Opinião: Lewis Hamilton faz pit stop na hora certa e vence o GP da Rússia
Para vencer uma corrida de Fórmula 1 é preciso mais que velocidade. Além de ser veloz, o piloto precisa ser constante e saber fazer a leitura correta da prova. Foi exatamente isso que Lewis Hamilton e a Mercedes fizeram neste domingo. Com uma estratégia diferente, definida no treino classificatório de sábado, o inglês e o time alemão subiram ao lugar mais alto do pódio no GP da Rússia. Valtteri Bottas completou a dobradinha, enquanto que Charles Leclerc, o pole position, se contentou em levar sua Ferrari ao terceiro lugar.
GP da Rússia: Mercedes mantém domínio
Disputado desde 2014, o GP da Rússia só foi vencido pela Mercedes. Com o triunfo de ontem, Hamilton chegou à quarta vitória no circuito de Sochi (2014, 2015, 2018 e 2019). Nico Rosberg triunfou em 2016, enquanto que Bottas foi o vencedor da edição de 2017. Sendo assim, a Ferrari sabia que tinha um desafio tão grande quanto o país russo para superar os rivais prateados.
E o começo foi promissor para a esquadra italiana. Pole, Leclerc perdeu a posição de honra logo nos primeiros metros para Sebastian Vettel, seu companheiro. A ideia da Ferrari era manter seus dois carros na ponta para evitar uma surpresa da Mercedes. Enquanto isso, Antonio Giovinazzi era ensanduichado pela Haas de Romain Grosjean e pela Renault de Daniel Ricciardo. Por ser uma espécie de tanque de guerra italiano, o bólido da Alfa sobreviveu sem maiores danos.
Grosjean e Ricciardo não tiveram a mesma sorte. O primeiro estampou o muro e ficou por lá mesmo, enquanto que o sorridente australiano teve um pneu furado e precisou ir aos boxes. A confusão fez com que o safety car entrasse na pista, para que o carro do franco-suíço fosse retirado.
O que ninguém sabia é que o carro de segurança seria um dos responsáveis, mais tarde, pelo resultado da corrida.
Safety Car e o azar da Ferrari
A prova recomeçou na quarta volta. Vettel seguia na ponta, com Leclerc em seu encalço. Temendo perder novamente uma corrida para seu companheiro, o monegasco iniciou uma reclamação sem fim nos rádios, pedindo a troca das posições. Inicialmente até parecia que a Ferrari faria a troca, mas Vettel não reduziu o ritmo e a equipe mandou que a dupla seguisse como estava.
Isso durou até a volta 22, quando Leclerc foi chamado para fazer seu pit stop, trocando os pneus macios pelos médios. Vettel entrou quatro voltas depois, na 26, e voltou atrás de seu companheiro. Porém, foi justamente nesse momento que a maionese azedou. Sebastian nem completou a 27ª volta, já que um problema mecânico fez ele abandonar a corrida, encostando o carro no primeiro lugar que achou.
Decepcionado, Vettel bradou aos quatro ventos que não aguenta mais os motores atuais da F1. “Tragam os V12 de volta”, disse o desolado tetracampeão. Para retirar a Ferrari número 5, o safey car virtual foi acionado. A Mercedes, então, aproveitou a velocidade reduzida e deu o pulo do gato, chamando seus carros para a parada. Hamilton e Bottas trocaram os pneus médios pelos macios, com o britânico assumindo a ponta. Leclerc passou a ser o segundo, com Bottas em terceiro.
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Quando o carro de segurança real precisou entrar na pista, já que a Williams de George Russel acertou o muro, a Ferrari optou por chamar Leclerc novamente, recolocando os pneus macios no carro nº 16. O tiro, porém, saiu pela culatra, já que o monegasco caiu para terceiro. E pior, em nenhum momento ele ameaçou Bottas. Com isso, a vitória estava garantida para a Mercedes, que celebrou o primeiro triunfo depois das férias.
Atrás dos três primeiros, Max Verstappen, em uma corrida discreta, foi quarto com a Red Bull. Seu companheiro, Alexander Albon, fez uma excelente corrida de recuperação e terminou em quinto, depois de ter saído dos boxes. Também terminaram nos pontos Carlos Sainz, da McLaren, Sergio Perez, da Racing Point, Lando Norris, com a outra McLaren, Kevin Magnussen, da Haas, e Nico Hulkenberg, da Renault.
Mão na taça
Com a 82ª vitória da carreira garantida, Lewis Hamilton já está com uma mão na taça. É questão de tempo para o inglês se tornar o mais novo hexacampeão mundial. Ele chegou aos 322 pontos, contra 249 de seu companheiro de equipe e vice-líder do campeonato. Restando apenas cinco provas, Lewis precisa de mais 58 pontos, de 130 possíveis, para fechar a conta. Como Bottas nunca o ameaçou para valer, falta pouco para o britânico chegar ao sexto título da carreira.
Abaixo, confira como ficou a classificação do GP da Rússia de 2019.
POS | DRIVER | TIME/RETIRED | PTS |
---|---|---|---|
1 | 1:33:38.992 | 26* | |
2 | +3.829s | 18 | |
3 | +5.212s | 15 | |
4 | +14.210s | 12 | |
5 | +38.348s | 10 | |
6 | +45.889s | 8 | |
7 | +48.728s | 6 | |
8 | +57.749s | 4 | |
9 | +58.779s | 2 | |
10 | +59.841s | 1 | |
11 | +60.821s | 0 | |
12 | +62.496s | 0 | |
13 | +68.910s | 0 | |
14 | +70.076s | 0 | |
15 | +73.346s | 0 | |
NC | DNF | 0 | |
NC | DNF | 0 | |
NC | DNF | 0 | |
NC | DNF | 0 | |
NC | DNF | 0 |
OBS: Lewis Hamilton fez a volta mais rápida da corrida e garantiu o ponto extra.
Jornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.