A dívida milionária de IPVA de carros do ex-presidente Fernando Collor

Se você está enrolado com o pagamento do IPVA do seu carro, com o imposto em atraso, saiba que tem companhia ilustre. O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB) está mais enrolado ainda. O político selou um novo acordo com a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE) para quitar uma dívida milionária envolvendo parcelas atrasadas do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores de seus carros de alto luxo.

Confira o valor da dívida milionária de IPVA do ex-presidente Fernando Collor

Segundo a PGE, o débito referente aos boletos de IPVA em atraso foi parcelado em 60 vezes. A primeira prestação, com valor em torno de R$ 62 mil já venceu – e teria sido paga. Os carros estão em nome da empresa Água Branca Participações, que pertence ao ex-presidente e seu filho Fernando James Braz Collor de Mello.

Os carros com IPVA em atraso são um Lamborghini Aventador Roadster 2013, um Bentley Continental 2012 e um Rolls-Royce Phanton 2005. Segundo parecer da PGE, os boletos não vêm sendo pagos desde 2016, e os débitos somam R$ 1.598.117,70, em valores atualizados.

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No acordo feito com Collor, a PGE exigiu que fosse paga uma entrada de 5% do valor líquido do débito. A procuradoria também exigiu que o ex-presidente reconhecesse as dívidas e abrisse mão de recursos no Judiciário.

A dívida milionária foi cobrada pelo governo de São Paulo em cinco ações contra a Água Branca Participações, que chegaram ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). 

Carros de Collor já foram envolvidos em processos judiciais

A dívida milionária de IPVA de carros do ex-presidente Fernando Collor
Lamborghini Aventador Roadster 2013 compõe a frota inadimplente de Collor (Foto: Divulgação/Lamborghini)

No ano passado, o TJSP chegou a determinar o leilão do Bentley, avaliado em cerca de R$ 900 mil, como forma de quitar parte da dívida. No entanto, o ato foi posteriormente revogado. 

Em 2015, a Polícia Federal (PF) apreendeu o Aventador, que tem valor de mercado em R$ 3,3 milhões, durante uma ação da Operação Lava Jato. Na época, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que havia suspeitas de que o carro teria sido adquirido por meio de prática criminosa. Porém, dessa vez por determinação do Supremo Tribunal Federal, a máquina de alto luxo foi devolvida para Collor.

Compra ilegal de carro embasou processo de impeachment em 1992

A dívida milionária de IPVA de carros do ex-presidente Fernando Collor
Fiat Elba Weekend, modelo que foi pivô de processo de impeachment em 1992 (Foto: Divulgação/Fiat)

O histórico de problemas envolvendo carros de Fernando Collor tem início há mais de 30 anos. Em 1992, a perua Fiat Elba Weekend 1991 foi pivô nas investigações que resultaram no processo de impeachment, e depois na sua renúncia à Presidência da República no fim daquele ano.

Durante as investigações, foi comprovado que a Elba, comprada para a primeira-dama Rosane Collor, havia sido paga com um cheque de Paulo César Farias – o PC Farias, tesoureiro de Collor na campanha presidencial de 1989. Farias foi apontado como testa de ferro do ex-presidente em um esquema de corrupção que desviou o equivalente a mais de R$ 1 bilhão em dinheiro público.

Paulo Silveira Lima
Paulo Silveira LimaJornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.
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