Exportação de carros chineses para a Rússia despenca 58% em meio a barreiras fiscais

Exportação de carros chineses para a Rússia cai 58% (Jan-Set/2025). Aumento de 70% na taxa de reciclagem e alta de tarifas sufocam o lucro, derrubando a China para 3º maior exportador.

A fase de “dinheiro fácil” para as montadoras chinesas no mercado russo chegou ao fim. As exportações de automóveis da China para a Rússia sofreram uma queda abrupta de 58% no período de janeiro a setembro de 2025, de acordo com dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros (CPCA).

O Breve “Boom” Pós-Sanções

Com a exportação de 357.700 veículos completos no período, a Rússia perdeu sua posição de principal destino para os carros chineses, caindo para o terceiro lugar, atrás do México (410.700 unidades) e dos Emirados Árabes Unidos (367.800 unidades).

O mercado russo se tornou um Eldorado para a China após fevereiro de 2022. Com a saída massiva de montadoras ocidentais, japonesas e coreanas devido às sanções, um enorme vácuo foi criado. As marcas chinesas preencheram esse espaço, e as exportações dispararam, atingindo 950.000 unidades em 2023 – um aumento de quase cinco vezes em relação ao ano anterior.

O pico foi em 2024, com 1,158 milhão de unidades exportadas. Nesse período de ouro, a participação de mercado das marcas chinesas na Rússia chegou a quase 50%.

Exportação de carros chineses para a Rússia despenca 58% em meio a barreiras fiscais – Foto: Divulgação

O Golpe Fatal: Aumento de Impostos

A euforia de crescimento, no entanto, foi interrompida em 2025 por uma série de mudanças na política russa que visavam proteger a indústria local e conter a importação descontrolada:

  1. Aumento da Taxa de Reciclagem: Em outubro de 2024, a Rússia elevou drasticamente a taxa de reciclagem para veículos importados em 70% a 85%. Em alguns casos, essa taxa saltou de $16.000 (aproximadamente 1,3 milhão de rublos) para$ 29.300 (2,37 milhões de rublos), esmagando as margens de lucro dos importadores.
  2. Elevação de Tarifas: Em janeiro de 2025, as tarifas de importação de veículos aumentaram ainda mais, variando entre 20% e 38%.

Esses impostos combinados criaram uma “carga tributária pesada” que eliminou a vantagem de preço que os veículos chineses possuíam.

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Fechamento dos “Canais Cinzentos”

O endurecimento das políticas também atingiu os chamados “canais cinzentos”. Anteriormente, montadoras chinesas reexportavam veículos por meio de países terceiros, como o Cazaquistão, rotulando-os indevidamente como “carros usados ​​com quilometragem zero” para burlar os impostos.

Essa brecha foi fechada em abril de 2024. O bloqueio não só removeu o incentivo fiscal, mas também expôs a falta de garantia e suporte pós-venda para esses veículos, impactando negativamente a reputação das marcas chinesas no longo prazo.

A demanda interna na Rússia também esfriou, com a taxa básica de juros alta (21%) para combater a inflação, elevando o financiamento de veículos a cerca de 30% ao ano. Somado aos novos impostos, o preço médio de um carro novo na Rússia subiu para cerca de $ 41.400, forçando uma queda acentuada na demanda do consumidor.

Com a diminuição do conflito Rússia-Ucrânia, a intenção de marcas como Toyota, Renault, Hyundai e Kia de retornar ao mercado russo também aumentou a cautela dos consumidores. Como resultado, 213 das 274 concessionárias de automóveis fechadas na Rússia no primeiro trimestre de 2025 eram de montadoras chinesas.

Com o aumento de impostos, as montadoras chinesas devem focar no Brasil? Comente sua opinião!

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Robson Quirino
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Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.