De acordo com o mais recente levantamento da Senatran, a conversão de carros para o uso de GNV cresceu 74% no primeiro semestre de 2022, no comparativo com o mesmo período de 2020. Alta dos combustíveis pode ser usada como justificativa. No entanto, percentual de acidentes também pode crescer.
Maior procura pelo GNV: com o crescimento do combustível, risco de acidentes é maior
Conforme o levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito, a Sentran, a conversão de carros para o uso do Gás Natural Veicular, o GNV, cresceu 74% no primeiro semestre de 2022 no comparativo com o mesmo período de 2020.
A procura pelo GNV pode ser justificada pelo constante aumento dos demais combustíveis, como a gasolina e o etanol. O Gás Natural Veicular pode representar até 40% de economia de dinheiro em relação aos combustíveis líquidos, dependendo do motor, uso e preço dos combustíveis. Para fazer esse cálculo rapidamente, criamos uma ferramenta que compara o rendimento do GNV em comparação com o álcool e a gasolina. Acesse a calculadora clicando aqui!
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No entanto, o aumento de carros convertidos também faz com que o percentual de irregularidades e possíveis acidentes aumente.
Como comprovação, nesta semana, um episódio de explosão no momento do abastecimento aconteceu no Rio de Janeiro, o que causou a morte do motorista. O estado é o local de maior concentração de carros convertidos ao uso do GNV no país.
Dados de junho de 2022 da Senatran mostram que existem mais de 2,6 milhões de veículos com GNV instalados no Brasil. Desse total, cerca de 1,6 milhão circulam no Rio de Janeiro.
A Federação Nacional dos Organismos de Inspeção Veicular, a Fenive, relaciona o fato “provavelmente pela cultura criada, com grande rede de abastecimento de combustível e desconto no IPVA”.
O órgão também afirma que o aumento no preço dos demais combustíveis atrai novos consumidores para a conversão para o GNV e por isso a fiscalização deve ser reforçada, incluindo o atendimento nos postos.
Estados como o Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Goiás, já contam com legislações específicas que exigem que o motorista comprove o Selo GNV para abastecer o veículo.
De acordo com o presidente da FENIVE, Everton Pedroso, essas situações de explosão ocorrem por uma sequência de irregularidades.
“O proprietário do carro instala um equipamento irregularmente, nem sempre fazem a inspeção obrigatória e não regularizam o veículo e no posto não exigem a apresentação do selo do GNV no momento do abastecimento.
O posto tem a obrigação de exigir este selo, pois casos como esses de explosão podem acontecer se não estiver tudo dentro dos padrões do Inmetro”, explica Pedroso.
Conversão deve ser feita por empresas credenciadas pelo Inmetro
O ato da conversão deve ser realizada exclusivamente em empresas credenciadas pelo Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, o INMETRO, e devem passar por inspeção técnica para receber o certificado de segurança veicular.
Porém, além da conversão credenciada o carro deve obrigatoriamente passar por inspeção veicular anual inicial e periódica para a renovação do Certificado de Segurança Veicular (CSV).
A inspeção tem o objetivo de verificar fixação do suporte, se o cilindro está dentro da validade e se tem alguma avaria aparente, além de conferir o sistema de ventilação, o redutor de pressão, verificar pontos de possível vazamento, entre outras medidas que asseguram a qualidade da instalação do equipamento.
Depois da avaliação, o proprietário recebe o selo de inspeção, que comprova que o kit GNV, naquele momento, não apresentava vazamentos e que todos os componentes estavam dentro das normas de instalação e segurança previstas.
Contudo, a falta de fiscalização permite que sejam feitas alterações no sistema GNV e até a instalação do kit de conversão clandestinamente.
“Há muitos proprietários que fazem a instalação de forma clandestina dos veículos e sequer passam por qualquer tipo de procedimento junto aos órgãos competentes, colocando em risco a vida das pessoas”, comenta Pedroso.