Opinião: Hamilton vence GP da Inglaterra com três pneus em um domingo que a sorte foi fundamental

Daqui a alguns anos, quando um fã for comentar sobre a temporada 2020 da Fórmula 1, certamente o GP da Inglaterra será uma das corridas lembradas. Isso porque Lewis Hamilton conseguiu vencer a corrida mesmo estando com apenas três pneus, já que o dianteiro esquerdo estourou na última volta. Segundo colocado – e com quatro borrachas intactas – Max Verstappen até tentou superar o inglês, mas Hamilton conseguiu levar o carro até a linha de chegada, tamanha era sua vantagem na ponta. Outro resultado surpreendente foi o terceiro lugar de Charles Leclerc, conseguindo o segundo pódio na temporada de uma fraca Ferrari.

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GP da Inglaterra 2020

A sorte e o azar marcaram o domingo em Silverstone. Toda a felicidade de Hamilton foi contrastada com o infortúnio de diversos outros pilotos. Nico Hulkenberg é o candidato ao posto de maior azarado do final de semana. Chamado às pressas para o lugar de Sergio Perez na Racing Point, já que o mexicano está com covid-19, o alemão cumpriu todos os treinos livres e a qualificação. Classificado em 13º, ele chegou a sentar no carro para levá-lo ao grid de largada. Entretanto, problemas na unidade de potência e no sistema hidráulico tiraram o alemão da prova antes mesmo de começá-la.

Só que a “zica” estava solta no autódromo. Kevin Magnussen e Alexander Albon se estranharam logo na primeira volta. Pior para o primeiro, que teve seu Haas atingido pelo Red Bull do tailandês e abandonou a prova. Na 12ª volta foi a vez de Danill Kvyat perder o controle do carro e acertar o seu AlphaTauri no muro, forçando uma nova entrada do Safety Car, que já havia entrado em ação na batida de Magnussen. Todo o grid, exceto Romain Grosjean da Haas, aproveitou a segunda intervenção do carro de segurança para fazer o único pit stop previsto em suas estratégias. Nessa altura, Hamilton liderava com Bottas em segundo.

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Assim que o Safety Car liberou a pista, o que se viu foi uma corrida sem grandes ações até as voltas finais. Aparentemente o azar tinha dado uma pausa para o almoço, mas voltou ao trabalho inspirado. Faltando duas voltas para o final da prova, o pneu dianteiro esquerdo de Bottas estourou quando parecia que ele terminaria novamente em segundo. Ele precisou dar uma volta inteira com apenas três pneus até chegar aos boxes, prejudicando completamente sua corrida – ele terminou em 11º. Em seguida foi a vez de Carlos Sainz sofrer com o mesmo problema em seu McLaren quando era o quarto colocado.

Com a onda de estouros, a Red Bull se precaveu e chamou Verstappen para uma troca de segurança, que colocou pneus macios para tentar fazer a volta mais rápida da prova, feito obtido com sucesso. Ele, que havia herdado o segundo lugar de Bottas, voltou à pista cerca de 35 segundos atrás de Hamilton. E foi nesse momento que a prova virou um drama para o líder da corrida. Pouco depois de abrir a última volta, a transmissão corta para o carro de Hamilton. E o que o mundo vê é um Mercedes com apenas três pneus e com o mesmo problema apresentado por Bottas e Sainz.

A partir desse momento a corrida virou um drama. A transmissão oficial mostrava Verstappen derrubando a vantagem a cada curva. Hamilton nunca torceu tanto para ver uma linha de chegada, já que no último trecho ele só estava 10 segundos à frente do holandês, que voava como se estivesse em volta de classificação. Última curva, Lewis aponta sem nem olhar para o retrovisor. Se Max estivesse ali, era melhor que ele nem visse. Só que o piloto adversário não estava. Quer dizer, até estava, mas 5 segundos atrás. O azar tentou derrubar Hamilton, só que a sorte de hexacampeão quebrou qualquer “zica” e garantiu o 87º triunfo da carreira do inglês, o sétimo em sua casa. Ufa!

