Nova regra derruba autonomia dos carros elétricos no Brasil; entenda a mudança
Entenda por que os carros elétricos vendidos no Brasil terão a autonomia declarada reduzida em 30%, em média;
De forma geral, todos os dados de autonomia dos carros elétricos divulgados pelas fabricante no mercado nacional poderão ter redução de até 30% sobre o valor anunciado. A mudança ocorre após regras que entraram em vigor neste ano e exigem a divulgação dos dados padronizados pelo PBEV, do Inmetro.
Carros elétricos têm autonomia reduzida após nova regra no Brasil
Algumas montadoras que possuem carros elétricos em seu portfólio válido para o mercado brasileiro já começaram a anunciar nos respectivos sites uma autonomia diferente para os modelos.
Trata-se de uma ação que segue nova padronização do Inmetro, com a divulgação dos dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV). A expectativa é que haja redução média de 30% no alcance anunciado para os automóveis elétricos. A informação foi revelada pelo portal Use Elétrico.
De acordo com Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, a ABVE, em entrevista ao portal especializado em eletrificados, a nova metodologia deverá ser aplicada por todas as montadoras, que, além de padronizar a autonomia anunciada, também terão uma redução no alcance médio informado.
Ou seja, dependendo do modelo, haverá dois cortes em relação a autonomia do veículo: um sendo necessário para padronizar a metodologia usada em laboratório e outra para reduzir o valor informado, que geralmente trata-se do alcance máximo do automóvel.
Padronização da metodologia usada
No primeiro cenário, as marcas que vendem carros elétricos no mercado nacional divulgam a autonomia dos modelos por meio de diferentes ciclos, como o WLTP, considerado o padrão europeu, bem como o EPA, NEDC ou o PBEV, sendo este último o padrão brasileiro, do Inmetro.
Ele também é usado para aferir o consumo dos carros a combustão vendidos no país, por exemplo.
De acordo com a metodologia aplicada por cada marca, a autonomia anunciada pode sofrer alterações, uma vez que cada uma delas usa critérios próprios de medição. Dessa forma, em uma possível comparação entre veículos com autonomias divulgadas por diferentes ciclos, os resultados podem ser diferentes dos apresentados.
Porém, conforme explicado pela Volvo ao Use Elétrico, a nova legislação determina que os veículos tenham dados divulgados usando os mesmos critérios, o PBEV. Com a mudança de metodologia aplicada, a autonomia anunciada pode sofrer alteração, mesmo que as marcas não tenham modificado em nada os veículos (como redução da capacidade da bateria, por exemplo).
Redução padrão de 30% em todos os carros elétricos
Porém, além da redução ocasionada pela padronização do ciclo de medição usado, os automóveis elétricos podem sofrer um segundo corte, este sendo padrão de 30% em relação ao aferido em laboratório.
De acordo relato do presidente da ABVE ao Use Elétrico, todas as marcas deverão reduzir a autonomia divulgada em laboratório em 30%. Segundo ele, os veículos zero emissão de são muito recentes no mercado brasileiro. E, por falta de conhecimento, muitos condutores tratam o carro elétrico como um modelo a combustão, ou seja, não sabem ao certo o melhor momento de acelerar, o modo de frear e outras características de condução que podem influenciar no alcance total do modelo.
Por conta disso, os resultados anunciados pelas montadoras podem não ser atingidos no uso cotidiano, o que pode acabar frustrando o consumidor, que também pode se sentir de alguma forma lesado.
Como solução, o Inmetro determinou que as montadoras passassem a anunciar a autonomia mínima possível do modelo, e não mais a máxima, como é feita até o momento. Ou seja: por mais que, por conta das novas regras um carro elétrico tenha alcance 30% reduzido ao anunciado anteriormente, ele ainda pode atingir superar a marca, dependendo das condições de uso.
O Volvo C40 como exemplo
O Volvo C40 é um dos carros elétrico que já obedecem as novas determinações. O modelo, que tinha autonomia declarada de até 420 km, passou por um corte de 45%. Agora, o site da marca informa que ele tem um alcance de 231 km.
Ou seja, dos 45% perdidos, 15% são justificados pela conversão do padrão utilizado – no caso do C40 em específico, do ciclo WLTP para o PBEV. Isso, em tese, só reduziria a autonomia do crossover em 61 km. Porém, além da padronização de aferição de alcance, a marca também teve que reduzir os resultados em mais 30% para chegar ao valor mínimo de autonomia do veículo.
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.