Conheça alternativas que podem melhorar a mobilidade urbana

Grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são prejudicadas todos os dias pela quantidade excessiva de carros e motos

Atualmente, vários países do mundo procuram por alternativas para melhorar a mobilidade, a qualidade de vida e reduzir a emissão de poluentes gerada pelo excesso de veículos nas ruas. O grande desafio é fazer com que as opções de transporte disponíveis nas metrópoles atendam toda a população. No Brasil, 85% das pessoas vivem em áreas urbanas, pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que torna a proposta ainda mais difícil.

Segundo Marcos de Sousa, editor do portal Mobilize Brasil, com conteúdo exclusivo sobre o assunto, a mobilidade urbana começou a se tornar um problema graças ao “esticamento” das cidades. “Com a necessidade de percorrer grandes distâncias, as pessoas passaram a comprar mais carros. Mas apesar de serem ótimos para a locomoção, quando em excesso, eles acabam criando enormes congestionamentos e dominando a cidade”, explica.

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Metrô é o meio de transporte mais eficiente para as grandes cidades | Foto: Visual Hunt

O especialista ressalta que o tipo de transporte mais eficiente em termos de mobilidade é o metrô. “A cidade de São Paulo, por exemplo, deveria ter linhas muito mais amplas. O problema é que a implantação é cara, por isso, este sistema foi substituído pelos corredores de ônibus. Eles até são eficientes, mas é preciso lembrar que um único vagão de metrô consegue comportar a mesma quantidade de pessoas que cabem dentro de três ônibus articulados”, conta.

Já que são os ônibus que dominam a capital paulista, uma solução para diminuir pelo menos o problema da poluição, seria o investimento nos movidos a eletricidade. O mesmo vale para os automóveis elétricos. Apesar de ainda não serem populares no Brasil, por conta dos altos preços, eles são a melhor opção para rodar por aí de forma mais ecológica.

A cidade ideal

Cada cidade tem sua particularidade, por isso, é impossível dizer que existe um modelo perfeito quando o assunto é mobilidade. “A que passa mais perto do considerado ideal é aquela em que a as pessoas se locomovem diariamente em um raio de dois a três quilômetros. Isso significa que se pode ir ao local desejado a pé ou mesclando recursos de transporte público e bicicletas comunitárias, por exemplo”, afirma Sousa.

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Melhor forma de evitar o congestionamento é interligando os meios de transporte | Foto: Visionstyler Press via VisualHunt.com / CC BY-SA

Para ele, o grande segredo está na conexão entre os transportes. Neste caso, o importante seria haver interligações entre linhas de metrô, ônibus, bondes, trens e bikes de aluguel. Com todas essas alternativas disponíveis, a tendência é que os cidadãos comecem a usar os carros apenas para percorrer longas distâncias.

Também é preciso investir nas ruas das cidades para torná-las caminháveis, já que as calçadas das metrópoles passaram a ficar cada vez mais estreitas. Isso incentiva as pessoas a percorrerem trechos a pé e, consequentemente, diminui os índices de poluição emitidos pelos carros, que irão ficar na garagem, e melhora a fluidez do trânsito.

O especialista do Mobilize Brasil destaca ainda que existem cidades e regiões que apresentam um conceito de mobilidade muito eficaz. Um dos exemplos é Paris, na França, que pode ser percorrida praticamente inteira usando linhas de metrô.

Opções bacanas

Apesar de o Brasil ainda estar caminhando quando o assunto é mobilidade urbana, já existem algumas ações bem bacanas que podem ser utilizadas pelos que desejam colaborar por uma vida melhor nas metrópoles. Entre as mais famosas estão Bike Rio e Bike Sampa, projetos das prefeituras do Rio de Janeiro e de São Paulo em parceria com o banco Itaú e as empresas Samba e Serttel. O objetivo é oferecer o aluguel de bicicletas comunitárias, que ficam distribuídas em centenas de estações espalhadas pelas cidades.

