Fuja dos combustíveis adulterados
Consumidor pode solicitar alguns testes, e o estabelecimento é obrigado por lei a realizá-los
Os recentes aumentos no preço dos combustíveis fizeram com que muitos motoristas passassem a procurarem por produtos com valores mais acessíveis. No entanto, o antigo ditado já dizia que “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Assim, para se proteger de combustíveis adulterados, o consumidor deve ficar de olho em algumas dicas importantes para que o barato não saia caro.
Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os motivos para a alteração da fórmula envolvem agentes econômicos e podem ocorrer devido a adição de compostos ao combustível. O órgão lembra que a modificação não deve ser confundida com a não-conformidade do produto. A primeira acontece com a soma de novas substâncias, e a segunda pode ser resultante de contaminação não proposital.
Pelos dados divulgados pela ANP, no primeiro semestre de 2015 foram registradas 1.407 infrações em postos de combustível de todo o Brasil. As mais recorrentes foram: a não prestação de informações ao consumidor (17%); a construção ou operação de equipamentos em desacordo (15,7%); e a comercialização e/ou armazenamento de produto em não conformidade com a especificação (15,6%).
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Controle dos postos
Gilberto Pose é coordenador técnico de combustíveis da Raizen, empresa licenciada da marca Shell no Brasil, e afirma que há investimentos constantes em programas de controle de qualidade. “Existem estruturas equipadas para analisar amostras e detectar a origem do combustível”, diz. Ele também conta que a marca aposta no oferecimento de treinamentos rigorosos para os técnicos responsáveis pelo programa, além de cursos periódicos de atualização para os profissionais.
Quanto aos postos da bandeira BR, por meio de uma nota, a assessoria de imprensa da empresa informou que a ela foi a distribuidora pioneira no controle da qualidade de seus produtos e que os consumidores podem acessar sua página na internet para tirar as dúvidas sobre o programa “De Olho no Combustível“.
Também procurado pela reportagem do site em diversas ocasiões, o porta-voz dos postos ALE não estava disponível para declarações.
Veja abaixo quatro dicas de antes de abastecer o automóvel:
1. Teste de proveta
A medida é gratuita e pode ser solicitada em qualquer estabelecimento autorizado para a venda de combustível. O teste é rápido e consiste em verificar o teor de etanol na gasolina.
De acordo com a ANP, a avaliação é obrigatória e a recusa do funcionário do estabelecimento em fazê-la resulta em infração. Se isso acontecer, o consumidor deve ligar para o Centro de Relações com o Consumidor do órgão pelo telefone 0800 970 0267 ou fazer a denuncia pelo site. É preciso ter o endereço completo ou o CNPJ do estabelecimento.
Com a reclamação feita, a agência informa que o local será fiscalizado por agentes em conjunto com autoridades. No entanto, por critérios de segurança, não indica a data em que isso irá acontecer. Se constatada irregularidades, um relatório oficial com essas informações é publicado no portal da ANP. Entre as penas possíveis estão notificação, multa de até R$ 5 milhões e a interdição do estabelecimento.
2. Teste de teor alcoólico
O teste de teor alcoólico é outro que pode e deve ser checado. O resultado tem que indicar o volume de álcool no combustível entre 95,1% e 96,6%, ou entre 97,1% e 98,6%, no caso de produto premium. A hidratação do etanol também deve ser colocada em cheque. O interessado pode verificar se o líquido está límpido, isento de impurezas e sem a coloração alaranjada, que indica irregularidade.
3. Teste de vazão
Este é outro teste que pode ser solicitado em caso de desconfiança sobre a quantidade de combustível repassado da bomba para o tanque do carro. A avaliação mede se o instrumento do posto está cedendo a mesma quantidade que o marcador diz. Para isso, utiliza-se 20 litros de combustível, e a tolerância do resultado é de 100 ml para mais ou para menos.
4. Selo, preço e distribuidora
Para garantir mais segurança, a observação do bomba de combustível pode deixar o consumidor mais tranquilo. Ela tem que contar obrigatoriamente com o selo de inspeção do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), com o preço e o tipo do produto armazenado e também com uma indicação da distribuidora do combustível.
Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.