Por Vivaldo José Breternitz*
Não é só no Brasil que a justiça tarda e falha. Nos Estados Unidos acontecem também algumas barbaridades: o agora ex-presidente Donald Trump, por exemplo, concedeu perdão total a Anthony Levandowski, ex-funcionário do Google. Ele foi uma das 143 pessoas que Trump indultou ou reduziu penas em suas últimas 12 horas no cargo.
Conhecido por ter ajudado a fundar a Waymo, empresa de desenvolvimento de tecnologia para carros autônomos do grupo Alphabet, o mesmo que controla o Google, Levandowski foi condenado em agosto de 2020 por roubar segredos da companhia para abrir sua startup de caminhões autônomos, a Otto.
Em 2016, a Otto já tinha sido vendida para a Uber, mas o roubo das informações veio à tona e, após investigações, que confirmaram o uso de 14 mil documentos confidenciais da Waymo, Levandowski foi acusado de 33 roubos de propriedade intelectual. Ele só assumiu a culpa por um deles, sendo condenado a 18 meses de reclusão. Entretanto, não chegou a ser preso, pois, por conta da pandemia, o cumprimento de sua sentença foi adiado.
O perdão para Levandowski veio com o endosso de Peter Thiel, co-fundador do PayPal, e Palmer Luckey, fundador da Oculus VR, dois figurões do Vale do Silício e fortes apoiadores de Trump.
Mais uma vez, o crime compensou.
*Vivaldo José Breternitz é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie