Carros mais seguros custam mais caros no Brasil; entenda por que
Os carros mais seguros são consequentemente mais caros. A introdução dos equipamentos faz com que o preço de um hatch ultrapasse R$ 100 mil
A segurança é um dos pilares na escolha de um novo automóvel. Porém, os carros mais seguros, são também os mais caros.
Carros seguros e mais caros
A indústria automotiva brasileira está em constante evolução, e dentro desse cenário muito se fala como o avanço tecnológico encareceu os veículos. Um dos fatores responsáveis por esse aumento é a introdução de novos itens de tecnologia e segurança embarcada.
Hoje, até mesmo os automóveis mais acessíveis financeiramente contam com itens de segurança que anteriormente eram vistos em modelos mais completos e de categorias superiores.
Como exemplo, o Hyundai HB20 2023, hatch que conta com a introdução de novos itens de segurança a partir das atualizações, tem preço de R$ 76.690, em sua versão mais acessível, a Sense.
No quesito segurança a configuração conta com seis airbags, luz de rodagem diurna (DRL), controle de estabilidade e assistente de partida em rampa.
Porém, a versão topo de linha, a Platinum Plus, que tem preço de R$ 114.390, inclui alarme, acendimento automático dos faróis, câmera de ré, faróis de neblina, alerta de saída segura e alerta de presença no banco traseiro.
Além disso, a configuração também é composta por frenagem autônoma de emergência, assistente de ponto cego, assistente de permanência e centralização de faixa, assistente de tráfego cruzado, detector de fadiga, farol alto adaptativo, alerta de saída segura, monitoramento de pressão dos pneus, alarma volumétrico e DRL em LED.
Todo esse pacote deixa o modelo R$ 37.700 mais caro. No entanto, o veículo apenas serve de exemplo para o mercado geral.
Sobre o tema, Jairo de Lima de Souza, da Engenharia Mecânica da FEI, disse em entrevista ao Uol Carros que “Esses sistemas eletrônicos embarcados são ferramentas extremamente eficientes para essas situações de trânsito e também [diminui] a possibilidade de atropelamentos. O problema é que a pesquisa e desenvolvimento tiveram um custo, a maioria dos dispositivos é importada e tudo precisa ser homologado.”
Ele conclui o raciocínio informando que com todos esses custos, “é natural que haja um custo embarcado”, no preço final do veículo.
Leis encarecem o produto final
Alguns dos itens que começaram a integrar os modelos são obrigatórios por lei. A introdução dos componentes está diretamente ligada ao encarecimento contínuo dos produtos, como a terceira luz de freio introduzida a partir de 2009, bem como os airbags dianteiros e freios ABS em 2014.
Chega a ser injusto comparar o preço dos carros de antigamente com os atuais, uma vez que os carros de décadas passadas não contavam com metade dos equipamentos introduzidos hoje.
Cinto de segurança de três pontas, encosto de cabeça, ISOFIX para fixação de cadeirinha infantil e diversos outros atributos eram opcionais anos atrás.
Crise dos semicondutores
A situação fica ainda mais complexa com a crise dos semicondutores que ainda gera grande impacto negativo na indústria.
A escassez dos componentes fez com que o tempo de espera para adquirir um automóvel seja maior do que o tradicional, e com isso, a lei da oferta e procura entra em ação e encarece o modelo.
Para que o impacto não fosse tão negativo, algumas montadoras decidiram reduzir os itens dos modelos e com isso, muitos perderam não só no quesito segurança, mas também na conectividade e conforto.
Jornalista e especialista em comunicação empresarial, com bagagem de mais de três anos atuando ativamente no setor automotivo e premiada em 2016 por melhor reportagem jornalística através do concurso da Auto Informe. Atualmente dedica-se à redação do portal Garagem 360, produzindo notícias, testes e conteúdo multimídia sobre o universo automobilístico.