Em live transmitida no YouTube nesta quinta-feira (21), a montadora chinesa GWM rebateu o lobby pela volta da alíquota de 35% do Imposto de Importação (II) sobre veículos eletrificados.
A taxação de carros elétricos foi zerada na gestão de Michel Temer (MDB), há cinco anos, enquanto os híbridos pagam II de 2% a 4%. Na visão da GWM, o movimento das montadoras tradicionais se trata de “choro”.
Entenda os argumentos da GWM contra a volta da taxação de carros elétricos
A live foi conduzida por Oswaldo Ramos, diretor Comercial da GWM Brasil. Na opinião do executivo, o País continua produzindo, hoje, carros similares aos do início dos anos 2000, “só mudando a aparência, o estilo, o nome. Mas cadê a tecnologia?”, indaga.
VEJA TAMBÉM
Segundo o executivo, essa situação criou uma oportunidade, o que motivou a GWM a vir para o Brasil.
“Sabíamos que iríamos puxar uma nova era. Esta [a eletrificação] é uma revolução irreversível, nada vai pará-la. Ou as marcas acompanham ou estarão destinadas a encerrar suas atividades no Brasil. Não adianta chorar com o governo. Não adianta apelar para coisas paralelas”, afirmou Ramos.
Nas últimas semanas, o grupo das montadoras mais tradicionais no mercado brasileiro – marcas europeias e estadunidenses reunidas na Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) – intensificou o lobby junto ao governo federal pela volta do Imposto de Importação.
Nesta quinta-feira, por exemplo, o presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, pediu publicamente, durante evento em São Paulo, cotas sem imposto para carros elétricos, que seriam aplicadas somente às montadoras que produzem no Brasil – alijando desse sistema as chinesas GWM e BYD, recém-chegadas ao País.
A Anfavea confiava que a volta da taxação dos carros elétricos importados faria parte da MP do Rota 2030, que está para ser editada pelo governo. Mas, ao que tudo indica, já perdeu essa batalha.
O texto da segunda fase do Rota 2030, programa federal de incentivos para o setor automotivo, chamado agora de Mobilidade Verde, será assinado em até duas semanas pelo governo federal e enviado ao Congresso Nacional.
Segundo o secretário de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Uallace Moreira, informou ao jornal “Valor Econômico”, o programa incluirá metas de eficiência energética a uma variedade maior de veículos, como motos, triciclos, caminhões e ônibus.
Mas não está prevista, assegurou Moreira, nenhuma decisão relacionada ao Imposto de Importação (II) para veículos híbridos e elétricos, como a Anfavea e as montadoras tradicionais vinham apregoando.
Segundo Moreira, tributação de importações é um tema relativo à Câmara de Comércio Exterior (Camex), um colegiado que envolve vários ministérios.
Lembrando que, atualmente, os carros elétricos são totalmente isentos do II e para os híbridos as alíquotas variam de 2% a 4%.
GWM defende maior concorrência no mercado brasileiro
Um dos argumentos apresentados pela GWM é exemplificado pelo Jeep Compass 4xE, o único SUV híbrido plug-in (PHEV) disponível no mercado nacional não pertencente ao segmento premium.
Ramos destaca que esse modelo teve o preço reduzido em R$ 70 mil depois que a GWM lançou, no Brasil, seu Haval H6 PHEV. “Veja o que faz a concorrência; olha como o preço da Jeep estava desposicionado”, ressaltou Ramos.
De acordo com ele, caso a taxação voltasse, o preço do Compass 4xE – “que é produzido no Nordeste com incentivos fiscais regionais” – voltaria ao patamar original. Além disso, todos os SUVs do mercado, incluindo modelos com motorização diesel, subiriam de preço.
Acompanhe o assunto mais de perto: BYD critica Anfavea sobre a volta da taxação de carros elétricos