Testamos: Renault Duster compensa pouca potência com amplo espaço e boa dirigibilidade

O estilo quadradão do primeiro Renault Duster costumava gerar opiniões divergentes. Havia quem amasse o jeito meio bruto do carro, enquanto outras pessoas torciam o nariz para as linhas retilíneas da carroceria. Se o estilo não arrebatador, o SUV compensava com um amplo espaço interno, robustez e uma boa relação custo-benefício. Em março deste ano, a Renault decidiu que era hora de reformular as linhas do Duster e trouxe a segunda geração do modelo para o Brasil.

No primeiro contato, durante o lançamento do carro, tive uma boa impressão do modelo. Agora, depois de ficar uma semana com o carro – disponibilizado na versão topo de linha Iconic –, diversas outras características foram notadas para este teste do Garagem360.

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Renault Duster Iconic: uso no dia a dia

Conforme dito no lançamento deste carro, o Duster evoluiu sem perder sua essência. O design atualizado ficou mais moderno, com linhas suavizadas, embora siga quadrado. Talvez o ponto mais controverso seja a traseira, já que ouvi pelo menos três pessoas dizerem que as lanternas lembram as do Jeep Renegade – e parecem, de fato. Mesmo assim, elas aprovaram o desenho em geral e concordaram que o carro está mais bonito.

Mas a maior evolução do SUV foi no interior. O antigo painel derivado do Sandero (e Logan) deu lugar a um completamente novo, que tem linhas mais horizontais. Por mais que o uso de plástico seja abundante na cabine, o painel é bonito e funcional, com os comandos fáceis de serem acessados pelo condutor. A central multimídia de oito polegadas é nova, tem compatibilidade com Apple Car Play e Android Auto e agradou nos testes, sendo fácil de usar e responsiva aos comandos.

E já que a parte interna do Duster está em pauta, vale destacar o bom espaço interno, capaz de acomodar até quatro adultos com conforto. O assento do meio do banco traseiro não perde muito espaço com o túnel central, que não é tão elevado, mas é recomendado para uma criança ou um adolescente. Ao volante, o motorista se acomoda bem em um assento e encosto confortáveis. Como tenho 1,87 m de altura, senti que faltou um pouco de espaço para minhas pernas, mesmo com o banco na posição mais recuada. Entretanto, não senti desconforto no corpo mesmo após dirigir por horas. O volante, que tem regulagem de altura e profundidade, entrega uma boa pegada e o painel de instrumentos tem leitura fácil e conta com uma prática tela de cristal líquido no meio. Nela é possível ter velocímetro digital, ver dados de consumo, temperatura do líquido de arrefecimento e saber qual a posição que o câmbio CVT está (P, N, R, D ou manual).

Bom ao volante, mas falta potência

Debaixo do capô está o motor SCe 1.6 16v de 120 cv de potência (a 5.500 rpm) e 16,2 kgfm (a 4 mil rpm). Acoplado a uma boa transmissão automática do tipo CVT, capaz de simular até seis marchas no modo manual, o conjunto mecânico leva bem – durante a maior parte do tempo – os 1.279 kg do Duster Iconic. Isso porque nota-se em retomadas que há a falta de um pouco de potência. Se tivesse cerca de 10 cv a mais no motor, o SUV ganharia bastante agilidade na cidade e na estada. Uma alternativa é deixar o câmbio no modo manual para que o giro do motor suba um pouco. Assim, contornasse um pouco do problema, que não chega a ser grave, mas tira um pouco da ligeireza do modelo.

Se falta um pouco de pimenta no motor, a dirigibilidade do Duster é digna de nota. Ele se comporta de maneira exemplar em curvas e tem um bom acerto de suspensão – nem dura, nem mole demais. O modelo transmite confiança ao motorista, mesmo sendo um veículo alto.

Veredito

Espaçoso e bem equipado, o Renault Duster é um carro familiar com cara de off-road. O motor 1.6 deve um pouco de desempenho e ainda tem o famigerado tanquinho de gasolina para a partida a frio, mas o SUV entrega uma boa experiência ao volante e pode ser uma opção para quem busca um carro neste segmento. Ele poderia ter mais airbags (só há os frontais), mas em contrapartida os controles de tração e de estabilidade são de série em todas as versões. Outro bom equipamento é o sistema de quatro câmeras (frontal, traseira e nos retrovisores externos). Esse equipamento facilita manobras e permite que o condutor saiba a distância do meio-fio sem nem precisar mexer no ajuste dos espelhos.

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Vídeo: novo Renault Duster agrada em primeiro contato

Outro ponto negativo é o aumento de preço que o modelo teve em menos de um ano. Se no lançamento a versão Iconic era vendida por R$ 87.490, agora ela está disponível por R$ 99.290. Com todos os opcionais do modelo testado (bancos em couro e Outsider pack – que acrescenta o borrachão lateral, cobertura plástica nos para-lamas e os faróis de longo alcance na dianteira) e a pintura metálica, o preço final do Duster Iconic é de R$ 104.940.

A cifra é alta, mas não é um problema exclusivo do SUV, já que é um cenário comum a praticamente qualquer carro 0KM. Por isso, por conta de sua boa oferta de equipamentos, amplo espaço interno e consumo razoável (fechou o teste com 7,2 km/l no etanol) o Duster é sim uma boa opção dentro do segmento de SUVs compactos.

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Renault Duster Iconic 

Motorização: 1,6l 16v flex dianteiro transversal

Potência máxima: 120 cv a 5.500 rpm (etanol)

Torque máximo: 16,2 kgfm a 4 mil rpm (etanol)

Transmissão: automático do tipo CVT (simula seis marchas na troca manual)

Dimensões: 4,37 m x 1,83 m x 1,69 m (comprimento x largura x altura)

Distância entre eixos: 2,67 m

Peso: 1.279 kg

Porta-malas: 475 L

Capacidade do tanque de combustível: 50 L

Consumo: 7,2 km/l (cidade) / 7,8 km/l (estrada) – etanol segundo o Inmetro

Preço: R$ 99.290 (R$ 104.940 como o testado)

Pontos positivos: dirigibilidade, espaço interno e equipamentos

Pontos negativos: falta de potência, apenas dois airbags e manutenção do tanquinho de partida a frio

Nota: 6

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Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
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