Planos da BYD para se consolidar no Brasil encontram o caminho certo
Em negociação para encampar a fábrica desativada da Ford em Camaçari-BA, a montadora chinesa BYD está dando mais um passo para consolidar a sua presença no Brasil, tornando-se uma marca cada vez mais relevante no mercado nacional.
Fábrica operando em 2023 é ponto vital para BYD se consolidar no Brasil
A aquisição de uma unidade produtiva abre o caminho para a produção local de modelos que atualmente chegam importados, elevando a marca BYD a um novo patamar.
Acrônimo para “Build Your Dreams” (construa seus sonhos), a BYD chegou ao Brasil em 2015. O investimento inicial da empresa foi na implantação de uma fábrica de ônibus em Campinas, no interior de São Paulo.
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Nessa unidade, a montadora de origem chinesa produz veículos leves sobre pneus (VLPs), que são grandes ônibus articulados que circulam por ruas pavimentadas – à semelhança do que o VLT faz sobre trilhos.
Dois anos mais tarde, a empresa abriu uma segunda fábrica, também em Campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos. A ideia é de que suas lojas vendam equipamentos para que os clientes da marca possam gerar, eles mesmos, energia para recarregar seus carros elétricos, sem custo.
Para equipar a frota de ônibus elétricos, a empresa iniciou, em 2020, a operação de sua terceira fábrica no Brasil, no Polo Industrial de Manaus (PIM), dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio (LiFePO4).
Além disso, a empresa liderou dois projetos de monotrilho no País. Em Salvador, foi fornecedora do VLT do Subúrbio, e na cidade de São Paulo implantou a Linha 17 (Ouro) do Metrô.
Carros elétricos chegam em 2021
Com relação aos automóveis de passeio, a estratégia da BYD é conquistar o mercado brasileiro aos poucos. O primeiro modelo foi apresentado ao público brasileiro em novembro de 2021, o SUV Tan EV (100% elétrico), que passou a ser comercializado em março seguinte por meio do site da montadora.
A primeira concessionária da marca foi aberta no início em maio do ano passado em São Paulo, ao mesmo tempo que a marca apresentava novos modelos de carros elétricos e híbridos.
A partir de então, já tendo percebido uma boa receptividade do público brasileiro, a BYD acelerou o processo. A marca encerrou 2022 com 45 concessionárias abertas em cidades de diversos Estados, com planejamento para chegar a 100 ao final deste ano.
A nacionalização da frota é ponto fundamental para os planos de expansão no País. Por isso, o empenho em destravar a aquisição da fábrica baiana da Ford. As negociações se arrastam já há três anos, chegaram aos ponto de estar quase concluídas, mas voltaram a emperrar no início do mês passado.
Para destravar essas negociações, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), juntou-se a executivos da BYD na comitiva do governo federal que está em missão comercial na China. E, ao que tudo indica, a aquisição da fábrica da Ford pela BYD será anunciada nos próximos dias.
Com a aquisição, a montadora chinesa fará um investimento de R$ 3 bilhões na produção de carros elétricos e híbridos no Brasil, com a promessa de gerar pelo menos 1.200 empregos diretos – o que justifica o empenho do governo baiano.
O foco inicial de produção em Camaçari serão os carros híbridos movidos a etanol – em razão do preço mais baixo e da menor necessidade de infraestrutura para recarga, sem perder a característica de baixas emissões de carbono.
Em tudo se confirmando, os primeiros modelos fabricados no Brasil pela BYD poderão ser o Song Plus DM-i, o SUV híbrido plug-in que, em sua versão importada, já é o mais barato da categoria – R$ 269.990, contra R$ 347.300 do Jeep Compassa 4xe –, além do compacto Dolphin, modelo de entrada da linha BYD, que ainda não é vendido por aqui.