Após Japão, Coreia do Sul corre para fazer acordo tarifário com Donald Trump
Após o Japão, a Coreia do Sul corre contra o tempo para negociar um acordo tarifário com Donald Trump e evitar taxas de 25% sobre exportações automotivas. Entenda o impacto para Hyundai e Kia.
Com o prazo de 1º de agosto se aproximando e a sombra de uma tarifa de 25% sobre suas exportações automotivas para os Estados Unidos, a Coreia do Sul intensifica os esforços para negociar um acordo tarifário com o governo de Donald Trump. A pressão aumentou consideravelmente após o Japão conseguir reduzir sua taxa para 15%, estabelecendo um novo patamar nas negociações.
As montadoras de diversos países, incluindo gigantes como Hyundai e Kia, estão atentas aos desdobramentos, já que o setor automotivo responde por 60% do superávit comercial de US$ 66 bilhões da Coreia do Sul com os EUA. Um acordo desfavorável poderia ter um impacto devastador para essas empresas.
Coreia do Sul corre para fazer acordo tarifário com Donald Trump
O acordo entre Japão e EUA, que reduziu a taxação sobre carros japoneses de 25% para 15%, serve como um farol, mas também como um desafio para a Coreia do Sul.
A Coreia do Sul enfrenta vários obstáculos em suas negociações. Primeiro, o prazo apertado até 1º de agosto. Segundo, a dificuldade em persuadir os EUA a oferecer taxas ainda mais baixas que as concedidas ao Japão (15%) ou à Grã-Bretanha (10%), como apontou Kim Yong-jin, professor de administração da Universidade Sogang. Além disso, o país terá que “adoçar” sua proposta com ofertas adicionais, similares às do Japão.
Enquanto o Japão realizou oito viagens a Washington e uma cúpula com Trump antes de selar seu acordo, a Coreia do Sul ainda não havia garantido uma reunião de alto nível com a capital americana até pouco tempo atrás. No entanto, o Ministro da Indústria sul-coreano, Kim Jung-kwan, está em Washington esta semana para as negociações.
Proposta sul-coreana
Segundo a Bloomberg, Coreia do Sul e EUA já discutiram a criação de um fundo de bilhões de dólares para investir em projetos americanos, espelhando a iniciativa japonesa. Há também a possibilidade de a Coreia do Sul se comprometer a comprar mais produtos dos EUA em setores estratégicos, como veículos americanos.
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, chegou a sugerir um valor de US$ 400 bilhões nas negociações com a Coreia do Sul, o mesmo valor inicialmente proposto durante as conversas com o Japão. Contudo, a economia japonesa é mais que o dobro da coreana, tornando investimentos equivalentes nos EUA improváveis para a Coreia do Sul.
O presidente Trump deixou clara sua prioridade nas negociações: “A tarifa é muito importante, mas a abertura de um país, eu acho, pode ser ainda mais importante se nossas empresas fizerem o trabalho que deveriam estar fazendo. Tais aberturas merecem muitos pontos nas tarifas”. Essa declaração sugere que, além das reduções tarifárias, os EUA buscam um maior acesso a mercados estrangeiros para suas empresas.
Outros países também correm contra o tempo
Outros países asiáticos também estão na mira das negociações tarifárias dos EUA. A China, que tem um prazo diferente (12 de agosto) para as negociações, pode ter seu limite prorrogado para acomodar conversas adicionais, conforme observado pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
A Indonésia, outra importante montadora na Ásia, já firmou um acordo tarifário de 19% com os EUA. Essa taxa, embora limite moderadamente a competitividade, é um alívio considerável, já que o presidente Trump havia inicialmente ameaçado aplicar uma tarifa de 32% ao país. Em troca, a Indonésia se comprometeu a eliminar quase todas as suas barreiras comerciais à importação de produtos americanos.
O desenrolar das negociações entre Coreia do Sul e EUA nos próximos dias será crucial para o futuro das montadoras sul-coreanas e poderá moldar a dinâmica do comércio global, especialmente no setor automotivo.
Você acredita que a Coreia do Sul conseguirá um acordo favorável com os EUA antes do prazo? Como isso pode impactar as montadoras Hyundai e Kia?
Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.