Novo ou usado: qual a melhor escolha?
Veículo zero quilômetro tem menos despesas e o com alguns anos de uso pode ter mais acessórios
Um dos maiores dilemas no momento da compra de um veículo é se vale mais a pena investir em um bem equipado usado ou, se com valor equivalente, é melhor optar pelo zero quilômetro mais simples. Para fazer a escolha mais acertada, antes de mais nada é importante analisar as vantagens de cada um.
Ao optar por um carro usado de categoria superior, o motorista ganha em conforto, potência do motor e praticidade. Mas o cuidado no momento da aquisição deve ser redobrado. Para um leigo em mecânica automotiva, é imprescindível a consultoria de um profissional especializado para saber se está tudo em ordem. Caso seja constatado qualquer problema que necessite de reparos, o valor do conserto deve ser abatido do preço final.
Vitor Meizikas Filho, diretor de operações da consultoria Molicar, afirma que a quilometragem indicada no painel já não deve ser levada tão à sério. Isso ocorre pelo elevado número da casos de fraudes. Por isso, o melhor é se concentrar no estado de conservação do veículo. “O usado requer muita atenção. O plano de manutenção deve estar em dia e é importante ver se não teve nenhuma colisão, registro de acidente grave e se não há pendências jurídicas”, orienta.
As próprias seguradoras e financeiras contam com um extenso banco de dados no qual constam informações referentes ao histórico do veículo. Nessa pesquisa, é possível verificar se houve algum mais sério, sinistro de furto ou roubo e se existe algum processo judicial no qual o veículo é citado. O problema é que esses dados não são públicos. “Tente fazer uma cobertura de seguro antes de fechar o negócio. Um bom corretor consegue fazer isso, mas demora cerca de sete dias”, afirma o especialista.
Custos financeiros
Outro cuidado importante é evitar a compra de carros financiados. O ideal é que seja feita a quitação do veículo. Caso o novo proprietário também pretenda adquirir o bem de forma parcelada, Meizikas Filho recomenda que seja feito um novo financiamento. “Fuja de quem queira só transferir a dívida. Isso vai dar muita canseira com o banco”, alerta.
Além de custos maiores de manutenção e um cuidado extra antes de concluir a compra, quem adquire um veículo usado deve ter consciência de que o seguro costuma ser mais caro, assim como as taxas de financiamento. Por isso, para quem não quer correr o risco de ter dor de cabeça com a compra do veículo, Meizikas Filho acredita que a melhor opção seja o zero quilômetro. “É a escolha da razão e não da emoção, e no carro novo, praticamente a única despesa é o combustível”, diz.
Depreciação
No entanto, quem adquire um automóvel zero quilômetro precisa estar consciente de que ele terá uma desvalorização maior. Segundo o diretor de operações da Molicar, em modelos básicos, a média é de 6% ao ano, enquanto em alguns veículos mais luxuosos e de pouca liquidez no mercado a desvalorização pode chegar a até 18% ao ano.
E é exatamente essa depreciação que faz com que muita gente opte por comprar um carro usado. Meizikas Filho adverte, porém, que no momento da revenda isso pode ser um novo problema. “Quanto mais novo for o carro, maior a liquidez no mercado. O comprador deste tipo de automóvel deverá ter em mente o seguinte: Comprou barato, vai revender mais barato ainda”, relata.
Venda de usado cresce
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostra que, nos últimos meses, enquanto a venda de veículos zero quilômetro tem registrado forte queda, a comercialização de carros usados segue na contramão. Segundo relatório da entidade, no primeiro trimestre do ano a comercialização de carros novos apresentou queda de 15,96%. Por outro lado, os usados tiveram crescimento de 2,27%. Os números são relativos somente aos veículos de passeio.
Com esse cenário, Meizikas Filho avalia que os preços dos usados devem sofrer mudanças. “A queda nas vendas e nos descontos oferecidos nos modelos novos acaba por refletir na diminuição dos valores dos usados. Porém, esse comportamento pode influenciar de forma negativa na qualidade. Com a menor absorção de carros zero pelo mercado, menor também será o interesse dos donos de usados em repassar os em bom estado de conservação. Assim, sobra um número maior dos que eventualmente sofreram algum tipo de reparo”, finaliza.