Vitória de Hamilton foi tão emblemática que valeu dois (belos) troféus de uma vez – o da direita, na realidade, é o da equipe|Divulgação/Mercedes-AMG F1

Final feliz

Certamente foi um dia lendário para Hamilton. Além de terminar a prova em um triciclo disfarçado de carro de F1, ele abriu 30 pontos na tabela do campeonato. Azar para Bottas, que estacionou nos 58 pontos, sorte para Lewis, que agora soma 88 tentos. Verstappen é o terceiro na tabela com 52 pontos, enquanto que Lando Norris, da McLaren, e Leclerc – que ou leva seu Ferrari ao pódio ou nem pontua – completam os cinco primeiros colocados com 36 e 33 pontos, respectivamente.

Sem tempo para descanso, a Fórmula 1 já se prepara para a etapa seguinte, que será disputada neste domingo (9) em Silverstone mais uma vez, só que com uma mudança importante. A Pirelli já anunciou que vai utilizar compostos mais macios para o segundo GP no circuito britânico. Se os pneus mais duros sofreram com as curvas de alta da pista, os da próxima corrida tendem a se deteriorar ainda mais. Provavelmente será preciso uma estratégia de duas paradas para evitar que os furos aconteçam novamente. A ver como cada equipe irá se comportar.

Classificação final

Abaixo, confira como ficou a classificação final do GP da Inglaterra de 2020.

POS NO DRIVER CAR LAPS TIME/RETIRED PTS
1 44 Lewis Hamilton MERCEDES 52 1:28:01.283 25
2 33 Max Verstappen* RED BULL RACING HONDA 52 +5.856s 19
3 16 Charles Leclerc FERRARI 52 +18.474s 15
4 3 Daniel Ricciardo RENAULT 52 +19.650s 12
5 4 Lando Norris MCLAREN RENAULT 52 +22.277s 10
6 31 Esteban Ocon RENAULT 52 +26.937s 8
7 10 Pierre Gasly ALPHATAURI HONDA 52 +31.188s 6
8 23 Alexander Albon RED BULL RACING HONDA 52 +32.670s 4
9 18 Lance Stroll RACING POINT BWT MERCEDES 52 +37.311s 2
10 5 Sebastian Vettel FERRARI 52 +41.857s 1
11 77 Valtteri Bottas MERCEDES 52 +42.167s 0
12 63 George Russell WILLIAMS MERCEDES 52 +52.004s 0
13 55 Carlos Sainz MCLAREN RENAULT 52 +53.370s 0
14 99 Antonio Giovinazzi ALFA ROMEO RACING FERRARI 52 +54.205s 0
15 6 Nicholas Latifi WILLIAMS MERCEDES 52 +54.549s 0
16 8 Romain Grosjean HAAS FERRARI 52 +55.050s 0
17 7 Kimi Räikkönen ALFA ROMEO RACING FERRARI 51 +1 lap 0
NC 26 Daniil Kvyat ALPHATAURI HONDA 11 DNF 0
NC 20 Kevin Magnussen HAAS FERRARI 1 DNF 0
NC 27 Nico Hulkenberg RACING POINT BWT MERCEDES 0 DNS 0

*OBS: Verstappen marcou o ponto extra por ter feito a volta mais rápida da prova. Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) foi punido em 5 segundos por excesso de velocidade durante o Safety Car. 

Leo Alves
Leo AlvesJornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo e participante do curso livre de Jornalismo Automotivo da Faculdade Cásper Líbero, sou apaixonado por carros desde que me conheço por gente. Já escrevi sobre tecnologia, turismo e futebol, mas o meu coração é impulsionado por motores e quatro rodas (embora goste muito de aviação também). Já estive na mesma sala que Lewis Hamilton, conversei com Rubens Barrichello e entrevistei Christian Fittipaldi.
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