Pneu remold é opção para quem quer gastar menos
Os pneus remold, também chamados de remodelados ou remoldados, têm ganhado espaço no Brasil, e isso se deve a um fator em particular: o preço. Normalmente, eles custam 50% a menos em comparação com um novo similar. Outra vantagem do produto é o reaproveitamento de material, já que ele é produzido a partir de estruturas de pneus usados, que iriam para o lixo. O processo ainda leva à eliminação de marca, modelo e série de fabricação do original.
Alberto Mayer, presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), no entanto, afirma que a compra do pneu remold só é segura se ele possuir o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “Além dessa certificação, é importante que ele seja fabricado em oficinas especializadas, que só utilizem material e equipamentos de qualidade”, diz o executivo.
Da mesma opinião compartilha José Macedo dos Santos, proprietário da oficina Automecânica, de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, que vende este tipo de produto há cinco anos. Ele sugere que, antes de fazer a compra, o consumidor cheque se o componente está no padrão em termos dimensionais.
“Também é fundamental conhecer a procedência e saber como o pneu é construído. Por exemplo, se o ressulcamento for feito de maneira errada, o produto poderá romper em qualquer lugar e a qualquer momento”, comenta.
Entre as empresa que fabricam pneus remold está a Crystone, de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ela disponibiliza uma vasta gama de produtos – são 25 opções – para os mais variados usos como carros de passeio e utilitários de carga. José Ricardo Ferreira, gerente administrativo da companhia, garante que os componentes apresentam bom desempenho e oferecem segurança para o condutor.
“Quanto à durabilidade, vai depender da maneira como o motorista conduz o veículo e dos cuidados que ele tem com os pneus, mas normalmente tem vida útil 15% menor que os tradicionais”, complementa o especialista.
Lá, a fabricação é iniciada com a chegada das carcaças, que passam por um processo de avaliação e seleção antes de serem estocadas. Na sequência, estas carcaças vão para duas estações de inspeção, onde são infladas e depois avaliadas por técnicos à procura de imperfeições e defeitos, recebendo reparos sempre que necessário. Se forem consideradas aptas, elas seguem para a estação de raspagem do talão e da banda de rodagem, onde funcionários a deixam lisas e sem rebarbas.
Depois, em uma câmara adequada, elas recebem uma camada de cola líquida, essencial para que sigam pelos trilhos até uma máquina que aplica a camada de borracha que formará a nova banda de rodagem do remold. Após passar pela estação de colocação da borracha anti-quebra lateral do pneus, as carcaças são levadas às prensas de vulcanização.
A Crystone conta com um setor onde 36 prensas à água e vapor moldam os novos remolds em um tempo de aproximadamente 20 minutos. Ao esfriar por alguns minutos, cada produto fabricado segue para uma estação de limpeza de rebarbas e inspeção final antes de ser estocado e levado para o galpão de distribuição, prontos para venda e entrega.
Tipos de reaproveitamento
Além do remold, existem outros processos para o reaproveitamento dos pneus usados: recapagem ou recauchutagem. Os recapados têm a sua banda de rodagem removida e a estrutura da carcaça é reparada com cordões de borracha. Depois, utiliza-se cimento para fixar a banda de rodagem na carcaça, e não há remoção dos ombros dos pneus. Já na recauchutagem, a banda e os ombros são removidos, e reaproveitam-se outras partes consertadas anteriormente.
Mas, como qualquer outro tipo de pneu, todos os remanufaturados precisam de cuidados e manutenção frequente. É fundamental, por exemplo, manter os níveis de calibragem especificados no manual do proprietário. Da mesma forma, é importante fazer sempre que possível a geometria e o balanceamento durante as revisões, a fim de garantir as boas condições do automóvel e o melhor desempenho do jogo de pneus.