Crise? Mitsubishi faz as malas e dá adeus a importante mercado
Mitsubishi sai da China: Entenda por que a montadora japonesa encerrou sua joint venture e deixou o mercado automotivo chinês, destacando o impacto da ascensão dos veículos elétricos locais. Leia mais!
A Mitsubishi Motors Corporation anunciou oficialmente o encerramento de sua joint venture com a Shenyang Aerospace Mit. Engine Mfg. Ltd. (Shenyang Aerospace Mitsubishi), confirmando sua retirada total do setor automotivo chinês. A decisão marca o fim de uma longa trajetória da montadora japonesa na China, iniciada em 1973, e reflete a profunda transformação do mercado local, impulsionado pela rápida ascensão dos veículos de nova energia.
Mitsubishi encerra joint venture na China
A Shenyang Aerospace Mitsubishi, fundada em 1997, foi por anos uma peça-chave na estratégia da Mitsubishi, produzindo motores tanto para seus próprios veículos quanto para diversas outras montadoras chinesas.
Com operações iniciadas em 1998, a joint venture fornecia componentes essenciais para sistemas de transmissão. No entanto, em 2 de julho de 2025, a empresa foi renomeada para Shenyang Guoqing Power Technology Co., Ltd., sinalizando a saída completa da Mitsubishi Motors e da Mitsubishi Corporation do quadro acionário.
Em comunicado, a Mitsubishi Motors citou a “rápida transformação da indústria automotiva da China” como a principal razão para sua saída, indicando uma reavaliação estratégica de suas prioridades regionais.
A montadora, que chegou a fornecer motores para aproximadamente 30% dos veículos produzidos no país no início dos anos 2000, viu sua posição erodir com a queda na demanda por motores de combustão interna e a ascensão implacável do setor de veículos elétricos (VEs) chinês.
GAC Mitsubishi
A GAC Mitsubishi, formada em 2012 em uma joint venture com o Guangzhou Automobile Group (GAC) e a Mitsubishi Corporation, chegou a apresentar resultados promissores. As vendas atingiram um pico de 144.000 unidades em 2018, impulsionadas principalmente pelo SUV Outlander. Contudo, essa trajetória de sucesso foi abruptamente interrompida: as entregas anuais despencaram para apenas 33.600 unidades em 2022, em meio à intensa concorrência das inovadoras marcas nacionais de VEs.
Os números revelam a gravidade da situação. Em 31 de março de 2023, a GAC Mitsubishi reportou um patrimônio líquido negativo de -1,414 bilhão de yuans (cerca de R$ 1,09 bilhão), com passivos superando os ativos.
Diante desse cenário, em outubro de 2023, a Mitsubishi já havia anunciado planos de interromper a produção local e reestruturar suas operações na China. Posteriormente, a GAC assumiu a propriedade total da joint venture, com a ambiciosa meta de redirecionar a fábrica para sua própria marca de veículos elétricos, a Aion, visando a produção em massa até junho de 2024.
A saída da Mitsubishi não é um caso isolado, mas reflete os desafios maiores enfrentados por diversas montadoras estrangeiras no dinâmico e altamente competitivo mercado chinês de VEs. Marcas locais como a BYD e as operações localizadas da Tesla dominam atualmente o cenário, enquanto outras joint ventures estrangeiras, como a GAC-FCA, já fracassaram por completo.
“O cenário automotivo da China se tornou um campo de batalha para a inovação em veículos elétricos, onde as montadoras tradicionais lutam para competir”, afirmou o analista do setor Chen Liwei, citado pela mídia chinesa Jiemian News. “A retirada da Mitsubishi destaca a mudança irreversível em direção a soluções nacionais.”
A decisão da Mitsubishi, embora dolorosa, sublinha a drástica reconfiguração do mercado automotivo chinês, que se transformou em um líder global em veículos de nova energia e um ambiente desafiador para empresas que não conseguem acompanhar o ritmo acelerado da inovação local.
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.