Depois disso, o condomínio instalou sistemas de vigilância nos estacionamentos. Além disso, Anderson trocou a tampa de combustível de seu carro por um modelo com trava e chave.

Acessórios polêmicos

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