Por falta de políticas públicas, carros elétricos no Brasil devem ser realidade somente em 20 anos

Enquanto países como Alemanha e França fazem planos para ter frotas automotivas 100% elétricas, o Brasil ainda se mostra tímido em relação ao assunto. Além dos preços elevados de Electric Vehicles (EV) e híbridos – normalmente, acima da faixa de R$ 100 mil –, o País conta com pouquíssimos pontos de recarga até nos grandes centros urbanos. Esse fator deixa os motoristas inseguros em relação ao investimento em veículos movidos a energia elétrica.

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Confira os carros elétricos que já rodam por aí

“Os carros elétricos também são mais populares na Europa por conta das iniciativas oferecidas pelos governos, já que eles precisam bater metas de redução de CO2 até 2020. No Brasil, faltam políticas públicas para ajudar a divulgar os veículos híbridos e movidos à energia elétrica”, conta Ricardo Takahira, da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE BRASIL.

David Powels, presidente da Volkswagen no Brasil, concorda com o especialista. Durante coletiva de imprensa na fábrica de São Bernardo, ele afirmou que a falta de infraestrutura e de políticas públicas prejudicam o desenvolvimento de carros sustentáveis no País. O executivo ressaltou que, se o governo correr atrás, o cenário para os EVs começará a ficar favorável em um prazo de 15 a 20 anos.

[info_box title=”Principais problemas no Brasil”]

  • Falta de políticas públicas para incentivar a popularização de EVs
  • Falta de pontos de recarga até mesmo nas grandes capitais
  • Tamanho do País exigiria muitos eletropostos, principalmente em comparação com nações da Europa
  • Excesso de tráfego e lentidão nas cidades pode prejudicar a autonomia dos elétricos
  • Influência do agronegócio, pois a produção de etanol é muito forte no Brasil
  • Falta de leis e metas mais rígidas em relação à poluição

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Em terras tupiniquins, os proprietários de veículos movidos a eletricidade ficam isentos do pagamento do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em sete estados (Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe). Em outros três (Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro) a taxa cobrada é reduzida. Na capital paulista, os híbridos, os elétricos e os movidos a hidrogênio ainda são isentos do rodízio municipal.

“Atualmente, boa parte dos donos de EVs no Brasil são de pessoas jurídicas. O preço e os benefícios oferecidos pelo governo só compensam para motoristas que rodam muito, por exemplo, taxistas e frotistas. Isso porque a energia usada para movimentar o carro chega a ser até cinco vezes mais barata do que combustíveis como etanol e gasolina”, conta Takahira. Ele acredita que aceitação dos motoristas brasileiros vai começar pelos híbridos e depois partir para os 100% elétricos, assim como ocorreu com os carros flex na transição de gasolina para etanol.

Iniciativas ao redor do mundo
Se quiser aumentar sua frota de veículos elétricos, o Brasil pode se inspirar em ações bem sucedidas ao redor do mundo. A Alemanha, por exemplo, oferece uma ajuda financeira aos motoristas que querem comprar carros elétricos. O governo, em parceria com montadoras do país, fornece até 4 mil euros (cerca de R$ 14.800 mil) para ajudar na compra do veículo. O objetivo central é aumentar o número de EVs – chegando a meio milhão de exemplares em circulação até 2020 – e proibir os carros movidos a combustão a partir de 2030.

Na França, a população também tem incentivo fiscal para investir nos modelos movidos a eletricidade, já que as autoridades garantem até 10 mil euros (aproximadamente R$ 37  mil) para ajudar no pagamento de quem está substituindo o carro tradicional (que se locomova em áreas urbanas e tenha mais de 13 anos) por um EV. Além disso, a cidade de Paris proibiu que veículos fabricados antes de 1997 (grande maioria movidos a combustão) circulem pelas ruas em dias úteis. A medida faz parte de um projeto que busca reduzir a poluição na capital francesa.

A Noruega é um dos casos mais bem sucedidos. Desde 2008, o governo local oferece incentivos especiais aos EVs, como isenção de pedágios, estacionamentos, imposto e possibilidade de circular em faixas exclusivas de ônibus. A iniciativa deu tão certo que começou a exigir muito dinheiro dos cofres públicos. Com a tecnologia já popularizada, o país anunciou que, a partir de 2018, vai começar a reduzir as isenções de impostos para veículos elétricos. A previsão é de que em 2020 eles voltem a pagar o valor integral.

Na galeria, veja alguns modelos elétricos que já rodam por aí:

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