CPI dos Aplicativos: relatório final pede mudanças em empresas de mobilidade

A CPI dos Aplicativos da Câmara de São Paulo aprovou o relatório final das investigações, que propõe alterações em viagens e delivery

A CPI dos Aplicativos da Câmara Municipal de São Paulo aprovou, por unanimidade, o relatório final das investigações e encerrou os trabalhos, na última segunda-feira (12). O documento, com mais de mil páginas, traz uma série de recomendações, propondo um marco regulatório que consiga equilibrar o serviço, traga contrapartidas à cidade e ofereça mais segurança ao usuário e ao trabalhador, seja motorista ou motofretista.

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito aponta, em especial, a necessidade de revisão da regulamentação dos serviços de transporte de passageiros e uma nova regra para os serviços de entregas (delivery), melhores condições trabalhistas e a urgência de uma legislação de seguridade social voltada para essas categorias.

Conheça os pontos destacados no relatório final da CPI dos Aplicativos 

CPI dos Aplicativos: relatório final pede mudanças em empresas de mobilidade e delivery

CPI dos Aplicativos apresenta relatório final (Foto: Richard Lourenço/CMSP)

A CPI dos Aplicativos foi instaurada no começo de 2021 e, ao longo de quase dois anos, investigou a atuação das plataformas de aplicativos e de entregas na cidade de São Paulo. Durante os 14 meses de trabalhos – excluindo o período em que as investigações foram paralisadas em decorrência da pandemia de Covid-19 –, a CPI ouviu representantes das principais empresas de transporte e de delivery (como Uber, 99 e iFood) e de transporte de pequenas cargas.

Representantes e ex-representantes do Poder Executivo, procuradores do Ministério Público do Trabalho e membros de sindicatos também foram ouvidos sobre como se deu a regulamentação dos aplicativos de transporte no município e como é a atuação das empresas de delivery na cidade.

As propostas contidas no relatório final da CPI dos Aplicativos têm caráter pioneiro e deverão pautar, em âmbito nacional, as regulamentações das duas categorias.

De forma a garantir que as informações obtidas durante as investigações tenham o devido alcance, as recomendações deverão ser enviadas ao Congresso Nacional, para que as discussões sobre os aplicativos de transporte e delivery ocorram em âmbito federal.

As informações também serão enviadas à prefeitura de São Paulo, para que o Poder Executivo faça uma auditoria no pagamento do preço público por quilômetro rodado pelos aplicativos de transporte desde 2016 – um dos principais pontos abordados durante as investigações e cuja previsão de arrecadação, para este ano, está na casa dos R$ 240 milhões.

Também receberão o documento o Ministério Público Estadual, а Justiça Trabalhista, аs empresas de aplicativos de transporte e delivery, аs entidades representativas e os órgãos trabalhistas.

Uber e 99 de volta a São Paulo

CPI dos Aplicativos: relatório final pede mudanças em empresas de mobilidade e delivery

Uber retorna sua sede para a cidade de São Paulo, assim como a 99 (Foto: Freepik)

As investigações encabeçadas pela CPI tiveram o efeito de causar o retorno das sedes de Uber e 99 para São Paulo, após as duas empresas terem se mudado para Osasco – os membros da CPI investigaram a possibilidade de a mudança ter se dado por razões fiscais, uma vez que a alíquota de Imposto Sobre Serviços (ISS) recolhida em Osasco é menor do que na capital, o que configuraria evasão fiscal. 

Nas estimativas apresentadas pelos vereadores, o retorno dessas duas empresas deverá aumentar a arrecadação da cidade de São Paulo em R$ 200 milhões anuais por meio do pagamento de ISS, fora a geração de postos diretos de trabalho. Outro ponto de destaque em relação aos aplicativos de transporte foi a revelação, na comissão, de que a empresa russa Indriver operava sem credenciamento na capital.

Outros pontos destacados no relatório final da CPI dos Aplicativos são: 

  • Buscar estabelecer, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), que empresas como Uber e 99 devam ser enquadradas como de transporte, e não de tecnologia – o que mudaria o status tributário delas junto ao município; 
  • Alteração no modelo de pagamento das empresas por quilômetro rodado, que hoje é feito com base em autodeclaração (por homologação), por modelo de algoritmos; 
  • Situação trabalhista dos motoristas e entregadores; 
  • Falta de transparência e clareza nas políticas de segurança desenvolvidas pelas plataformas para motoristas e passageiros;
  • Ausência de contrapartidas pelo uso intensivo do viário paulistano pelas empresas de transporte de mercadorias e serviços.
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Paulo Silveira Lima
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Paulo Silveira Lima

Jornalista com 20 anos de experiência profissional como repórter nas principais redações de jornais do Brasil, como Gazeta Mercantil, Folha SP, Estadão e Jornal do Brasil e em cargos de coordenação, edição e direção. Formado em Jornalismo pela Caśper Líbero.

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