Caminhoneiros e os bloqueios: confira o que dizem representantes da categoria 

Associações de caminhoneiros afirmam que são contra as ações de militantes bolsonaristas que bloqueiam rodovias do País.

Associações que representam caminhoneiros e transportadores de cargas afirmam que são contra as ações promovidas por militantes bolsonaristas em rodovias do País desde na noite do último domingo (30).

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu na manhã desta terça-feira que agentes da Polícia Militar têm autorização para atuar em rodovias estaduais e federais para imediata desobstrução e impedir a dificuldade de passagem de veículos.

Moraes ainda autorizou a Polícia Militar a identificar caminhões utilizados para bloqueios de tráfego para que seja aplicada multa e prisão em flagrante.

Caminhoneiros e transportadores repudiam interdições de estradas

(Foto: Lola Ferreira/UOL)

As paralisações são realizadas por adeptos bolsonaristas que não aceitam o resultado das eleições, que terminaram com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) classificou os movimentos como antidemocráticos e destacou que é falsa a alegação de que essa manifestação representa a categoria:

“A Confederação reforça, mais uma vez, que não existe paralisação de caminhoneiros. Quem está desrespeitando a lei e impedindo o direito de ir e vir dos cidadãos e o trabalho dos caminhoneiros são grupos armados que não aceitam o resultado democrático e soberano das urnas. Esses grupos defendem a intervenção militar e volta da ditadura, pautas antidemocráticas que ferem à nossa Constituição, o direito de expressão e a liberdade individual.”

Em nota à imprensa, a entidade prossegue:

“A pauta dos caminhoneiros não é política, mas econômica. Os 800 mil caminhoneiros autônomos e celetistas da base da CNTTL continuarão a luta pela volta da aposentadoria ao 25 anos de trabalho, pela consolidação do Piso Mínimo de Frete, pela criação de pontos de parada e descanso, pela redução do preço do combustível e pela defesa da Petrobras.”

A CNTT afirma, ainda, que os bloqueios são “criminosos” e colocam vidas em risco:

“Os caminhoneiros estão sendo reféns e vítimas desses grupos, que estão armados, fazem ameaças e os impedem de falar com a imprensa. Isso é extremamente grave!”

A CNTTL também defende, no comunicado, a prisão dos que estão participando das interdições de pistas.

“É o momento das autoridades agirem com rigor no cumprimento do comando constitucional e efetivar a prisão em flagrante de todos que estão nesse momento tentando subverter a ordem do Estado Democrático.”

“Movimento de natureza política”, dizem caminhoneiros

(Foto: Marcos Thiago/Rádio Planalto)

Por sua vez, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) disse que é “veemente contra movimento grevista, de natureza política, que fere o direito de ir e vir de todos os cidadãos”.

Wallace Landim, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), afirma, em vídeo publicado no Instagram, que a categoria precisa reconhecer a vitória do presidente eleito.

Segundo Landim, a luta dos caminhoneiros por melhorias para os trabalhadores do setor deve continuar, mas sempre com respeito à democracia.

Falta de gás no Piauí

O presidente do Sindicato dos Transportadores de Cargas e Logística do Piauí (Sindicapi), Humberto Lopes, declarou em entrevista à TV Clube de Teresina-PI nesta terça-feira (1º) que o Estado pode sofrer desabastecimento de gás de cozinha devido ao fechamento de rodovias. Ele afirmou que a ação nas estradas é realizada por “grupos isolados que não aceitam o resultado das urnas na eleição de 2022”:

“Estamos muito prejudicados com isso. Nós estávamos querendo regularizar o abastecimento de gás, está faltando gás no porto de São Luís e no Ceará e não estamos tendo condições de abastecer. Chegou o navio com gás e tudo e nós não temos condições pra fazer esse transporte. E o abastecimento de gás aqui no Piauí já estava comprometido porque estava em falta nos portos para os transportadores.”

Segundo o líder local dos caminhoneiros, as ações vão contra a vontade da categoria:

“Isso não é uma manifestação reivindicando absolutamente nada. Isso é uma reivindicação política. O carreteiro [motorista] não quer parar. O carreteiro quer trabalhar. Nós os transportadores de cargas estamos estarrecidos com essa situação. Então o motorista lá está cumprindo ordem de quem é dono do veículo. Eles estão bloqueando as vias com pneus, com trator, retroescavadeira. Estão usando todo tipo de violência pra que o carreteiro não prossiga. A verdade é essa.”

Vacinas em risco

(Foto: Divulgação/Instituto Butantan)

Uma carga com 520 mil ovos usados para produção de vacinas contra a gripe H3N2, produzida pelo Instituto Butantan, ficou presa no bloqueio por caminhoneiros próximo a Jundiaí, no interior de São Paulo.

De acordo com o Butantan, caso os produtos não chegassem à instituição até o final da manhã desta terça-feira (1º), o processo de fabricação poderia ser impactado causando um prejuízo na produção de 1 milhão e meio de doses do imunizante contra o vírus influenza.

Porém, segundo informou a diretoria do instituto à tarde, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) foi acionada e conseguiu liberar a tempo a passagem do veículo.

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Paulo Silveira Lima
Escrito por

Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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