Fábrica da Ford, Toyota e outras que deixaram o ABC; entenda por que

O ABC Paulista é bastante conhecido pelos fãs de automóveis. Afinal, muitos veículos clássicos foram fabricados na região. No entanto, algumas montadoras decidiram fechar suas fábricas. A fábrica da Ford foi uma delas. Isso também irá acontecer com a Toyota. Mas qual é o motivo disso? Veja fatores que podem ter feito as empresas saírem da região.

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A Toyota anunciou recentemente que irá fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (Foto: Divulgação/Toyota)

Especialistas explicam o por quê da Fábrica da Ford e Toyota saírem do ABC

Um dos casos mais conhecidos de fábricas que saíram do local é o da Ford, em São Bernardo do Campo. Sua fábrica tinha sido inaugurada nos anos 50. No caso, ela pertencia à Willys e depois, em 1967, passou a ser da Ford. A montadora dos Estados Unidos ficou por lá até o ano de 2019, quando foi anunciado o fim das operações.

O local já foi vendido. Lembrando que a Ford não fabrica mais carros no Brasil. Mas qual seria o motivo para ela decidir isso? Em entrevista ao portal UOL Carros, o sócio da consultoria MRD Consulting, Flavio Padovan, pensa que fechar a fábrica já estava nos planos da marca. Ele também falou sobre o fato dela não trazer retornos. 

“Ainda assim, não dá para ignorar que a unidade do ABC era ineficiente e antiga, representava um custo morto, sem trazer benefício”, afirmou Padovan ao UOL Carros .

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Foto: Divulgação/Toyota

Quem também está de malas prontas para sair da cidade é a Toyota. No local, a empresa produz alguns componentes de carros nacionais. Além de algumas peças, que são exportadas. Ela anunciou no mês passado que atividades que estão sendo realizadas por lá irão ser passadas para as fábricas de Indaiatuba, Sorocaba e Porto Feliz.

Todas ficam no estado de São Paulo. Lembrando que a fábrica do ABC, inaugurada em 1962, foi a primeira da montadora fora do Japão. Um modelo clássico que foi feito na região foi o Bandeirante.

Do mesmo modo, Flavio Padovan disse ao repórter do site, Alessandro Reis, que a modernização faria com a montadora gastasse mais dinheiro.

“Considero que, na visão da Toyota, o investimento para modernizar São Bernardo seria muito grande, levando em conta que a marca detém fábricas mais modernas e eficientes, nas quais já tem investido”, avalia o sócio da consultoria MRD Consulting

Disputas fiscais

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Foto: Pixabay.com

Um outro motivo que pode ter contribuído é a chamada “Guerra Fiscal”. Neste caso, existe uma “disputa” entre várias prefeituras ou estados do País para ver quem oferece mais vantagens tributárias. Hoje, existem fábricas de automóveis espalhadas por várias regiões. E é isso que explica o consultor Flavio Padovan.

“Assim como Detroit, nos EUA, o ABC foi o primeiro polo automotivo do seu país.”

‘Só que, ao longo dos anos, outros Estados e cidades iniciaram uma guerra fiscal e melhoraram a respectiva infraestrutura, enquanto as regiões pioneiras ficaram obsoletas para novos investimentos, que passaram a ficar restritos a companhias já ali consolidadas”, diz.

Já para o consultor Ricardo Bacellar, da Bacellar Advisory Boards e conselheiro da SAE Brasil, diz que as cidades do ABC possuem bons atributos (localização e estradas).

No entanto, ele também fala que as marcas estão pensando mais em buscar um melhor custo-benefício e explica como os incentivos fiscais podem ser importantes na hora de uma empresa escolher o local.

“As vantagens fiscais têm sido tão importantes que a Jeep preferiu erguer do zero todo um polo automotivo em Pernambuco, incluindo a cadeia de fornecedores. O órgão mais sensível é sempre o bolso e nesse caso não foi diferente”, diz Bacellar.

Influência dos sindicatos

Fábrica Ford (Foto: Divulgação/Ford)

A força dos sindicatos também pode ser um fator importante. No entanto, para Ricardo Barcellar, o fator de mobilização dos trabalhadores já foi maior, pois em outras regiões também há uma forte mobilização sindical. Enquanto isso, Flavio Padovan diz que é um fator importante, mas não decisivo.

O UOL procurou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para comentar a saída das fábricas da região e eles se pronunciaram em nota oficial apenas sobre a questão da Toyota.

“O Sindicato tem pautado políticas públicas que promovam o crescimento do setor industrial e garantam que as fábricas existentes possam se manter e até receber investimento, porém nem o governo do Estado nem o governo federal têm se movimentado em defesa da indústria.

Isso é falta de uma política industrial. O Brasil necessita urgentemente de uma política industrial para que o setor possa voltar a gerar empregos. O ABC é mais um reflexo disso”, diz o comunicado.

Vale ressaltar que o ABC Paulista é formado por sete cidades. Todas elas fazem parte da Região Metropolitana de São Paulo. Dentre as marcas que ainda estão por lá, podemos destacar a Volkswagen, Chevrolet, Mercedes-Benz (caminhões) e entre outras.

Com informações dos sindicatos da Uol 

Pedro Giordan
Pedro GiordanJornalista graduado pela Universidade Metodista de São Paulo em 2017. Redator do Garagem360 desde 2021, onde acumula desde então experiência e pesquisas sobre o setor automotivo. Anteriormente, trabalhou em redação jornalística, assessoria de imprensa, blog sobre futebol e site especializado em esportes.
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