Na contramão do setor de autos, Abraciclo eleva expectativas para motos

As montadoras de motos agora prevêem um crescimento na produção anual de 10,5% em relação a 2021, ante os 7,9% projetados no início de 2022.

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) revisou para cima suas projeções para 2022. Agora, as montadoras de motos prevêem que a produção nacional de motos atinja 1,32 milhão de unidades, com um crescimento de 10,5% em relação a 2021.

No início do ano, o planejamento das empresas estimava a produção de 1,29 milhão de motocicletas, com evolução de 7,9%.

(Foto: Divulgação)

O otimismo do dos fabricantes de motocicletas contrasta com as perspectivas traçadas pelas montadoras de automóveis. Na última segunda-feira (11), a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) havia reduzido suas expectativas de crescimento para 4,1%, ante os 9,4% previstos anteriormente.

Caso a nova previsão da Abraciclo se concretize, o segmento de motocicletas deve ficar próximo aos patamares alcançados em 2014, ano que precedeu o último período de recessão da economia brasileira. Naquele ano, foram produzidas 1.517.662 unidades.

Montadoras obtêm crescimento sustentável de motos no primeiro semestre

Linha de produção da Yamaha no PIM (Foto: Divulgação/Yamaha)

“As unidades fabris retomaram o ritmo das linhas de montagem e registram crescimento sustentável durante o primeiro semestre”, afirma o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, ao justificar o que levou a associação a elevar a expectativa de produção. “Somado a isso, temos um mercado com tendência de alta, com o avanço dos serviços de entrega, o maior uso da motocicleta nos deslocamentos urbanos, além do fator aumento dos preços dos combustíveis”, explica.

No primeiro semestre foram produzidas 671.293 motocicletas no Polo Industrial de Manaus (PIM), onde a totalidade dos fabricantes está instalada.

O volume é 18% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Segundo a Abraciclo, este é o melhor resultado para os seis primeiros meses do ano desde 2015, quando foram produzidas 697.540 motos.

No mês de junho, foi registrada uma queda de 21,6% na produção, em comparação com maio, e de 3,6% em relação ao mesmo mês do ano passado – foram fabricadas 101.695 motocicletas. A retração já era esperada pelo setor, devido ao início das férias coletivas.

“As fábricas aproveitam essa parada para realizar as manutenções e os ajustes necessários em suas linhas de montagem”, explica Fermanian.

(Foto: Divulgação)

Vendas no varejo e exportações de motos

A Abraciclo também revisou para cima as projeções de vendas no varejo e exportações. A nova expectativa é de que os licenciamentos alcancem 1,26 milhão de unidades, crescimento de 8,9% na comparação com o ano passado.

Para as exportações, a estimativa é de que sejam embarcadas 56 mil motos, o que corresponde a uma alta de 4,7% em relação às 53.476 unidades exportadas em 2021.

No acumulado do ano, os licenciamentos de motos totalizaram até aqui 636.565 unidades, aumento de 23,1% na comparação com o mesmo período de 2021. Este foi o melhor desempenho para um primeiro semestre desde 2015, quando as empresas do PIM produziram 641.707 motos.

No mês de junho, foram emplacadas 120.841 unidades, o que corresponde a uma queda de 9,4% na comparação com maio. No entanto, em relação ao mesmo mês do ano passado, houve alta de 13,3%.

Categoria Street lidera produção e vendas (Foto: Divulgação/Honda Motos)

Mercado externo

As fábricas instaladas no PIM embarcaram 25.115 motocicletas para o mercado externo no primeiro semestre de 2022. O volume representa uma reduição de 4,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 26.260 motos.

De acordo com levantamento do portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, que registra os embarques totais de cada mês, os três principais mercados foram:

  1. Colômbia – 6.996 motocicletas e 28,9% do total
  2. Argentina – 6.185 (25,5%)
  3. Estados Unidos – 4.656 (19,2%)

Ainda segundo dados do Comex Stat, as posições do ranking mensal de exportações foram mantidas em junho: Colômbia (1.828 motos e 38,4%), Argentina (1.268 e 26,7%) e Estados Unidos (701 e 14,7%).

“As exportações para os Estados Unidos cresceram 132,9%, o que comprova a qualidade do produto nacional em um dos mercados mais exigentes do mundo”, enfatiza o presidente da Abraciclo.

(Foto: Divulgação/Honda)

Vendas por segmento

A categoria mais licenciada foi a Street, com 59.364 unidades e 49,1% de participação no mercado. A Trail ficou em segundo lugar (24.213 motocicletas e 20% dos emplacamentos), seguida pela Motoneta (18.169 unidades e 15%).

O levantamento da Abraciclo mostra que foram licenciadas 100.499 motocicletas de baixa cilindrada (até 160 cc), o que corresponde a 83,1% do mercado. Os modelos de 161 cc a 449 cc tiveram 16.275 unidades emplacadas (13,5% do mercado), enquanto as motocicletas acima de 450 cilindradas registraram 4.067 emplacamentos (3,4%).

O presidente da associação enfatiza o fato de existir, atualmente, fila de espera para os modelos de baixa cilindrada e scooters, os preferidos por quem trabalha em serviços de entrega (delivery) e utiliza a moto para deslocamento urbano. O tempo de espera, segundo ele, é de cerca de 30 dias.

“No caso das motocicletas premium e de uso misto, o estoque nas concessionárias já foi normalizado”, afirma Fermanian.

(Foto: Divulgação/Yamaha)

 

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Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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