Trabalhadores revertem demissões na Caoa Chery em Jacareí (SP)
A demissão em massa na Caoa Chery está suspensa. Proposta do sindicato dos trabalhadores foi aceita pela empresa nesta quarta-feira (11).
As demissões na Caoa Chery, em massa, está suspensa. A proposta de layoff apresentada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (SindMetal) foi aceita pela empresa e aprovada em assembleia dos trabalhadores, nesta quarta-feira (11).
No entanto, segundo sindicato, a luta contra o fechamento da fábrica em Jacareí (SP) irá continuar. O acordo entre trabalhadores e empresa prevê cinco meses de layoff, a partir de 1º de junho e mais três meses de estabilidade. Veja como está o caso.
Entenda o caso do fechamento da fábrica da Caoa Chery em Jacareí
Assim, os 480 empregos da fábrica estão garantidos até janeiro de 2023. Até lá, todos os trabalhadores receberão seus salários na íntegra e continuarão com seus planos de saúde. Durante o layoff, parte da remuneração é paga com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Em em vídeo divulgado pelo SindMetal na última quinta-feira (5), o presidente Weller Gonçalves informava que os trabalhadores haviam sido comunicados pela Caoa Chery de que a montadora iria parar de fabricar veículos em Jacareí.
Em nota à imprensa, a Caoa Chery confirmou as informações divulgadas pelo SindMetal, e alegou que o fechamento da fábrica seria temporário, devendo-se à necessidade de adaptação das linhas de montagem para a produção de modelos elétricos e híbridos. No início desta semana, a empresa detalhou que a retomada da produção em Jacareí ocorreria somente em 2025.
A Caoa Chery explicou que fará o reposicionamento da sua gama de produtos no mercado nacional, prometendo eletrificar todos os modelos de seu portfólio até o fim de 2023 e que a readequação teria por objetivo aumentar sua competitividade no âmbito nacional e internacional, seguindo os movimentos tecnológicos da indústria automotiva mundial.
A adaptação da unidade de Jacareí, de acordo com a montadora, teria como parâmetro os processos produtivos adotados na fábrica da Caoa em Anápolis (GO).
A unidade de Jacareí produzia os modelos Arrizo 6 e Tiggo 3X, que agora deixam de ser fabricados no Brasil. O primeiro continuará disponível no País via importação da China, enquanto o segundo por ora sai de linha, apenas cerca de um ano após seu lançamento.
A luta continua, declara o sindicato
Como a suspensão das demissões vale apenas até janeiro de 2023, a luta pela permanência da montadora em Jacareí continua, diz o SindMetal. O sindicato defende que os modelos Arrizo 6 e Arrizo 6 Pro continuem sendo produzidos em Jacareí.
A campanha contra o fechamento da fábrica inclui, principalmente, a pressão sobre os governos federal, estadual e municipal para que barrem o fim das atividades na cidade.
O sindicato informa que protocolou uma proposta de projeto de lei na Câmara Municipal de Jacareí para proibir o fechamento da montadora.
Na justificativa, a entidade diz que se os planos da Caoa Chery se concretizarem, 480 trabalhadores diretos serão demitidos.
“Isso representa a perda de R$ 53 milhões em massa salarial circulando na cidade”, alerta. “No setor de autopeças, o impacto deve ser de R$ 37 milhões. Os dados são do Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese).”
Weller Gonçalves diz que a suspensão das demissões foi uma grande vitória até agora, que mostra o quanto é importante a luta dos trabalhadores e que “não se pode simplesmente aceitar a imposição dos patrões”.
Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.