Enfrente alagamentos com segurança
Motorista só deve atravessar enchentes se o nível da água estiver abaixo da metade da roda
Principalmente em São Paulo, as chuvas de verão deixam a cidade caótica em poucos minutos. Além de aumentar o trânsito, muitas áreas acabam alagadas. Caso o motorista se depare com este tipo de situação, deve analisar com calma e decidir se vale a pena ir em frente e atravessar a água – o que, muitas vezes, é perigoso – ou dar meia volta e tentar outro caminho.
“Alguns alagamentos são traiçoeiros. A água, por exemplo, pode encobrir um bueiro ou uma valeta que disfarça a verdadeira profundidade da enchente”, diz Francisco Satkunas, conselheiro da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).
Por isso, em dias de chuva, a melhor opção é evitar vias que costumam sofrer com enchentes. Vale a pena checar os noticiários e aplicativos como o Waze para verificar se a rota desejada está com problemas. Se isso não for possível, é preciso observar alguns fatores antes da passar com o carro em grandes poças de água.
É importante salientar que nunca se deve tentar atravessar alagamentos com correntezas. Em alguns casos, a situação pode complicar, e terminar com o veículo sendo arrastado ou atingido por troncos ou objetos que estão no fluxo da água.
Atravessando em segurança
Satkunas explica que para fazer uma travessia segura, o nível de altura da água não pode ultrapassar a metade da roda. “Caso o motorista decida cruzar o alagamento, o mais importante é ter as rodas no chão e manter o motor com giro acima de três mil rotações por minuto para evitar que a água entre pelo escapamento em quantidade que impeça a saída dos gases da combustão, e que o propulsor pare de funcionar.”
Os carros rebaixados, em especial, não devem nunca fazer esse tipo de travessia. “Veículos com maior altura do solo têm melhor chance de ultrapassar enchentes moderadas, pois o centro das rodas é mais elevado”, comenta o profissional.
Durante o trajeto, é necessário manter a primeira marcha engatada nos carros manuais e tentar controlar a rotação e a velocidade dos automáticos, empurrando a água suavemente como se fosse um rodo.
“A marcha, portanto, deve ser a mais reduzida possível, para que a velocidade seja baixa de modo a evitar que a água ultrapasse o capô e acabe entrando no motor por meio do filtro de ar. Caso isso aconteça, é provável que o sistema ‘morra’ e existe risco de um calço hidráulico, o que significa que o líquido entra na câmara de combustão e trava – ou até mesmo quebra – elementos como bielas, pistões e eixo de manivelas”, relata Satkunas.
Se o motor desligar, o motorista só deve tentar dar a partida de novo se a água estiver abaixo da metade da roda. Caso contrário, o processo pode causar um calço hidráulico e romper peças vitais.
Atingido no congestionamento
No verão é grande o potencial para chuvas rápidas e de forte intensidade, com risco de alagamentos em vias nas baixadas das cidades. Mesmo com bueiros e drenagem, a enxurrada pode chegar subitamente e em poucos minutos atingir um carro parado no congestionamento.
Caso isso aconteça, o ideal é manter a calma e seguir as seguintes instruções: deixar o carro em ponto morto – ou neutro no caso dos automáticos -, e manter o motor acima de três mil rotações até que a água abaixe. Se ela começar a subir muito, condutor e passageiros devem abandonar o veículo o mais rápido possível e procurar abrigo em local seguro.
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