Scania diminui produção e não renova contratos de trabalho com funcionários

A Scania decidiu concentrar a produção em turno único. A montadora sueca optou por não renovar contratos de trabalho com funcionários.

Seguindo receita semelhante à adotada por concorrentes como a Mercedes-Benz frente à queda na demanda por caminhões, a Scania decidiu enxugar sua estrutura e concentrar a produção em apenas um turno em sua fábrica de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. A diferença é que, em vez de férias coletivas, a montadora sueca optou por não renovar contratos de trabalho com funcionários.

Saiba mais sobre a decisão da Scania de não renovar contratos de trabalho

Com dispensa de trabalhadores, produçnao será concentrada em turno único (Foto: Divulgação/Scania)

Conforme a empresa confirmou à agência AutoData, os contratos de trabalhos de funcionários temporários com vencimento em abril não serão renovados.

Nem a empresa tampouco o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informaram o número de contratos encerrados. A entidade, no entanto, afirmou que cerca de duzentos profissionais trabalhavam no segundo turno da produção de caminhões, que foi suspenso há cerca de quinze dias – e alguns profissionais foram realocados para outras áreas.

“Conforme informado a Scania está ajustando o seu ritmo de produção à demanda de mercado”, afirmou nota divulgada pela empresa na segunda-feira, 27. “Com isto suas linhas de montagem – motores, chassis, cabinas e transmissão – passam a operar em um turno”, afirma a montadora em nota.

A montadora informou ainda que as linhas de usinagem continuam com o segundo e o terceiro turnos, com o foco de exportar componentes para a Europa. Em torno de 35% da produção atual são enviados para outros países.

Crédito escasso e caro dificulta aquisição de veículos pesados

As vendas de caminhões tem sido prejudicada pelo cenário de juros em alta, crédito escasso e, ao mesmo tempo, economia desaquecida, o que reduz a procura por caminhões para o transporte de mercadorias. Esse contexto foi agravado pela mudança de motorização para o padrão Euro 6, que elevou os preços dos caminhões entre 20% e 30%.

Na semana passada, a Mercedes-Benz já havia decidido paralisar a produção por conta da queda no volume de vendas. Nesse caso, a montadora decidiu colocar em férias coletivas 300 de seus funcionários.

Fábrica da Mercedes em SBC também enfrenta problemas (Foto: Divulgação/Mercedes-Benz)

O vice-presidente do sindicato Carlos Caramelo, explica que a Scania decidiu abolir o segundo turno de produção devido ao contexto macroeconômico:

“O contrato de trabalho é condicionado ao volume de produção e, diante da dificuldade para se financiar a compra de um caminhão 0 km, do PIB que está engatinhando desde o último trimestre do ano passado e da entrada em vigor do Euro 6, que encareceu o produto, houve um acúmulo de fatores que desestimulam a procura”, afirma o sindicalista.

No caso da Scania, que foca o segmento de pesados e cuja boa parte dos caminhões é utilizada nos setores de agronegócio e mineração, os valores são mais elevados devido ao porte e à capacidade de carga que os veículos possuem, o que dificulta ainda mais os negócios.

Com informações da Agência AutoData.

Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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