Numa visita à nova sede da montadora nacional de ônibus Eletra, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, no início deste mês, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, conheceu o primeiro ônibus elétrico brasileiro, que deve ganhar força nos próximos anos. Na ocasião, Lula prometeu apoio às empresas nacionais que atuam no segmento de transporte público sustentável, que deve ganhar cada vez mais espaço nos próximos anos.
Ônibus elétrico brasileiro deve conquistar os mercados nacional e internacional
“É muito importante nossa parceria com a China, mas prefiro que sejam comprados ônibus nacionais”, disse Lula. O presidente defendeu a participação ativa do governo nas políticas públicas de apoio à conversão das frotas de transporte público a diesel para veículos elétricos. “O Estado tem um papel essencial, cabe ao Estado brasileiro garantir a sobrevivência da indústria brasileira”, afirmou.
O presidente percorreu as instalações da empresa, posou para fotografias com os funcionários e fez um discurso para 300 convidados, num palco instalado num pavilhão industrial. Lula esteve acompanhado do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e outros sete ministros, entre eles Fernando Haddad (Fazenda) e Renan Filho (Transportes).
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“Foi um evento importantíssimo para apresentar a realidade dos investimentos, empregos e tecnologia da indústria da mobilidade elétrica para o presidente, vice-presidente, ministros, prefeitos e autoridades locais”, resumiu presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos.
Na visão da diretora executiva da Eletra, Iêda de Oliveira, a visita presidencial representa um ponto de virada para a indústria do transporte sustentável no Brasil “Foi um evento emblemático para a Eletra, para a indústria nacional e para a eletromobilidade”, afirmou. “Apresentamos ao presidente veículos totalmente fabricados no Brasil, com tecnologia desenvolvida no País”.
Lançado no final de 2013, o Eletra e-Bus é o primeiro ônibus elétrico brasileiro movido 100% a bateria. O veículo é o resultado de uma parceria com as empresas japonesas Mitsubishi Heavy Industries e Mitsubishi Corporation.Trata-se de um ônibus tracionado por um motor elétrico cuja única fonte de energia é um banco de baterias, instalado a bordo do veículo.
É o mesmo sistema de tração de um trólebus comum, porém sem a necessidade de rede aérea externa.
Lula elogiou a persistência da fundadora da Eletra, a empresária Maria Beatriz Setti Braga, afirmando que há mais de 20 anos ela já defendia ônibus elétricos brasileiros, quando pouco acreditavam na ideia.
Empresa brasileira fundada em 1999, a Eletra se mudou para um novo prédio de 27 mil m² no km 16 da Via Anchieta, onde terá capacidade para produzir 150 ônibus elétricos/mês, de olho na crescente demanda pela mobilidade urbana sustentável nos mercados brasileiro e internacional.
A ampliação da capacidade faz parte de um plano de investimentos de R$ 150 milhões, cujo objetivo é posicionar a empresa como líder latino-americana e global na produção de ônibus elétricos. A Eletra já exporta seus veículos para países vizinhos, como o Chile.
Segundo estimativas do Grupo de Veículos Pesados da ABVE, a cadeia produtiva do ônibus elétrico no Brasil tem capacidade de gerar cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos no País nos próximos três anos.