Enchente: saiba o que fazer quando o veículo é atingido

Automóvel deve ser removido de guincho e encaminhado para uma oficina

Nas últimas semanas, várias cidades do País têm sofrido com as enchentes. E a previsão meteorológica é de que vem mais chuva por aí. Nestes dias de temporal, os motoristas precisam redobrar a atenção e evitar a todo custo passar por áreas alagadas. Mas, às vezes, imprevistos acontecem, e o carro pode ser tomado pela água de uma hora para outra. Se isso ocorrer com você, o mais importante é manter a calma e não colocar a segurança em risco para tentar “salvar” o veículo.

Normalmente, ao entrar em zonas alagadas, o automóvel costuma desligar. Em uma situação como essa, nunca se deve dar a partida e tentar ligar o motor, pois ele pode acabar fundindo. Caso o carro pare, o melhor a fazer é sair de dentro dele e acionar um serviço de guincho especializado para levá-lo direto a uma oficina especializada.

11804019766_e62e70c531_b

Carro atingido pela água costuma apresentar falhas mecânicas | Foto: sffubs via Visualhunt.com / CC BY-NC-SA

A água que entra no propulsor durante as enchentes pode ocasionar seu travamento ou a perda parcial ou total. “O reparo de um motor com água varia de R$ 2 mil a 15 mil, dependendo do modelo do carro e se ele é nacional ou importado”, diz João Carlos Fernandes, professor de engenharia elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia.

Além disso, outros problemas mecânicos causados por enchentes podem colocar a segurança de motoristas, passageiros e pedestres em risco. “Alguns carros apresentam falhas no sistema de freios, sendo que eles deixam de funcionar. Também existem casos de panes elétricas e oxidação nos chicotes e nos sensores, possibilitando até a ocorrência de incêndios”, explica Fernandes.

A lataria do carro também deve passar por uma vistoria após este tipo de situação, já que a a força da água, assim como galhos de árvores e outros objetos arrastados, podem atingir o automóvel e amassá-lo.

Apesar de exigirem cuidados especiais, a maioria dos carros que ficam presos em enchentes têm como ser recuperados. “Entretanto, é importante alertar que existem casos de perda total. Normalmente, isso acontece quando eles boiam e são arremetidos em outros carros. Isso também vale para alguns casos em que o motor é ligado com água e desencadeia uma série de panes elétricas”, relata o professor do Instituto Mauá de Tecnologia.

Parte interna

Erica Zimmermann, gerente da oficina SP Center Car, de São Paulo, diz que os modelos alagados devem passar por um processo de higienização interna especial. O tempo de serviço depende do grau de danificação, mas costuma demorar, em média, cinco dias. Os valores também variam de acordo com a situação de cada um – partem de R$ 600 e podem ultrapassar R$ 10 mil.

FF_Carros-sao-arrastados-por-enchente-no-Rio-de-Janeiro_001

Automóvel que sofreu com enchente tem de passar por processo de higienização| Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil/ Fotos Públicas (13/03/2016)

“Os casos mais simples são os de carros em que a água não ultrapassou a altura dos bancos. Neles, desmontamos os assentos e removemos o carpete. Debaixo dele fica o feltro, que é o que causa o mau cheiro e o mofo. Ele tem de ser substituído por um novo após a limpeza”, afirma Erica.

Em alguns casos ainda é possível reaproveitar o feltro. “Quanto mais tempo a pessoa demora para fazer a lavagem, pior fica a situação. Se o dano for recente, conseguimos mandá-lo para a lavagem e usar novamente”, garante Rodrigo Silva, responsável pelo Lava-Rápido Los Três Amigos.

Se a água atingiu os bancos, será preciso higienizá-los. “Eles são feitos com uma espuma injetada que absorve o líquido, por isso, temos que tirar o tecido ou couro e fazer um processo de secagem e recuperação”, conta Erica.

Durante a limpeza, é importante checar o filtro de ar e trocá-lo se necessário. Também é preciso ver se o tanque de gasolina está em ordem. Em alguns casos, câmbio e motor precisam ser desmontados para que todos os resíduos sejam removidos. E se a água atingir o motor, é recomendado fazer a troca de óleo para manter a qualidade do produto.

Maria Beatriz Vaccari
Escrito por

Maria Beatriz Vaccari

ASSISTA AGORA