CNH sem Autoescola no Brasil: Governo e Câmara batem de frente

A proposta do governo federal de tornar as autoescolas facultativas para tirar a CNH enfrenta forte resistência da Câmara dos Deputados e do setor. O debate levanta questões sobre segurança, economia e burocracia.

A proposta do governo federal de flexibilizar o processo de obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e acabar com a obrigatoriedade das autoescolas está gerando um impasse político.

CNH sem Autoescola no Brasil: Governo e Câmara batem de frente

Em uma audiência pública na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, parlamentares, de oposição e da base do governo, deixaram claro que a medida não tem apoio e que qualquer tentativa de impô-la por meio de decreto será derrubada.

A discussão surge da necessidade de reduzir o alto custo do documento, que pode chegar a R$ 3.215,64, tornando-se um obstáculo para milhões de brasileiros. Segundo o secretário nacional de trânsito, Adrualdo de Lima Catão, cerca de 20 milhões de pessoas dirigem sem habilitação no país, e a burocracia e o preço são os principais impeditivos.

Governo e Câmara medem forças – Foto: Poder360

A Visão do Governo vs. a Posição do Congresso

O plano do Ministério dos Transportes é simples: permitir que o candidato escolha como se preparar para as provas teórica e prática. As aulas poderiam ser feitas online ou em Escolas Públicas de Trânsito, e a contratação de aulas práticas com instrutores ou autoescolas seria opcional.

O governo defende que o modelo atual, que exige 45 horas teóricas e 20 horas práticas, eleva os custos sem garantir a qualidade do aprendizado.

No entanto, a Câmara não concorda. O deputado Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), por exemplo, defendeu a necessidade de reformar o sistema, não de extingui-lo. “Temos que exigir mudanças na autoescola, não extinguir. O custo de obtenção da CNH precisa baixar, mas é essencial que haja autoescola no processo. Já temos o trânsito que mais mata”, disse ele.

Além da falta de apoio político, os deputados criticaram a ausência de um texto formal sobre a proposta, o que, segundo o presidente da comissão, Leônidas Cristino (PDT-CE), impede uma discussão séria e a análise de como a fiscalização e a formação seriam conduzidas.

Autoescolas em Alerta

A Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto) também está em pé de guerra. O presidente, Ygor Valença, alertou para o “descaso” com a formação de motoristas e para os riscos de a medida causar uma crise no setor. 

A Feneauto argumenta que as autoescolas são as únicas empresas que garantem a segurança jurídica e a educação no trânsito, e que a proposta do governo precariza o trabalho e ignora a importância da formação de qualidade.

Para Valença, a solução para o problema dos motoristas não habilitados não é facilitar a emissão do documento, mas sim garantir que todos passem por um processo educacional adequado.

A disputa promete esquentar e, com o setor e a Câmara contra, a proposta do governo enfrenta um caminho difícil para se tornar realidade.


Leia aqui: Fim da autoescola obrigatória: a prova para tirar a CNH vai ficar mais difícil?

Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Entrar no canal do Whatsapp Entrar no canal do Whatsapp
Robson Quirino
Escrito por

Robson Quirino

Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.

ASSISTA AGORA