A “Epidemia” da Clonagem: Por que a Placa Mercosul virou um alvo fácil para golpistas?
Entenda por que a clonagem da placa Mercosul se tornou uma "epidemia" no Brasil. Descubra quais elementos de segurança foram removidos e o que as autoridades estão fazendo para combater esse problema que afeta a segurança pública.
A proliferação da clonagem de placas de veículos se tornou uma grave preocupação no Brasil, e a situação ganhou ainda mais força após a adoção da Placa de Identificação Veicular (PIV), conhecida como Placa Mercosul. O que era para ser uma solução para coibir fraudes, transformou-se em um problema em escala alarmante.
Placa Mercosul: a história de um padrão que perdeu a segurança
Segundo dados recentes do Detran-SP, mais de 2.600 casos de suspeita de clonagem de veículos foram registrados no último ano, uma média de sete ocorrências por dia. Só em junho de 2025, a capital paulista registrou 5.579 notificações de adulteração de placas de motocicletas. Esse aumento de crimes reflete uma fragilidade no sistema que, ironically, deveria ser mais seguro.
O projeto original da Placa Mercosul, que foi desenhado para ser um padrão unificado entre os países do bloco, incluía uma série de elementos de segurança que, com o tempo, foram sendo removidos. A cada alteração, a placa ficava mais barata, mas também mais vulnerável a falsificações.
Entre os itens de segurança que foram descartados, estão:
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Chip RFID: Essencial para rastreamento e fiscalização, o chip foi abolido em 2018.
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Lacre: O lacre, que garantia a autenticidade da instalação, também foi removido em 2018.
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Elementos holográficos: A faixa holográfica (descartada em 2017) e outros elementos como ondas senoidais e o efeito difrativo da inscrição “Brasil-Mercosul” (removidos em 2019) foram eliminados para reduzir custos.
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Bandeira do estado e brasão do município: A ausência desses elementos, que antes ajudavam na identificação visual, contribui para a facilidade de clonagem e dificulta a fiscalização.
A decisão de remover esses dispositivos foi motivada pela redução de custos de produção, mas o resultado foi uma placa que se tornou um alvo fácil para criminosos, que usam a clonagem para cometer assaltos, roubos e adulteração de multas e IPVA.
A Resposta das Autoridades e o Cenário Futuro
As autoridades, especialmente em São Paulo, reconhecem a gravidade do problema. Ao apresentar o programa Smart Sampa, que equipa motos da polícia com câmeras de leitura de placas, o governador Tarcísio de Freitas classificou a situação como uma “epidemia” e criticou a fragilidade da placa Mercosul.
Apesar da urgência, a responsabilidade de reintroduzir os elementos de segurança não cabe aos estados, mas sim ao Governo Federal, por meio das normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A discussão sobre o retorno do chip, do lacre ou de outros elementos de segurança é crucial para reverter o cenário atual, mas a decisão esbarra em questões burocráticas e de custo.
A clonagem da placa Mercosul é um problema que afeta a segurança pública e a vida dos cidadãos honestos. A solução, que passa por medidas tecnológicas e legislativas, precisa ser tratada como prioridade para que a placa, que deveria ser um símbolo de modernidade e segurança, não continue a ser uma ferramenta para o crime.
Na sua opinião, o retorno de elementos de segurança como o chip RFID e o lacre é a solução para a clonagem de placas? Comente e participe da conversa!
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.