O Lado Oculto da Uber: Denúncias de agressão sexual superam dados oficiais
O Lado Oculto da Uber: Denúncias de agressão sexual superam dados oficiais. Veja o que as investigações apontam sobre os casos.
A Uber, líder global em transporte por aplicativo, enfrenta uma grave crise de credibilidade após a revelação de documentos sigilosos de processos judiciais. Os registros mostram que, entre 2017 e 2022, a empresa recebeu uma denúncia de agressão ou má conduta sexual a cada oito minutos nos Estados Unidos, um número dramaticamente maior do que os relatórios públicos da empresa.
Enquanto a Uber se promove como uma das formas mais seguras de se deslocar, com campanhas de marketing agressivas e relatórios cuidadosamente editados, nos bastidores, a realidade era outra. Dados internos mostram que foram registradas 400.181 denúncias de má conduta sexual, em contraste com os 12.522 casos de agressões graves que a empresa optou por divulgar.
Denúncias de agressão sexual superam dados oficiais da Uber
Documentos e depoimentos de mais de uma dúzia de ex-funcionários revelam que a Uber priorizou interesses corporativos em detrimento da segurança dos usuários. Decisões estratégicas foram tomadas para proteger o modelo de negócio, evitar processos judiciais e priorizar o crescimento da base de usuários.
Entre as iniciativas ignoradas ou adiadas, estão:
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Algoritmos preditivos: A Uber desenvolveu um algoritmo que poderia antecipar 15% das agressões sexuais, mas a ferramenta teve implementação lenta e falhas graves.
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Câmeras nos veículos: A empresa optou por não exigir câmeras nos carros, mesmo sabendo que a medida inibiria comportamentos abusivos. A decisão visava manter a classificação dos motoristas como autônomos e evitar custos de supervisão.
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Gravação de vídeo obrigatória: A ideia, que surgiu em 2014, foi preterida em favor da opção de gravação de áudio e vídeo facultativa, com o argumento de “questões de privacidade”.
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Motoristas e passageiras mulheres: A Uber testou com sucesso o pareamento exclusivo entre motoristas e passageiras mulheres na Arábia Saudita, mas hesitou em expandir a política para os EUA por medo de reações políticas e processos por discriminação.
O Problema da Subnotificação
Apesar do alto número de denúncias, a própria Uber reconhece que muitos casos não são notificados. O medo, a vergonha e a intimidação, especialmente porque motoristas podem saber o endereço de suas vítimas, contribuem para que o problema seja ainda maior.
A empresa identificou que a maioria das vítimas é mulher, os ataques ocorrem à noite ou nos fins de semana e os agressores, em geral, são homens com histórico de má conduta ou avaliações negativas.
O caso de uma mulher em Houston, que em 2023 denunciou ter sido estuprada após uma corrida de 22 minutos se transformar em uma viagem de cinco horas, mostra as falhas graves nos sistemas da empresa. O motorista já tinha acusações anteriores, e desvios de rota, que deveriam ser sinais de alerta, foram ignorados pela plataforma.
Em meio a um cenário de crescente preocupação com a segurança de motoristas e passageiros, a Uber se vê em um momento crucial. A transparência prometida pela liderança após escândalos passados parece ter sido comprometida por interesses financeiros.
A questão que permanece é: a Uber está realmente comprometida em proteger seus usuários, ou a segurança é apenas um produto de marketing?
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Sou Robson Quirino. Formado em Comunicação Social pelo IESB-Brasília, atuo como Redator/ Jornalista desde 2009 e para o segmento automotivo desde 2019. Gosto de saber como os carros funcionam, inclusive a rebimboca da parafuseta.