O Perigo Invisível: Metanol em combustível adulterado destrói o motor?

Metanol em combustível é um veneno tóxico e corrosivo. Descubra como essa adulteração destrói componentes do motor, causa perda de potência e, o mais grave, coloca em risco a saúde humana.

A adulteração de combustíveis atinge um patamar de risco extremo quando envolve o metanol (álcool metílico). Diferentemente do etanol comum (álcool etílico), o metanol é uma substância de alta toxicidade e altamente corrosiva, cujo uso como combustível é proibido pela legislação brasileira.

 

O Metanol: veneno para o carro e para o ser humano

O metanol é comumente usado em processos industriais, como na fabricação de tintas, vernizes e biodiesel. Contudo, seu baixo custo o torna atrativo para fraudadores que o misturam clandestinamente à gasolina ou ao etanol, muitas vezes em altas concentrações (podendo chegar a mais de 90%), com o único objetivo de aumentar o volume e o lucro.

A presença de metanol no seu tanque não é apenas um prejuízo financeiro; é uma ameaça séria ao seu veículo e, crucialmente, à sua saúde.

O perigo do metanol é duplo: ele ataca o motor com sua corrosividade e representa um risco de saúde grave por sua toxicidade.

Metanol em combustível adulterado destrói o motor? Foto: Freepik
Metanol em combustível adulterado destrói o motor? Foto: Freepik

1. Danos ao motor

O metanol é um solvente agressivo que ataca peças que o etanol comum não danificaria, causando um prejuízo com alto custo de reparo logo no primeiro abastecimento.

  • Corrosão dos Componentes: O metanol é um agente corrosivo potente que deteriora diretamente o sistema de alimentação do veículo. Componentes como bicos injetores, flauta de combustível, bombas (baixa e alta pressão) e o tanque são os mais afetados, podendo falhar prematuramente.

  • Formação de Goma: A substância tem a capacidade de criar uma espécie de goma ou depósito carbonizado que trava válvulas e hastes de cabeçote, impedindo a partida do motor.

  • Perda de Potência Imediata: A adulteração resulta em uma queima inadequada, causando perda significativa de potência e um consumo de combustível que pode aumentar em até 30% em casos graves. O pedal do acelerador fica “borrachudo” e o carro exige mais esforço para atingir a velocidade.

  • Superaquecimento e Falhas: O combustível adulterado pode levar ao superaquecimento do motor e saturar os sensores, fazendo com que a luz da injeção no painel se acenda.

2. Riscos extremos à saúde

A toxicidade do metanol é o aspecto mais alarmante, pois afeta diretamente o motorista, frentistas e mecânicos.

  • Toxidade na Inalação e Contato: A inalação de seus vapores ou o contato com a pele e olhos pode causar dores de cabeça, náuseas, tontura e irritação das mucosas. Em exposições prolongadas, há risco de problemas respiratórios e neurológicos.

  • Risco de Cegueira e Morte: O metanol é extremamente perigoso se ingerido, podendo levar à cegueira permanente e até mesmo à morte, mesmo em pequenas doses, devido à formação de ácido fórmico no organismo.

  • Fogo Invisível: Uma característica única e perigosa do metanol é que sua chama é invisível (transparente) a olho nu. Em caso de acidente ou incêndio, a pessoa pode sofrer queimaduras graves sem sequer conseguir ver o fogo.

Como agir em caso de adulteração

A adulteração por metanol geralmente não é detectável a olho nu, mas o carro e o seu bolso dão sinais claros:

Sintoma no Veículo Indício Específico
Dificuldade na Partida Carro “trava” ou custa a pegar de manhã, especialmente em motores mais frios.
Luz da Injeção Acesa Indica que a sonda lambda detectou uma anomalia grave na composição da queima.
Odor Estranho Cheiro forte de solvente ou querosene saindo do escapamento ou do tanque.
Perda de Potência e Consumo Elevado Necessidade de pisar mais no acelerador e tanque que esvazia muito mais rápido que o normal.
Ruídos no Motor O motor apresenta um ruído de pré-ignição ou “batida de pino” em arrancadas e subidas.
Foto: CNN
Foto: CNN

Medidas essenciais

  1. Pare de Usar o Carro: Ao menor sinal de metanol, dirija o mínimo possível. O uso contínuo agrava a corrosão.

  2. Procure um Mecânico Especializado: O tanque precisa ser esvaziado completamente, e o combustível contaminado deve ser descartado segundo regulamentações para evitar riscos ambientais e de saúde. O sistema de alimentação e velas de ignição provavelmente precisarão de limpeza ou troca.

  3. Guarde a Nota Fiscal: Ela é o seu principal comprovante para fazer denúncias à ANP ou ao Procon e buscar ressarcimento pelos danos.

Abastecer em postos de confiança, de bandeira conhecida, e sempre exigir a nota fiscal são as melhores defesas contra esse perigo que ameaça não só a mecânica do seu veículo, mas também a sua segurança e saúde.

Você já presenciou ou teve que lidar com combustível adulterado com metanol? Compartilhe sua experiência e ajude a alertar outros motoristas sobre os riscos desse “barato que sai caro”! Deixe seu comentário!

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Robson Quirino
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Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.