Videogame no carro: divertido, arriscado e pode gerar multa
Instalação do equipamento, apesar de teoricamente ser simples, exige bom investimento financeiro
Quem não consegue ficar longe do videogame mesmo quando está no carro, já tem como fazer a sua instalação no possante. Apesar de não ser um serviço tão complicado, antes de realizá-lo é preciso saber que ele exige um bom investimento financeiro e que o seu uso durante a condução pode render multas.
De acordo com Robert Oliveira da Fonseca, proprietário da Self Custom, oficina de colocação de som e acessórios automotivos, localizada em São Paulo, é possível montar o console em diversos locais do veículo. Entre eles: porta-luvas, porta-malas, na parte inferior do painel e até mesmo debaixo do banco. Mas algumas observações são necessárias antes da escolha.
Ao optar pelo porta-malas, o motorista precisa saber que o videogame correrá o risco de danificar com mais facilidade. Isso porque, ao passar por ruas esburacadas ou obstáculos mais severos, o atrito pode fazer com que o jogo – geralmente em formato de disco – “sambe” dentro dele. No painel, apesar de ser mais prático (principalmente para trocar os CDs), ele fica mais exposto e pode atrair atenção indesejada.
Já no porta-luvas o problema maior tende a ser o pouco espaço oferecido. Um Playstation 2 modelo slim (23 cm x 2,8 cm x 15,2 cm, em L x A x P) tem como ser guardado confortavelmente no compartimento, mas um Playstation 4 (27,5 cm × 5,3 cm × 30,5 cm, em L x A x P) dificilmente caberá.
Debaixo do banco do passageiro corre-se o mesmo rico que no porta-malas – o aparelho sofrerá com as trepidações. E, se for inserido dentro do assento, pode apresentar sinais de superaquecimento, pois trata-se de um espaço fechado e sem ventilação adequada.
O tempo de instalação é, em geral, rápido, mas varia de acordo com o carro. “Normalmente, leva cerca de quatro horas”, explica Fonseca. E, segundo o proprietário da Self Custom, modelos de algumas marcas (Audi, por exemplo) exigem mais trabalho por terem configurações diferentes na parte mecânica. “Não tem um veículo que seja impossível de receber o videogame, alguns são apenas mais complicados de serem adaptados”, acrescenta..
O que é preciso
Partindo da premissa de que o carro não tenha nenhum equipamento multimídia, com exceção do aparelho de som padrão, o condutor terá de abrir a carteira para transformar seu possante em uma “sala de jogos”. O principal aparato complementar que ele terá de adquirir é a tela. Ela pode ter qualquer tamanho, mas em geral, pela facilidade de implementação, a melhor opção é a de 7’’. Mas não é qualquer uma que serve, já que a peça precisa contar com entrada AV ou HDMI, dependendo do console.
Também é preciso comprar um transformador de energia. Ele será ligado na bateria do automóvel para alimentar o videogame. Para isso, será preciso converter a energia de 110/220v para 12/16v (padrão automotivo).
Quanto custa
Segundo Fonseca, o interessado terá que desembolsar pelo menos R$ 1.200 para montar a estrutura necessária (tela, cabeamento e conversor de energia) capaz de portar um videogame em seu carro. Além desse gasto, é necessário pagar a mão de obra que, na loja dele, adiciona, em média, R$ 400 na conta final. O último gasto é com o próprio reprodutor de jogos, que varia entre R$ 500 e R$ 4.000.
Riscos
Como qualquer equipamento eletrônico, o console precisa de uma fonte de energia elétrica para funcionar. Instalado em um veículo, ele passa a utilizar a bateria do próprio. De acordo com Francisco Satkunas, engenheiro mecânico e conselheiro da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), quanto maior o número de equipamentos eletrônicos no automóvel, mas a bateria será exigida.
Vale lembrar que a maioria dos modelos conta com diversos itens que já fazem uso da carga, tais como relógio, vidros elétricos, ar-condicionado, direção elétrica, rádio, travas e alarme. Então o videogame será mais um a consumir energia.
Outro problema está relacionado à legislação de trânsito brasileira. Apesar de não ter uma lei que defina propriamente que é proibido jogar videogame enquanto conduz o carro, a instalação de uma tela no painel do veículo para fins de entretenimento (GPS não conta) é vetada pelo artigo 230 Código Brasileiro de Trânsito (CTB) e prevê multa de R$ 127,69 e perda de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A solução neste caso pode ser instalar as telas nos encostos dos bancos traseiros.
Além desses, alguns outros riscos possíveis envolvem furto do aparelho se estiver em local de fácil exposição, superaquecimento se instalado em compartimento sem refrigeração adequada, e danos físicos gerados pelo contato do carro com obstáculos da pista.
Rodrigo Loureiro é repórter do site Garagem 360 e da Agência Entre Aspas. Em 2014 atuou na redação do portal UOL Esporte e também já escreveu para as editorias de tecnologia e turismo de outros portais e publicações.