Acelerando para o B25: Petrobras e o desafio de qualidade e preço do Biodiesel no Brasil
Petrobras afirma estar pronta para elevar a mistura de biodiesel no diesel para $25%$. Entenda o debate sobre o alto custo do biodiesel (quase 98% de aumento) e os riscos para a frota antiga de caminhões no Brasil.
A transição energética e a busca por combustíveis mais limpos continuam no centro do debate brasileiro. Recentemente, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, garantiu a capacidade da estatal em lidar com um aumento futuro na mistura de biodiesel, afirmando que a empresa está “preparada para atingir, futuramente, o nível de 25% na mistura do biodiesel no diesel” e pode fornecer um produto final “estável, perfeito em termos de estrutura”.
Petrobras e o desafio de qualidade e preço do Biodiesel no Brasil
A declaração foi dada no Fórum de Debates da Confederação Nacional de Transportes (CNT) em Brasília, reforçando o compromisso com a elevação do percentual obrigatório, que já está em 15% desde agosto de 2025, por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Embora a sustentabilidade seja a meta, o preço da transição gera preocupação, especialmente para o setor de transportes. Dados levantados pela empresa de tecnologia Gasola by nstech mostram um desequilíbrio no custo dos combustíveis:
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Diesel Comum: Aumento de cerca de 57% entre 2020 e 2025 (aproximadamente R$ 2,19 por litro).
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Biodiesel: Disparada de quase 98% no mesmo período.

Vitor Sabag, especialista em combustível da Gasola, explica que o biodiesel, por ter um custo de produção superior ao diesel de petróleo, impacta diretamente o valor final na bomba à medida que sua proporção na mistura obrigatória cresce.
“A transição para combustíveis mais sustentáveis é importante, mas precisa vir acompanhada de planejamento, previsibilidade e diálogo com o setor, para que os custos não fiquem desproporcionais e não afetem a competitividade do transporte rodoviário de cargas,” alerta Sabag.
A Volatilidade da Soja e a Frota Antiga
Um dos principais desafios de custo reside na matéria-prima: a maior parte do biodiesel nacional ainda depende do óleo de soja, que é vulnerável à volatilidade do mercado agrícola. O aumento gradual do B15 para o B25 (25% de mistura) naturalmente eleva a demanda por soja, pressionando os preços.
Além do custo, há a questão técnica da Frota Rodoviária de Cargas (TRC). O modal, responsável por 70% do transporte de mercadorias no Brasil (dados da CNT), possui uma frota com idade média de 18 anos. Sabag levanta uma questão crucial:
“Muitos desses caminhões talvez não estejam preparados para trabalhar com percentuais elevados de biodiesel, o que levanta preocupações técnicas e de custo.”

O Caminho da Solução: Aprender com a Europa
Apesar dos obstáculos, o especialista da Gasola reconhece a importância do biodiesel, visto que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais e possui know-how e infraestrutura em desenvolvimento.
Contudo, para garantir que o aumento da mistura não afete a competitividade e a logística, o Brasil deve olhar para modelos internacionais, como o europeu. A Europa não foca apenas em aumentar o biocombustível; ela adota uma abordagem mais ampla, combinando:
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Biocombustíveis avançados.
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Combustíveis sintéticos e elétricos.
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Políticas que consideram o motor, a idade da frota e o tipo de uso (urbano ou rodoviário).
A conclusão é que o biodiesel pode ser uma peça fundamental na matriz energética brasileira, mas deve ser parte de um conjunto de soluções (incluindo eletrificação e outros renováveis), garantindo que sua produção seja competitiva e que a frota nacional tenha suporte técnico e político para se adaptar aos novos padrões.
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.