Carros usados: frota envelhecida é motivo de preocupação

Com o modelo 0 km mais barato do mercado brasileiro com preço próximo de R$ 70 mil, o consumidor local busca alternativas já conhecidas para não ficar sem carro: a aquisição de automóveis seminovos e usados. Porém, o aumento na venda de carros usados também é motivo de preocupação para especialistas.

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Comprar carro está cada vez mais caro (Foto: Freepik)

Aumento de vendas de carros usados é resultado de cenário crítico e inseguro

Uma coisa é certa: para muitos, carro é necessidade. Porém, ele também já pode ser considerado artigo de luxo, uma vez que o carro 0 km mais barato do mercado brasileiro é um Renault Kwid, vendido pela “bagatela” de R$ 68.190. Ele é seguido de seu rival, o Fiat Mobi, que tem valor inicial de R$ 68.990.

Diante desse cenário, o consumidor brasileiro recorre ao segmento de seminovos e usados.

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De acordo com o último relatório da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, a Fenabrave, as transações de veículos usados atingiram, em março, 1.307.795 unidades, alta de 32,2% sobre fevereiro e evolução de 9,9% sobre o resultado de março de 2022. No acumulado do ano, a expansão foi de 6,2%.

Como comparação, em 2019, ano anterior ao início da pandemia, o setor registrou 3.310.171 transações. Em 2023, as trocas de titularidade somam 3.357.290 unidades na comparação dos trimestres de cada ano.

R$ 30 mil de ontem são os R$ 70 mil de hoje. Veja
Versão de topo de linha Outsider é a mais cara do Kwid atualmente por R$ 74.640. (Foto: Divulgação)

Para o presidente da entidade, o aumento na maior procura por carros usados também é justificado por outros fatores.

“A melhora de março era esperada, dada a diferença de dias úteis do mês (23, em março, contra 18, em fevereiro). No trimestre, as transações acumuladas de usados atingiram níveis pré-pandemia, o que mostra que o mercado vem consumindo mais carros usados, em função do endividamento das famílias, taxas de juros elevadas e restrição de crédito para a aquisição de veículos novos.”  analisa Andreta Jr., presidente da Fenabrave.

Porém, ainda de acordo com Andreta Jr. o envelhecimento da frota automotiva brasileira também deve causar certa preocupação. “Nossa preocupação é que quanto mais a frota envelhece, mais poluição e acidentes são causados”, reforça o executivo.

Dois pontos são levantados, o primeiro deles se refere ao nível de poluição emitida, uma vez que os carros mais novos atendem as legislações mais recentes e rigorosas referentes ao nível de poluentes gerados pela queima de combustível dos carros.

O segundo ponto, e talvez o mais importante, está ligado ao nível de segurança dos automóveis. Nesse sentido, os carros mais novos também entregam mais equipamentos de segurança exigidos por lei.

Torna-se quase que um ciclo sem fim, já que executivos de grandes montadoras alegam que um dos motivos pelos quais os carros ficam cada vez mais caros é justamente a constante necessidade de se readequar aos novo níveis de poluentes exigidos por lei, bem como a inserção de novos equipamentos de segurança. Novos equipamentos de conectividade também devem entrar na conta.

No ano passado, o Brasil deu início ao Proconve L7, nova fase da legislação que diz sobre os níveis de poluentes emitidos permitidos.

A partir de então, diversos carros foram aposentados, já que não se enquadravam nas novas regras, como foi o caso da Fiat Doblò com seu motor 1.8 E.torQ, enquanto outros modelos foram recalibrados, como a própria Chevrolet Spin.

De volta aos carros usados, a Fenabrave afirma que no primeiro trimestre do ano, os carros usados, entre veículos e comerciais leves, venderam 2.465.109 unidades.

Se considerarmos o mesmo período e categoria para os 0 km, o resultado é de 406.802. Ou seja, para cada automóvel 0km vendido no País, mais de 6 carros usados são comercializados.

Chevrolet Spin 2023
Chevrolet Spin 2023 (Foto: divulgação/GM)

Nicole Santana
Nicole SantanaJornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.
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