Rio de Janeiro- RJ- Brasil- 17/11/2014- Ciclovias de Botafogo serão revitalizadas e interligadas. Foto: Raphael Lima/ PMRJ

Prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro, em parceria com o banco Itaú,  oferecem projetos de bicicletas comunitárias | Foto: Raphael Lima/ PMRJ / Fotos Públicas (08/09/2014)

Dependendo do tempo, o uso das magrelas é tarifado ou não – as taxas começam a ser cobradas quando a viagem ultrapassa 60 minutos, e o valor é de R$ 5 por hora. A devolução pode ser feita em qualquer um dos pontos. De acordo com informações divulgadas nos sites dos projetos, juntos, eles já realizaram mais de nove milhões de viagens e evitaram que mais de três mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) fossem liberadas no ar.

Outra alterativa é o Carona Solidária. Gratuito, o serviço tem como finalidade promover caronas entre a população e, com isso, diminuir a quantidade de veículos, melhorar o trânsito, a qualidade do ar nas cidades e reduzir em até 75% os custos com combustível, pedágios e demais despesas que ocorrem em rotas rotineiras ou até mesmo em viagens.

carsharing (compartilhamento de automóveis) é mais uma ótima opção para melhorar a mobilidade das grandes cidades. “O brasileiro ainda é muito apegado com o seu carro. Entretanto, podemos ver que em países da Europa já é bem comum dividir ou alugar para pessoas que precisam”, comenta Sousa. Esse tipo de exercício ajuda a reduzir o número de veículos na rua no dia a dia e pode até fazer com que as pessoas que pretendem comprar desistam da ideia, e passem a usar os compartilhados apenas quando necessário.

Em um futuro próximo

Pelo mundo ainda existem projetos que prometem melhorar, e muito, o fluxo das cidades, mas a maioria deles ainda está em fase de teste. Caso do Ford Credit Link. Ele permite que grupos de até seis pessoas comprem um carro juntos e o compartilhem. A organização de uso e manutenção é controlada por meio de um aplicativo.

“Vemos um potencial de mudança, com várias pessoas dividindo os custos e os benefícios de um veículo, em vez de um só consumidor pagar por ele. O Ford Credit Link torna os nossos modelos disponíveis mais rapidamente para pessoas que não precisam, ou não querem ter um automóvel próprio, mas têm requisitos de mobilidade para atender”, relata David McClelland, vice-presidente executivo de Marketing e Vendas da Ford Credit.

Outro projeto bacana é o brasileiro e-patinete elétrico Surfer, que está em processo de introdução no mercado. “Nosso objetivo é pegar carona na diminuição das velocidades das vias e no aumento das ciclovias, já que com ele é possível andar nos dois”, diz Yuri Berezovoy, engenheiro da computação e sócio do projeto.

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O e-patinete surf pode ser usado em ciclovias e também em vias comuns | Foto: Divulgação

Ao andar nas vias comuns, o condutor aciona o sistema de aceleração, possibilitando que o Surfer atinja 45 km/h. Já na ciclovia é preciso desativá-lo – a velocidade máxima permitida nas faixas é de 25 km/h. Neste último caso, o usuário terá de dar um impulso inicial para que o veículo pegue embalo e mantenha-se a cerca de 20 km/h. Ele ficará estabilizado por um tempo, mas de vez em quando vai precisar de outro impulso para atingir mais velocidade.

Berezovoy garante que o patinete é totalmente elétrico, e sua bateria tem autonomia para rodar 35 quilômetros. “Um dos principais diferenciais é que ele, além de não emitir gases, não apresenta ruídos ou poluição sonora. Nas grandes cidades, as motos são responsáveis por grande parte do barulho do trânsito. Se as pessoas adotarem modelos como o Surfer, as ruas serão bem mais silenciosas e confortáveis para pedestres e motoristas”,finaliza.

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Maria Beatriz Vaccari
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Maria Beatriz Vaccari

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