Carros elétricos realmente são mais sustentáveis?
Os carros elétricos nunca foram tão relevantes do ponto de vista comercial e sustentável. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em outubro foram 2.370 emplacamentos da categoria.
O crescimento foi de 272% em relação ao ano passado, quando foram 636 unidades emplacadas. São 67.047 vendas de janeiro até outubro, um aumento de 73% sobre o mesmo período de 2022.
Mas, os carros elétricos são realmente sustentáveis? A resposta é sim, e quem traz mais informações sobre o tema é Luís Antônio Sebben, Diretor-Executivo na Ford Slaviero e Vice-Presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Carros elétricos são mais sustentáveis
Os números cada vez mais expressivos do mercado brasileiro refletem o global, cujas expectativas são de que 1 a cada 5 veículos vendidos no mundo sejam eletrificados até 2030.
Para 2040, a previsão é ainda mais audaciosa, com vendas globais de carros novos sejam somente de veículos elétricos.
Dentro desse universo, estão as picapes elétricas ou híbridas, que ainda estão chegando ao Brasil. Recentemente, foi lançada a primeira picape híbrida do mercado nacional, a Ford Maverick.
A ideia é que outras marcas sigam o exemplo, uma vez que a Maverick apresenta uma boa receptividade do mercado.
Luiz Antonio Sebben ressalta que as picapes, assim como as tendências dos SUVs eletrificados, se apresentam como promissoras para uma mobilidade com pegada de carbono reduzida.
Em um futuro próximo, podem superar os SUVs e sedãs médios na redução de emissões de gases de efeito estufa.
“Considerando a popularidade das picapes a combustão, a introdução desses modelos híbridos e elétricos é de suma importância para a construção de um futuro mais sustentável”, ressalta.
Luiz Antonio Sebben explica que quanto maior o veículo, maior é a redução total de emissões ao substituir o motor a combustão por um elétrico.
“Estudos indicam que, em média, a redução de dióxido de carbono equivalente é de 45 toneladas para sedãs, 56 toneladas para SUVs e 74 toneladas para picapes ao longo de sua vida útil.”
Baterias ainda são maior entrave
Apesar dos veículos elétricos terem uma taxa menor de geração dos gases de efeito estufa que os carros com motor a combustão, sua fabricação ainda requer ajustes, devido à produção de baterias.
Esse impacto ainda é compensado pela economia na operação. Em termos de emissões, os veículos elétricos são mais limpos que os híbridos.
Outra preocupação diz respeito a substituição da bateria, que é, de fato, um componente custoso. Entretanto, é importante ressaltar que as baterias empregadas nesses veículos apresentam uma alta durabilidade, com duração de cerca de 15 anos.
Além disso, os custos das baterias têm diminuído consideravelmente, e a possibilidade de trocar por baterias remanufaturadas, custando cerca de 60% do valor original.
Luiz ressalta que geralmente, o serviço de substituição é coberto pela garantia do veículo, que abrange um período de 8 anos ou 160 mil km.
Estrutura de carregamento em expansão
Tanto as vendas de carros elétricos, como também o desenvolvimento da infraestrutura de carregamento têm avançado em quase todas as regiões do mundo.
Na Europa, por exemplo, foram criadas leis que incentivam o carregamento de veículos elétricos, com a instalação de estações de recarga a cada 60 km nas principais rotas até 2026.
Ademais, a simplificação do pagamento é uma meta, pois muitas estações exigem assinaturas ou o download de aplicativos para efetuar o pagamento.
O continente também tem como meta zerar as emissões de gás carbono dos veículos até 2035, o que significa que carros a combustão não serão mais vendidos (zero km).
No Brasil, o cenário é um pouco diferente, embora tenhamos uma promissora infraestrutura para o setor, com diversas alternativas de energia de baixo carbono associadas às tecnologias apropriadas.
Em discussão estão diferentes alternativas para a redução das emissões de carbono, desde motores a combustão eficientes até veículos elétricos ou movidos a hidrogênio, passando por soluções híbridas.
Recentemente, foi enviado um projeto de lei ao Congresso Nacional que pode reduzir até 5 bilhões de litros de gasolina por ano.
Além disso, o país deve investir cerca de 14 bilhões de reais em pontos de recarga para veículos elétricos até 2035.